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sábado, 30 de março de 2013

Detergente ou sabão?


Supondo que eu vá almoçar na sua casa. Então, ofereço-me para lavar a louça do almoço, e você me pede que eu use sabão de pedra. Eu lhe digo que com detergente é melhor, mas você insiste que eu use sabão de pedra. O que eu devo fazer?

Não preciso responder.

Mas, então me diga: por quê na Igreja você insiste em fazer as coisas COMO VOCÊ BEM ENTENDE, sem se importar com as Regras da Casa?
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Quem administra uma Paróquia é o Pároco. Ponto. Nós podemos - e devemos - ajudá-lo nas atividades litúrgicas e administrativas, mas com a humildade suficiente para compreendermos que ali existe uma autoridade que deve ser respeitada. Devemos somar com os demais, e não causar divisões.

Por sua vez, o Pároco deve prestar contas das suas ovelhas ao Bispo e a Deus. Se você acha que ele está fazendo algo errado, converse com ele. Converse COM ELE, e não com os outros, e fale o que você pensa. Mas fale com humildade, sabendo que a decisão final é dele, assim como a responsabilidade por tudo o que acontece ali, especialmente o pastoreio daquele rebanho.

Quem comanda a Igreja é o Espírito Santo. Cristo é a Cabeça a Igreja, e nós, os membros. E Maria é a Mãe da Igreja. Portanto, a Igreja não está entregue às traças. Há uma supervisão espiritual, um cuidado especialíssimo de Jesus Cristo, que a instituiu e nela está presente durante todo o tempo.

- Como o Espírito Santo pode comunicar a vontade de Deus a nosso respeito? Falando aos nossos ouvidos?
- Não. O Espírito nos fala através do seu Ungido, o Sacerdote. Saiba que na Igreja nada acontece por acaso, tudo tem o seu propósito, e não será VOCÊ quem mudará isso.

Por fim,
- se você não concorda com o que o seu Pároco faz,
- se você já falou com ele sobre isso,
- se não houve acordo,
em vez de criticá-lo para os outros, vá para outra paróquia.

Não seja motivo de discórdia e desuniões.
Não dê trabalho para Jesus.
Não seja uma pedra no sapato do seu Pároco,
- mas um braço direito onde ele possa se apoiar.

Santa Tereza D'Avila disse, em seu Livro da Vida, que, se um Padre lhe der algum conselho errado, e que você, mesmo achando um absurdo, acatar o seu conselho de coração aberto, Jesus abençoará tudo o que você fizer, só pelo fato de você ter sido OBEDIENTE a um Sacerdote, que está ali em nome de Cristo.
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quinta-feira, 21 de março de 2013

Oração pelo Papa

Ó Jesus, Rei e Senhor da Igreja: renovo, na vossa presença, a minha adesão incondicional ao vosso Vigário na terra, o Papa. Nele, quisestes mostrar o caminho seguro e certo que devemos seguir, em meio à desorientação, à inquietude e ao desassossego. Creio firmemente que, por meio dele, vós nos governais, ensinais e santificais, e que, sob o seu cajado, formamos a verdadeira Igreja: una, santa, católica e apostólica.

Concedei-me a graça de amar, viver e propagar, como filho fiel, os seus ensinamentos. Cuidai de sua vida, iluminai a sua inteligência, fortalecei o seu espírito, defendei-o das calúnias e da maldade. Aplacai os ventos erosivos da infidelidade e da desobediência, e concedei que, em torno a ele, a vossa Igreja se conserve unida, firme na fé e nas obras, e seja assim o instrumento da vossa redenção. Assim seja.

sexta-feira, 8 de março de 2013

A MORTE DE LUTERO


Lutero morreu no dia 18 de fevereiro de 1546, às 2h45 de uma quinta-feira,  numa manhã muito fria em Eisleben, cidade onde nasceu a 10 de novembro de 1483. Tinha, portanto, 63 anos de idade. Na véspera de sua morte, tomou em sua mão um giz e escreveu na parede aquele conhecido verso: “Pestis eram vivus; moriens ero mors tua, papa.” – “Em vida fui tua peste; morto, serei tua morte, ó papa.”

O cadáver ficou durante todo o dia 18 na casa do Dr. Drachstedt. No dia 19, sexta-feira, pouco depois do meio-dia, foi levado em procissão, ao toque dos sinos de todas as igrejas, para a paróquia principal de Santo André, para as últimas homenagens. Lá foi velado durante a noite por dez homens. Na tarde desse dia (19 de fevereiro), veio a ordem de que o cadáver de Lutero fosse transladado a Wittenberg. Na manhã do dia 20, antes da comitiva fúnebre  pôr-se em movimento, M. Coelius fez alocução, exaltando o Reformador, novo profeta da Igreja, narrando com detalhes todas as circunstâncias de sua morte.

Entre meio-dia e uma hora, enquanto os sinos das igrejas soavam fúnebres, uma carruagem aproximou-se da igreja de Santo André, na qual, entre cantos litúrgicos, colocaram o ataúde, e puseram-se em movimento. Algumas pessoas acompanharam o cortejo até certa altura. Dois jovens condes e outros quarenta ginetes fizeram a escolta do defunto.

O cortejo parava em quase todas as aldeias. O povo queria ver Lutero pela última vez. Chegando a Halle na mesma tarde do dia 20, depois das cinco horas, encontraram crianças de escolas com seus professores, o que obrigou o carro fúnebre a deter-se mais uma vez. O corpo foi levado até a igreja de Nossa Senhora, onde foi velado durante a noite. Na manhã seguinte, que era domingo, pelas seis horas, sob o sonoro badalar dos sinos de todas as igrejas, a comitiva retomou a viagem.

O cortejo seguiu de Halle até Bitterfeld, e dali até Kemberg, onde passaram a noite.  Por fim, no dia 22 de fevereiro de 1546, segunda-feira de manhã, teve lugar a majestosa entrada em Wittenberg, pelas 9 da manhã. O povo acorreu em massa. Prepararam solene recepção, mas, nessas alturas, era tão forte a putrefação do cadáver, apesar do rigor do inverno, que não permitiram que o caixão baixasse da carruagem. Foi então transportado diretamente até a capela do castelo de Wittenberg, onde se preparou a sepultura junto à do príncipe Frederico.

Precisamente naquele dia 22 de fevereiro – como notou Grisar – celebrava-se em todo o mundo católico a festividade da Cátedra [1] de São Pedro e, nas Basílicas de Roma, assim como nas demais igrejas da cristandade, se cantava a grande promessa de Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt 16, 18).

Do livro Martín Lutero, García-Villoslada, BAC, Madrid 1976 
Tradução: Mons. Estanislau Polakowski
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[1] Cátedra: Os antigos romanos tinham o costume de, no dia 22 de fevereiro, honrar a memória dos mortos comendo ao redor de sua cátedra – cadeira reservada ao morto para significar que estava presente no banquete. A partir do século IV, os cristãos começaram a honrar uma cátedra muito mais espiritual: a de Pedro, Chefe da Igreja de Roma.

quinta-feira, 7 de março de 2013

É possível um relativismo absoluto?


Reflexões sobre o atual ateísmo relativista

Em um texto anterior[i] (veja neste blog), nos perguntávamos se fosse possível conciliar o relativismo e o ateísmo. E víamos que, segundo três famosos ateus (Nietzsche, Adorno e Horkheimer) o ateísmo, ao negar a origem do conhecimento e ao tomar como verdade a inexistência de Deus, cai numa contradição insuperável[ii]. De fato, quem nega a existência da verdade, não poderia coerentemente afirmar que Deus não existe. Entretanto, sabemos que há quem se esforce muito por conciliar relativismo e ateísmo, colocando um ateísmo indiscutível e dogmático como fundamento do relativismo e construindo um sistema de pensamento no qual se parte da negação de Deus e, a partir dessa verdade quase “divina”, afirma-se um relativismo moral e cognitivo radical.

Um pensador que colocou em íntima relação o ateísmo com o tema da verdade foi F. Nietzsche, autor que se considerava «ateu por instinto». De fato, seu ateísmo voluntarista tinha como consequência a afirmação de um forte relativismo e a verdade era considerada como «um exército de metáforas, metonímias», «ilusões das quais se esqueceu a sua natureza ilusória», «moedas nas quais as imagens foram consumidas»[iii]. Em outro texto famoso, ele fazia uma interessante observação: «receio que não possamos nunca afastar-nos de Deus porque ainda acreditamos na Gramática»[iv]. Desse modo, o ateísmo radical deveria conduzir a uma sociedade sem ciências, sem explicações últimas, na qual o homem só seria capaz de conhecer seus próprios estados de ânimo. Porém, tudo isso parte de uma afirmação com valor de verdade absoluta: «Deus morreu, Deus continua morto, nós o matamos»[v]. O “teomicídio” seria, pois, o ato supremo de uma vontade que busca uma autonomia absoluta, e não de uma demonstração racional. E aquele gesto traria consigo um relativismo radical, mas não certamente absoluto.

É certo que hoje muitos pensam que o relativismo seja o fundamento do ateísmo, mas isso se deve a um modo superficial de examinar o problema. Se o relativismo é total, se não há nenhuma verdade, jamais pode ser verdade que Deus não exista. De modo que, surpreendentemente, o ateísmo mesmo coloca limites ao relativismo. Em outras palavras, pode existir um ateísmo relativista, ou seja, um ateísmo a partir do qual se deduz o relativismo, mas não um relativismo ateu.

Então, é impossível um relativismo absoluto? Coloquemos de outro modo a questão: pode ser verdade que não existe nenhuma verdade? Só há duas respostas possíveis: “sim, é verdade que não existe nenhuma verdade”. Ora, quem diz isso, assume, talvez inconscientemente, que há alguma verdade; e se alguém disser “não, não pode ser verdade que não exista a verdade”, certamente estaria usando melhor a sua razão e teria encontrado a resposta lógica. De modo que, com uma resposta ou outra, a conclusão é sempre a mesma: não pode existir um “relativismo absoluto”, a verdade sempre faz parte do nosso pensamento e discurso.

A consequência disso é, que por incrível que pareça, o relativismo só pode ser relativo, uma vez que só pode ser parcial. Isso porque é sempre necessário aceitar que há alguma verdade, que algo pode ser conhecido. Certo tipo de relativismo pode ser aceito para as opiniões, que são afirmações de algo pouco fundamentado, de modo quando se opina se há receio de que a afirmação contrária seja a verdadeira. Mas nem tudo na nossa comunicação é simples opinião.

Aristóteles dizia que como a verdade é uma realidade primeira do nosso pensamento, quem nega a verdade, afirma a verdade. Ou seja, quem nega que ela exista, sabe já o que ela seja e supõe que é verdade a sua não existência, o que é uma contradição em termos. Outro modo de fugir ao compromisso com a verdade seria assumir a posição cética, ou seja, aquela postura de certos pensadores que dizem não ser possível nem afirmar, nem negar a verdade. Quem assume essa posição, certamente se livra da linguagem e da “Gramática”, mas isso traz consigo uma consequência nefasta: não negar nem afirmar algo, faz o ser humano se tornar semelhante a uma planta, com quem não é educado discutir.

O relativismo só pode, pois, ser relativo, ou seja, só pode ser aplicado a algumas afirmações e nunca a todas. A verdade não pode jamais ser excluída da vida e da linguagem humana, a menos que alguém se conforme em viver como uma planta. F. Nietzsche só pôde dizer que a verdade é «um exército de metáforas», uma «ilusão», uma moeda sem valor porque sabia perfeitamente o que é uma metáfora, uma ilusão, uma moeda com valor. Negar a verdade implica sempre aceitar a verdade, assim como negar Deus implica pressupor a sua existência.
Então, temos que colocar agora a incômoda questão: afinal de contas, o que é a verdade? Platão dizia que «verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são, falso o que diz como as coisas não são»[vi]. E Aristóteles afirmou algo tão simples quanto essencial: «Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade»[vii]. A verdade se dá quando o nosso discurso expressa o que as coisas realmente são.

Em que sentido então pode ser aceito o relativismo? Já iniciamos aqui a resposta, mas a aprofundaremos numa outra ocasião. O que importa agora é deixar clara a conclusão a que chegamos: o relativismo não pode ser absoluto, só pode ser, por incrível que pareça, relativo.

Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.
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[ii] M. HORKHEIMER e Th.ADORNO, Dialettica dell’illuminismo, Einaudi, Torino 1966, p. 125: «Percebemos “que também os não conhecedores de hoje, nós, ateus e antimetafísicos, alimentamos ainda o nosso fogo no incêndio de uma fé antiga dois milênios, aquela fé cristã que era já a fé de Platão: ser Deus a verdade e a verdade divina”. Sendo assim, a ciência cai na crítica feita à metafísica. A negação de Deus implica em si uma contradição insuperável, enquanto nega o saber mesmo».
[iii] Cfr. F. NIETZSCHE, Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, ed. Hedra, São Paulo 2007.
[iv] Cfr. IdemCrepúsculo dos Ídolos, ed. Companhia das Letras, São Paulo 2006.
[v] IdemA Gaia ciência, ed. Hemus, Curitiba 2002, p. 134.
[vi] PLATÃO, Crátilo 385 b; cfr. também Sofista, 262 e
[vii] ARISTÓTELES, Metafísica, IV, 7, 1011 b 26 e segs.
(28 de Janeiro de 2013) © Innovative Media Inc.


O Ateísmo é uma escolha racional?


Três famosos ateus respondem


A pergunta que colocamos aqui deve ser bem entendida: não perguntamos se os ateus são racionais, coisa que seria absurda; nem mesmo perguntamos se os ateus são inferiores aos teístas, ou se a crença em Deus “não necessariamente torna uma pessoa melhor”, como apareceu numa recente pesquisa no Brasil[1]. O que questionamos agora é se o ateísmo, como sistema de pensamento, seja coerente. Mais precisamente, nos perguntamos se é sensato afirmar a não existência de Deus e contemporaneamente o relativismo. Poderia ser verdade que não haja nenhuma verdade e, ao mesmo tempo, ser verdade que Deus não existe?

Talvez haja quem pense que a questão aqui proposta seja absurda. E pode vir à mente do leitor a recordação do jovem Ivan, personagem de Irmãos Karamázov, que defendia que se Deus e as religiões não existissem, tudo passaria a estar permitido. Aquele personagem manifestava assim o desejo de uma liberação: ao livrar-se da crença em Deus, o homem ficaria livre de todo dogmatismo, tanto teórico, quanto moral. A negação de Deus traria o fim da “lei natural” e do dever de amar o mundo e ao próximo. A mesma liberação quis experimentar F. Nietzsche ao declarar a morte de Deus, ou melhor, ao dizer que os homens o haviam assassinado. De modo que para eles a negação ou “morte” de Deus não estaria fundamentada no relativismo, mas seria a origem mesma do relativismo. A afirmação da não existência de Deus seria uma escolha, algo indiscutível e impossível de ser demonstrado a partir de verdades anteriores. E aceitá-lo seria assumir a crença num novo dogma que faria desmoronar todos os demais dogmas. O ateísmo fundaria assim o relativismo na moral e no conhecimento humano.

Embora isso seja claro, é comum pensar que o relativismo funde o ateísmo; que as pessoas que não aceitam Deus, fazem-no porque não querem aceitar a existência da verdade, à qual deveriam se submeter. Isso é um absurdo. O ateísmo parte de uma afirmação que tem valor de verdade absoluta: Deus não existe. Se essa afirmação não fosse tomada pelos ateus como verdade, eles simplesmente deixariam de ser ateus. O relativismo para eles se dá somente nas “verdades” inferiores e todos deveriam se submeter ao imperativo único da nova moral: é proibido estabelecer regras morais.

O interessante é que F. Nietzsche e outros conhecidos filósofos ateus reconheceram que afirmar o relativismo cognoscitivo e o ateísmo é, em si mesmo, contraditório. O motivo seria que o relativismo implica a afirmação da não existência de verdades absolutas; mas isso se funda, por sua vez, numa verdade absoluta: a não existência de Deus.

Sendo assim, a afirmação da não existência de Deus implica a afirmação da sua existência. Outros pensadores ateus que perceberam bem as contradições do ateísmo contemporâneo foram M. Horkheimer e Th. Adorno. De fato, eles diziam numa obra conjunta, A Dialética do Iluminismo, citando a Nietzsche: «Percebemos “que também os não conhecedores de hoje, nós, ateus e antimetafísicos, alimentamos ainda o nosso fogo no incêndio de uma fé antiga dois milênios, aquela fé cristã que era já a fé de Platão: ser Deus a verdade e a verdade divina”. Sendo assim, a ciência cai na crítica feita à metafísica. A negação de Deus implica em si uma contradição insuperável, enquanto nega o saber mesmo»[2].

Esses autores, ateus e relativistas, que se reconhecem como “não conhecedores e antimetafísicos” alimentam a verdade de sua fé ateia naquela cristã, já presente em Platão: a fé na existência da verdade divina. De modo que só pode afirmar a não existência de Deus, quem aceita que há uma verdade absoluta, divina. Em outras palavras, só pode negar a Deus quem previamente o afirma. Por isso, o ateísmo, ao negar a Deus e a verdade das coisas (que é sempre relativa ao sujeito que a conhece e é progressiva), reivindica para si mesmo o caráter absoluto, próprio do mesmo Deus[3], estabelecendo assim um novo dogmatismo. Portanto, o ateísmo não existe; nada mais é do que uma espécie de idolatria que consiste no colocar-se a si mesmo e as próprias convicções pessoais, por mais contraditórias que possam ser, no lugar de Deus, o único que garante toda a verdade. 
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Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.
[1] Fonte: 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1206138-tendencia-conservadora-e-forte-no-pais-diz-datafolha.shtml
[2] Cfr. F. NIETZSCHE, La gaia scienza, Mondadori, Milano 1971, p. 197; M. HORKHEIMER e Th.ADORNO, Dialettica dell’illuminismo, Einaudi, Torino 1966, p. 125.
[3] Para a elaboração do presente texto me foram úteis as reflexões presentes em: U. GALEAZZI, Il coraggio della ragione. Tommaso d’Aquino e l’odierno dibatitto filosofico, Armando, Roma 2012, pp. 22-38.

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terça-feira, 5 de março de 2013

Os perigos do relativismo moral

Por Raquel Nascimento Pereira


É impressionante como que de repente as pessoas mudaram seu conceito acerca da família, do ensino, dos relacionamentos afetivos, do ser homem e ser mulher, da infância, do certo e do errado, do bem e do mal. Digo "de repente" porque muita gente num tempo muito curto. Na verdade, esse conceito moral fora dos padrões é aquela tendência que todos nós temos para o mal. Se nós, que somos cristãos, lutamos contra as tentações todos os dias, imaginem aquelas pessoas que se abrem para as investidas maléficas do relativismo moral. Isso entra dentro delas como um vírus, que as contamina por dentro até o âmago, e vai contagiando a todos os que estão por perto. O que temos hoje são legiões de pessoas com este mesmo pensamento, a favor das mesmas posições morais e reivindicando um direito que até pouco tempo não existia, como, por exemplo, o de abortar.
É impressionante também como nós cristãos não nos demos conta dessas mudanças sociais. Preocupados com a nossa vida particular, não vimos o tamanho da onda de perversidade que se insurgia contra nossas famílias. Hoje já vemos, mas temos medo. Perplexos, ficamos calados assistindo a decadência da sociedade, até o dia em que esse novo paradigma invadir os nossos lares com sua violência e desrespeito, destruindo os nossos pilares de moral e retidão, o que já acontece silenciosamente através da TV e Internet. Sinal de que nossos pilares não eram assim tão bem fundamentados como pensávamos.
O estrago social é gigante e já se espalhou em todos os espaços públicos e privados. Só mesmo uma intervenção divina para que as coisas voltem ao seu devido lugar, porque os cristãos são tímidos para reagir, isso quando não caem nas armadilhas do inimigo e se deixam envolver em suas ciladas, como é o caso dos católicos que fazem uso regular da camisinha e da pílula do dia seguinte. Vejam como é fácil se deixar levar!  Já disse Jesus: “- Quando eu voltar, será que encontrarei FÉ sobre esta terra?”
Se é assim, se a nossa fé ainda é morna e sujeita aos bons ou maus fluídos da vida, procuremos o retorno à Casa. A Quaresma é para isso: CONVERSÃO. E assim, caminhando com firmeza na fé, procuremos dar o nosso testemunho e buscar a santidade, que significa a opção pela verdade, custe o que custar. Escolher a verdade é escolher a Cristo: “EU sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, e seguir seus mandamentos à risca, com determinação, sem se importar em ser ridicularizado. Jesus Cristo também foi zombado, e devemos seguir todos os seus passos, se quisermos ser santos. Lá na frente, essa revolução social terá passado e deixado seu rastro de tragédias humanas, e então todos poderão mensurar  o seu resultado na diferença entre a vida dos cristãos e dos não-cristãos, quando observarem que tipo de frutos cada um estará colhendo.
HOJE é o tempo favorável. HOJE é o dia da salvação. Nesta Quaresma, preparemos em nossos corações uma terra boa, plantemos ali as sementes de paz e de observância ao Evangelho de Jesus Cristo e sigamos o nosso Mestre com passos firmes e decididos, sem nos desviar nem para a esquerda, nem para a direita, mas com o olhar fixo na Luz do Cristo que ilumina todos os povos e traz a verdadeira paz. E deixemos que o relativismo relativize a si mesmo.