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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A MULHER CATÓLICA


(por Raquel Nascimento Pereira)

Uma mulher católica é diferente de todas as demais. Por quê? Porque todos os dias ela se aprofunda para dentro de si mesma. Não tem medo de descobrir a pessoa que é, de reconhecer as suas limitações e de buscar um aperfeiçoamento interior, sempre com o auxílio da Graça. Sabe que foi chamada à perfeição, porque Jesus disse: “Sede santos, como eu sou santo.” Assim, ela conta com a graça divina para auxiliá-la na sua vocação à santidade. 

- Uma mulher católica não mente.
Ela conhece a Verdade e sabe que a Verdade penetra a sua alma. Ela teme a Deus, com aquele temor amoroso, de quem quer agradar ao seu Senhor o tempo todo. Ela sabe que Deus tudo vê, e que Lhe deve satisfações.

- Uma mulher católica não se importa em ser julgada injustamente.
Quando isso acontece, ela se lembra do Cristo Crucificado, que foi julgado, condenado e morto na Cruz, sem ter cometido nenhuma falta. Ela olha para o Cristo na Cruz, e se alegra de estar sofrendo um pouquinho como ele.

- Uma mulher católica não trai.
Ela ama o seu esposo como a Igreja ama o Cristo. Ela se dedica à ordem da casa e orienta seus filhos da mesma maneira que a Igreja se dedica à ordem dos fiéis, orientando-os no caminho da salvação.

- Uma mulher católica não chora à toa.
Ela sabe que todas as coisas concorrem para o bem dos que amam o Senhor. Por isso, aceita tudo com alegria e paz. A mulher católica chora somente em três situações: de emoção, quando vê a ação criadora de Deus atuar na sua vida de Mãe; pelos pecados, seus e dos outros, que tanto desagradam ao seu Senhor; e quando contempla o Cristo crucificado, o seu Deus ali, na Cruz, sofrendo pelos pecados da humanidade.

- Uma mulher católica não ri à toa.
Ela sabe que a humanidade está mergulhada do pecado, e que Deus chora ao ver seus filhos desfigurando suas almas em assassinatos, roubos, farras, bebedeiras, adultérios - as falsas alegrias que tentam preencher os corações vazios. Ela olha o mundo com os olhos de Deus, e se entristece em ver tanta solidão, abandono e sofrimento. Porém, a mulher católica também não é séria. É serena, e seu semblante é suave, porque confia na Misericórdia Divina.

- Uma mulher católica não tem medos.
Ela não teme a fome, a sede, os assaltos, as tragédias, porque ela confia que "o Anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem, e os salva." Ela não teme sequer a morte. Pelo contrário, ela sabe que a morte é o encontro definitivo da criatura com o Criador, em felicidade e paz pela eternidade adentro. É o que ela mais deseja, para si e para os seus: a salvação eterna!

- Uma mulher católica sabe viver na simplicidade.
Ela vê o Menino Jesus no presépio, tão pequenino e tão frágil, o seu Deus que repousa numa manjedoura de palha. José e Maria nada tinham, mas nada lhes faltava: tinham Tudo. Uma mulher católica sabe prover as necessidades de sua família, e com qualquer punhado de farinha, faz o pão da partilha. Ela se veste com simplicidade, e seu porte é delicado. Vive como se não vivesse; compra como se não comprasse; come como se não comesse. É prudente e dedicada, assim como Maria, a humilde serva do Senhor.

- Uma mulher católica não reclama.
Mesmo nos dias difíceis, mesmo na pobreza ou na doença, ela aceita tudo e sofre tudo por amor a Jesus Cristo. Ela aceita os sofrimentos e oferece suas dores, tristezas e sacrifícios pelos seus pecados e pela conversão dos pecadores, assim como Cristo se ofereceu na Cruz pelos pecados de toda a humanidade.

- Uma mulher católica não ofende.
Ela é doce e suave. Educa os seus filhos com firmeza, porque tem consciência clara do certo e do errado. Assim, sabe orientá-los para o amor a Deus e aos irmãos, corrigindo-os com brandura.

- Uma mulher católica não guarda ressentimentos.
Ela compreende as fraquezas das outras pessoas, porque também possui as suas próprias fraquezas. Por isso, reza pelas pessoas que a ofendem, e as perdoa.

- Uma mulher católica é corajosa.
Ela conhece todos os passos de Jesus no caminho do Calvário. Tem sempre na lembrança aquela frase: "Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice... mas não se faça a minha vontade, e sim, a tua!"  A mulher católica também vê a serenidade de Maria, que acompanha Jesus em todos os seus flagelos. Vê que Ela se mantém em pé, com a cabeça erguida, em sagrado silêncio, nos pés da Cruz, até o fim. Por isso, a mulher católica avança sem medo por qualquer caminho. Supera o sono, o cansaço, o desânimo, os desertos espirituais, sempre na certeza de "estar fazendo a vontade do Pai".

- Uma mulher católica vive na contemplação de Maria, a Mãe de Jesus. 
Copia-lhe o silêncio, a discrição, a vida de oração, a pureza das intenções, a suavidade nas palavras, a dedicação aos que necessitam de seu auxílio. A mulher católica, à imitação de Maria, tudo ouve, tudo vê, e guarda tudo no seu coração.



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O que são "Obras de Misericórdia Corporais e Espirituais"?


do Catecismo da Igreja Católica

Significação e gêneros das obras de misericórdia
As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. São elas:


Obras de Misericórdia Corporais
1-Dar de comer a quem tem fome;
2-Dar de beber a quem tem sede;
3-Vestir os nus;
4-Visitar os doentes;
5-Visitar os presos;
6-Acolher os peregrinos;
7-Enterrar os mortos.

Obras de Misericórdia Espirituais
1-Dar bom conselho;
2-Corrigir os que erram;
3-Ensinar os ignorantes;
4-Suportar com paciência as fraquezas do próximo;
5-Consolar os aflitos;
6-Perdoar os que nos ofenderam;
7-Rezar pelos vivos e pelos mortos.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A EXPERIÊNCIA DESPREZADA


(por Carlos Ramalhete/Gazeta do Povo)
Duas notáveis mudanças sociais do século 20 criaram um problema de que poucos se dão conta. A primeira delas foi o culto à juventude, iniciado no princípio do século. Enquanto em qualquer sociedade pacífica os idosos são considerados repositórios vivos da sabedoria e conhecimento, na nossa eles passaram a ser vistos com desprezo. Hoje muitas senhoras se vestem e se comportam como se tivessem 20 anos de idade, em vã tentativa de escapar a uma velhice percebida como maldição, não como troféu.
Paradoxalmente, o desenvolvimento médico aumentou tremendamente a expectativa de vida da população. Hoje é relativamente normal que se passe dos 80 anos de idade, e pessoas de 60 anos de idade frequentemente têm pais vivos.
Sem o respeito tradicional aos idosos, contudo, estas décadas a mais de vida acabam se tornando um problema social. Aqueles que deveriam estar guiando, com sua sabedoria e experiência, os esforços dos mais jovens são tratados como incapazes. Até mesmo os esforços bem-intencionados para ajudá-los muitas vezes os colocam em uma posição passiva; nas “creches” para idosos, que a necessidade torna mais e mais comuns, raramente alguém se dá o trabalho de ouvi-los. Peças de teatro lhes são apresentadas, histórias lhes são contadas, livros lhes são emprestados, mas o idoso continua sendo tratado como objeto, não como sujeito vivo de sua própria história.
A sabedoria de quem viu e viveu o que os mais jovens ainda enfrentarão é desprezada, e os macacos novos, sem ter quem os guie, botam a mão em todas as cumbucas que veem.
A história da cidade, do estado, do país e do mundo é deixada de lado e esquecida; enquanto as testemunhas oculares definham esquecidas, sendo entretidas como se fossem crianças pequenas ou afastadas como um estorvo, os jovens pesquisadores se debruçam sobre documentos escritos, ignorando seus autores.
Desfazer a transformação ocorrida há quase cem anos é impossível, mesmo por ela ter sido assumida pelos próprios idosos; quem era jovem nos anos 1930 já considerava a força da juventude superior à experiência da idade. É, contudo, possível tentar evitar que toda esta sabedoria se perca. É possível criar programas que incentivem os mais jovens a aprender aos pés desses tantos idosos que hoje são deixados de lado. Os professores podem pedir aos alunos que os entrevistem; os pesquisadores podem e devem ir a eles e ouvi-los.
Temos um tesouro oculto definhando em silêncio. Ouçamos a voz da experiência, para que não repitamos os erros do passado.

Ilusões

(por Raquel Nascimento Pereira)


Quando você pensa que é, mas tem uma forte impressão de que pode não ser.
Então você se convence de que não é, e desiste.
- A coisa toma forma bem à sua frente, como se tivesse sido o tempo todo, 
e só você não via.

Quando você pensa que não é, mas tem uma forte impressão de que pode ser.
Então você se convence de que sempre foi, e se empolga.
- A coisa se desmonta bem à sua frente, como se nunca tivesse sido, 
e só você se iludia. 
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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Alguns conselhos para aqueles que genuinamente querem ajudar os pobres


por Hans F. Sennholz

Se você está preocupado com a 'justiça social' e quer genuinamente ajudar os pobres a subir na vida de maneira permanente e independente, há alguns procedimentos que você pode seguir.
Sua primeira e imprescindível obrigação para com os pobres é: não se torne um deles e não faça com que outros se tornem um deles.  Será muito mais difícil ajudar pessoas pobres se você ou seu vizinho se tornar pobre.  Assim como você não deve se tornar pobre, você também não deve defender políticas que levem ao empobrecimento de ricos na crença de que isso levará ao enriquecimento dos pobres.  Para o pobre, não interessa se foi você ou o seu vizinho que empobreceu por meio de medidas do governo; a situação dele não melhorará.  Um rico empobrecido não cria um pobre enriquecido.  A economia não é um jogo de soma zero.
Não sendo pobre, você tem uma escolha: você pode dar o peixe para os pobres comerem ou você pode lhes arrumar um emprego e ensiná-los a pescar o peixe por conta própria — isto é, ensiná-los a serem seres humanos produtivos.
O que nos leva à sua segunda obrigação: se você quer ensinar os pobres a serem independentes e capazes de se auto-ajudar, comece dando o exemplo ainda dentro de sua própria casa.  Crie seus filhos de maneira austera.  Filhos independentes e não-mimados se tornam mais produtivos, mais solícitos, mais realistas e menos propensos a roubar ou a ser desonestos.  No futuro, seu filho poderá servir de exemplo comportamental para aquelas pessoas que você está preocupado em ajudar.
Dado que todos vivemos no mesmo planeta (e não há como fugir dele — vivos), todos enfrentamos o mesmo problema sobre como alocar recursos escassos da maneira mais eficiente possível do modo a satisfazer desejos cada vez maiores (já são quase 7 bilhões de pessoas na terra).  Há duas maneiras de se alocar recursos: 1) por meio da força, ou seja, por meio de decretos e coerções governamentais; ou 2) voluntariamente, por meio do sistema de preços fornecido pelo mercado.
Esta segunda maneira é mais duradoura e, logo, preferível para ser adotada com o intuito de sustentar a vida de um enorme número de pessoas.  Por isso, é também sua obrigação explicar às pessoas — principalmente aos seus amigos igualmente sedentos por 'justiça social' — como funciona uma economia de mercado e por que apenas ela pode criar a maior quantidade possível de bens e serviços para os mais pobres, melhorando seu padrão de vida.  Todo e qualquer sistema econômico socialista sempre culmina em escassez e em racionamento de recursos, exatamente o contrário do que você quer para os mais pobres.
Sua terceira obrigação para com os pobres é dar bons exemplos, de modo que eles se sintam estimulados a emular seu sucesso.  Não minta, não roube, não trapaceie e não tome dinheiro das pessoas, tampouco utilize o governo para fazer isso por você.  Não enriqueça por meio de políticas governamentais.  Não aceite dinheiro nem privilégios do governo — dado que o governo nada cria, tudo o que ele lhe dá foi adquirido coercivamente de terceiros (na esmagadora maioria dos casos, contra a vontade de seus legítimos proprietários), uma medida que gera apenas ressentimento destes pagadores de impostos.  Uma civilização que é erigida sobre o roubo e sobre privilégios não pode ser duradoura.  Dê o exemplo não contribuindo para o perpetuamento deste arranjo.
Em um futuro muito próximo, será cada vez mais difícil para um indivíduo preservar sua riqueza.  Governos falidos ao redor do mundo — consequência econômica inevitável de estados assistencialistas e inchados — estarão sedentos para confiscar quaisquer ativos remanescentes em uma desesperada tentativa de prolongar sua sobrevivência (mas sempre em nome do "bem público").  Os direitos individuais serão abolidos em nome do 'bem comum' e várias leis serão criadas com o intuito de tornar ilegal qualquer medida que vise a proteger a riqueza dos indivíduos mais ricos — e aí sim veremos uma verdadeira caça às bruxas.
Algumas pessoas acreditam que poderão evitar problemas caso voluntariamente entreguem seu dinheiro para o governo (ou peçam para que o governo o tribute).  Pode ser, mas o fato é que durante a hiperinflação da França nos anos 1790, os ricos que não fugiram foram decapitados.  Talvez a França tenha sido um caso extremo, mas a história mostra que sempre que os ricos foram pilhados por políticos populistas, os resultados não foram bonitos.  Portanto, não empreste sua retórica e nem dê seu apoio a políticos ou movimentos políticos que defendam o confisco direto da riqueza dos mais ricos.  Além de os pobres nunca terem sido beneficiados por tais medidas (algo economicamente impossível), você estará apenas aumentando o número de pobres.
Portanto, sua quarta obrigação para com os pobres é assegurar parte da sua riqueza para as gerações futuras.  Dado que você genuinamente quer ajudar os pobres, acumule o máximo possível de ativos, trabalhe bastante e produza muita riqueza durante seu tempo de vida.  Ao produzir riqueza, você não apenas estará empregando pessoas e enriquecendo-as também, como estará produzindo para toda a humanidade uma maior quantidade de bens e serviços.  É assim que você fará com que as pessoas subam na vida.
Caso prefira o assistencialismo puro, você também tem a opção de distribuir toda a sua riqueza quando se aposentar ou quando morrer.  Quanto mais riqueza você produzir, mais você poderá distribuir.  Você tem liberdade de escolha.  Em vez de folgadamente defender o esbulho da riqueza alheia, crie você próprio a sua riqueza e então a distribua para os pobres — ou, melhor ainda, empregue-os neste processo de criação de riqueza.
Durante este processo, você terá de saber manter seus ativos a salvo do perigo, evitando que sejam confiscados pelo governo ou que simplesmente sejam esbanjados e dissipados.  É neste quesito que você terá seus maiores problemas, muito embora várias famílias já tenham demonstrado ser possível manter sua riqueza ao longo de gerações.  Sua riqueza provavelmente estará na forma de ativos produtivos que são difíceis de serem movidos de um país para o outro.  Isso tornará mais difícil se proteger do governo doméstico, que estará ávido para confiscar sua riqueza quando ele precisar do dinheiro.  Conclusão: você terá de diversificar seus ativos ao redor do mundo, de modo que, quando o governo de um país se tornar muito ganancioso (sempre para ajudar os pobres), você terá outra base de operações da qual operar.  Isso irá garantir que você se mantenha fiel à sua primeira obrigação para com os pobres.  Quem disse que é fácil concorrer com o amor do governo pelos pobres?
Caso continue preferindo ensinar a pescar em vez de dar o peixe, sua quinta e última obrigação para com os pobres é legar em herança sua riqueza para alguém (ou para um grupo de pessoas) que irá dar continuidade ao seu trabalho de fazer deste mundo um lugar melhor para os pobres viverem, com uma maior produtividade e uma mais eficiente alocação de ativos.  Esta poderá ser a tarefa mais difícil de todas.
Ser caridoso com a riqueza dos outros é uma delícia.  Arregaçar as mangas e produzir por conta própria aquilo que você quer ver distribuído já é um pouco mais trabalhoso.  Mas seu amor genuíno aos pobres servirá de estímulo todas as manhãs.  Boa sorte!
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Hans F. Sennholz  (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos.  Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou.  Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997.  Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.
Tradução: Leandro Roque