Pesquisar neste blog

sábado, 28 de dezembro de 2013

Ex-campeão do aborto se converte após sonho com Santo Tomás

Madrid, Espanha, (CNA) -. O jornal espanhol “La Razón” publicou um artigo sobre a conversão ao movimento pró-vida de um ex-”campeão do aborto.” Stojan Adasevic, que realizou 48.000 abortos, às vezes chegando ao número de até 35 abortos por dia, é agora o mais importante líder pró-vida na Sérvia, após 26 anos como o médico mais renomado do aborto no país.
Segundo Adasevic “Os manuais de medicina do regime Comunista diziam que o aborto era apenas a remoção de uma mancha de tecido”, e “a chegada dos aparelhos de ultra-som que permitiam a visão da vida fetal chegaram apenas depois dos anos 80, mas mesmo depois eles se recusaram a mudar aquela opinião histórica. Contudo, eu comecei a ter pesadelos”.
Ao descrever sua conversão histórica,o artigo relata o sonho de Adasevic:
“Sonhei com um belo campo cheio de crianças e jovens que estavam brincando e rindo, de 4 a 24 anos de idade, mas que fugiam de mim com medo. Foi então quando um homem vestido com um hábito preto e branco começou a olhar pra mim, em silêncio. Este sonho foi se repetindo a cada noite, ao que eu acordava suando frio. Uma noite, eu perguntei ao homem de preto e branco quem ele era. “Meu nome é Tomás de Aquino”.
Adasevic, educado em escolas comunistas, nunca tinha ouvido falar do santo e gênio Dominicano. “Eu não reconheci o nome”.
“Por que você não me pergunta quem são essas crianças?”, questionou o santo a Adasevic em seu sonho.
“Eles são aqueles que você matou com seus abortamentos”, São Tomás afirmou a ele.
“Então Adasevic acordou impressionado e decidiu não realizar abortos nunca mais”.
“Naquele mesmo dia um primo veio até o hospital com sua namorada, grávida de 4 meses, que gostaria de realizar nela o seu nono aborto – um hábito bem frequente nos países do bloco soviético. O médico concordou. Ao invés de remover o feto pedaço por pedaço, ele decidiu desmontá-lo e removê-lo como uma massa única. Contudo, no momento em que o feto foi totalmente destruído e retirado, seu coração pequeno ainda batia. Adasevic percebeu isso, e se deu conta de que tinha acabado de matar um ser humano”.
Após essa experiência, Adasevic “disse ao hospital que ele deixaria de fazer abortos. Nunca antes um médico na Iugoslávia comunista havia se recusado a fazer abortos. Então eles cortaram seu salário pela metade, demitiram sua filha de seu emprego, e impediram seu filho de ingressar na universidade”.
Depois de anos de pressão e sofrimento, e quase a ponto de voltar ao antigo hábito de fazer abortos, ele teve um outro sonho com Santo Tomás.
“Você é um bom amigo, não desista”, lhe disse o homem de preto e branco. Adasevic buscou se envolver com o movimento pró-vida e por fim acabou conseguindo o feito de exibir na TV da Iugoslávia o filme “O Grito Silencioso” do Dr. Bernard Nathanson, duas vezes.
Adasevic já contou a sua história em diversos jornais e revistas do leste europeu. Ele voltou a fé ortodoxa, que viveu durante sua infância, voltou sua atenção aos escritos de São Tomás de Aquino.
“Influenciado por Aristóteles,e devido o pouco conhecimento científico da época, Tomás chegou a acreditar que a vida humana começava quarenta dias após a fertilização”, escreveu Adasevic em um artigo. O jornal La Razon comentou que Adasevic “sugere que talvez o santo lhe apareceu em sonho porque queria fazer as pazes para esse equívoco.” Hoje o médico sérvio continua a lutar pela vida dos nascituros.
Fonte: ocampones.com

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

BLOOD MONEY - Aborto Legalizado (filme completo e dublado)

Você provavelmente não verá esse filme num comercial de TV. Muito menos num anúncio de jornal. É que ele fala sobre um assunto não muito "politicamente correto" para os dias de hoje. Ele fala sobre o aborto. Blood Money, uma produção norte-americana, dirigida por David Kyle e apresentada pela ativista do movimento de negros dos EUA, Alveda King - sobrinha de Martin Luther King Jr. -, denuncia a máquina de lucros em que se transformou a indústria abortista nos Estados Unidos, desde que a infame lei Roe vs. Wade foi aprovada. O documentário chegou às salas de cinema de todo o Brasil no próximo dia 15 de novembro.
"Blood Money - Aborto legalizado" é mais uma vitória contra a cultura da morte. O mercado negro do aborto vem perdendo fôlego mundo afora, e agora muito mais, graças ao empenho do movimento pró-vida. Como registrado aqui, os Estados Unidos assistiram, no início deste ano, à maior Marcha pela vida da história daquele país. 650 mil pessoas, na sua maioria jovens, reuniram-se na frente da Corte Suprema americana, a apenas poucos dias da posse de Obama - paladino dos abortistas -, para dizer um rotundo "não" à ideologia do aborto. Na ocasião, o então papa reinante, Bento XVI, expressou seus sentimentos pelo Twitter, dizendo: "Uno-me à distância a todos os que se manifestam pela vida, e rezo para que os políticos protejam ao não-nascido e promovam a cultura da vida".
E por que perde a causa abortista? Porque mente! A cultura da morte é mentirosa desde o princípio. Mente quando nega ao nascituro o direito inalienável à vida, rebaixando-o ao nível de um sub-humano ou célula cancerígena. Mente quando manipula os números de casos de aborto, criando a impressão de que se trata de um "caso de saúde pública". E mente quando ensina à mulher que ela será livre mantando seu bebê. É óbvio que uma farsa dessa proporção, mais cedo ou mais tarde, tem de cair. O mote da campanha pró-aborto não é só um atentado contra a vida inocente, é um atentado contra toda a humanidade. Uma sociedade que começa matando seus filhos termina matando a si mesma.
Por mais que se façam malabarismos para distorcer o sentido desta palavra, o fato é que o aborto se trata, sim!, de um assassinato. Isso é inegável. Com efeito, o silêncio da mídia, ou então, a sua propaganda descarada a favor dessa ideologia traduzem claramente a cegueira e a desonestidade que imperam nas redações jornalísticas. Historicamente, as grandes ditaduras do último século contaram com o expresso apoio dos jornais, ora sacralizando seus líderes, ora fechando os olhos para seus crimes. O caso agora em debate, ou seja, o aborto, ajuda a ilustrar que o perigo das ideologias ainda não é um assunto superado.
O povo deve ir aos cinemas. Contra a mentira da indústria abortista, contra o silêncio da mídia, contra o avanço da cultura da morte: fazer de Blood Money um sucesso não é só um dever, é um ato heroico. Sim, pois, num momento em que se instala no ordenamento jurídico brasileiro um vírus de "Cavalo de Tróia" - a lei 12.845, que abre uma verdadeira auto-estrada para o aborto no Brasil -, é tarefa de todos lembrar àquelas pessoas de Brasília que elas não são deuses e que, portanto, estão lá para servir, não para ditar regras contrárias à dignidade do ser humano.
É uma questão de consciência, muito mais que de religião. Assistam a Blood Money!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A IGREJA DO DIABO

Conto de Machado de Assis

______________________

I De uma idéia mirífica

Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a idéia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.

— Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário. Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero. Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo.

Dizendo isto, o Diabo sacudiu a cabeça e estendeu os braços, com um gesto magnífico e varonil. Em seguida, lembrou-se de ir ter com Deus para comunicar-lhe a idéia, e desafiá-lo; levantou os olhos, acesos de ódio, ásperos de vingança, e disse consigo: — Vamos, é tempo. E rápido, batendo as asas, com tal estrondo que abalou todas as províncias do abismo, arrancou da sombra para o infinito azul.

II Entre Deus e o Diabo

Deus recolhia um ancião, quando o Diabo chegou ao céu. Os serafins que engrinaldavam o recém-chegado, detiveram-no logo, e o Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor.

— Que me queres tu? perguntou este.

— Não venho pelo vosso servo Fausto, respondeu o Diabo rindo, mas por todos os Faustos do século e dos séculos.

— Explica-te.

— Senhor, a explicação é fácil; mas permiti que vos diga: recolhei primeiro esse bom velho; dai-lhe o melhor lugar, mandai que as mais afinadas cítaras e alaúdes o recebam com os mais divinos coros...

— Sabes o que ele fez? perguntou o Senhor, com os olhos cheios de doçura.

— Não, mas provavelmente é dos últimos que virão ter convosco. Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade, para que me não acuseis de dissimulação... Boa idéia, não vos parece?

— Vieste dizê-la, não legitimá-la, advertiu o Senhor.

— Tendes razão, acudiu o Diabo; mas o amor-próprio gosta de ouvir o aplauso dos mestres. Verdade é que neste caso seria o aplauso de um mestre vencido, e uma tal exigência... Senhor, desço à terra; vou lançar a minha pedra fundamental.

— Vai.

— Quereis que venha anunciar-vos o remate da obra?

— Não é preciso; basta que me digas desde já por que motivo, cansado há tanto da tua desorganização, só agora pensaste em fundar uma igreja?

O Diabo sorriu com certo ar de escárnio e triunfo. Tinha alguma idéia cruel no espírito, algum reparo picante no alforje da memória, qualquer coisa que, nesse breve instante da eternidade, o fazia crer superior ao próprio Deus. Mas recolheu o riso, e disse:

— Só agora concluí uma observação, começada desde alguns séculos, e é que as virtudes, filhas do céu, são em grande número comparáveis a rainhas, cujo manto de veludo rematasse em franjas de algodão. Ora, eu proponho-me a puxá-las por essa franja, e trazê-las todas para minha igreja; atrás delas virão as de seda pura...

— Velho retórico! murmurou o Senhor.

— Olhai bem. Muitos corpos que ajoelham aos vossos pés, nos templos do mundo, trazem as anquinhas da sala e da rua, os rostos tingem-se do mesmo pó, os lenços cheiram aos mesmos cheiros, as pupilas centelham de curiosidade e devoção entre o livro santo e o bigode do pecado. Vede o ardor — a indiferença, ao menos — com que esse cavalheiro põe em letras públicas os benefícios que liberalmente espalha — ou sejam roupas ou botas, ou moedas, ou quaisquer dessas matérias necessárias à vida... Mas não quero parecer que me detenho em coisas miúdas; não falo, por exemplo, da placidez com que este juiz de irmandade, nas procissões, carrega piedosamente ao peito o vosso amor e uma comenda... Vou a negócios mais altos...

Nisto os serafins agitaram as asas pesadas de fastio e sono. Miguel e Gabriel fitaram no Senhor um olhar de súplica. Deus interrompeu o Diabo.

— Tu és vulgar, que é o pior que pode acontecer a um espírito da tua espécie, replicou-lhe o Senhor. Tudo o que dizes ou digas está dito e redito pelos moralistas do mundo. É assunto gasto; e se não tens força, nem originalidade para renovar um assunto gasto, melhor é que te cales e te retires. Olha; todas as minhas legiões mostram no rosto os sinais vivos do tédio que lhes dás. Esse mesmo ancião parece enjoado; e sabes tu o que ele fez?

— Já vos disse que não.

— Depois de uma vida honesta, teve uma morte sublime. Colhido em um naufrágio, ia salvar-se numa tábua; mas viu um casal de noivos, na flor da vida, que se debatiam já com a morte; deu-lhes a tábua de salvação e mergulhou na eternidade. Nenhum público: a água e o céu por cima. Onde achas aí a franja de algodão?

— Senhor, eu sou, como sabeis, o espírito que nega.

— Negas esta morte?

— Nego tudo. A misantropia pode tomar aspecto de caridade; deixar a vida aos outros, para um misantropo, é realmente aborrecê-los...

— Retórico e sutil! exclamou o Senhor. Vai; vai, funda a tua igreja; chama todas as virtudes, recolhe todas as franjas, convoca todos os homens... Mas, vai! vai!

Debalde o Diabo tentou proferir alguma coisa mais. Deus impusera-lhe silêncio; os serafins, a um sinal divino, encheram o céu com as harmonias de seus cânticos. O Diabo sentiu, de repente, que se achava no ar; dobrou as asas, e, como um raio, caiu na terra.

III A boa nova aos homens

Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.

— Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil a airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...

Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.

Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu”... O mesmo disse da gula, que produziu as melhores páginas de Rabelais, e muitos bons versos do Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das batalhas de Luculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal. Mas, ainda pondo de lado essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem negaria que era muito melhor sentir na boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os maus bocados, ou a saliva do jejum? Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.

As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloqüência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.

Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade. Um casuísta do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no obscuro e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.

E descia, e subia, examinava tudo, retificava tudo. Está claro que combateu o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia gratuita, mas induziu a exercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie; nos casos, porém, em que ela fosse uma expansão imperiosa da força imaginativa, e nada mais, proibia receber nenhum salário, pois equivalia a fazer pagar a transpiração. Todas as formas de respeito foram condenadas por ele, como elementos possíveis de um certo decoro social e pessoal; salva, todavia, a única exceção do interesse. Mas essa mesma exceção foi logo eliminada, pela consideração de que o interesse, convertendo o respeito em simples adulação, era este o sentimento aplicado e não aquele.

Para rematar a obra, entendeu o Diabo que lhe cumpria cortar por toda a solidariedade humana. Com efeito, o amor do próximo era um obstáculo grave à nova instituição. Ele mostrou que essa regra era uma simples invenção de parasitas e negociantes insolváveis; não se devia dar ao próximo senão indiferença; em alguns casos, ódio ou desprezo. Chegou mesmo à demonstração de que a noção de próximo era errada, e citava esta frase de um padre de Nápoles, aquele fino e letrado Galiani, que escrevia a uma das marquesas do antigo regime: “Leve a breca o próximo! Não há próximo!” A única hipótese em que ele permitia amar ao próximo era quando se tratasse de amar as damas alheias, porque essa espécie de amor tinha a particularidade de não ser outra coisa mais do que o amor do indivíduo a si mesmo. E como alguns discípulos achassem que uma tal explicação, por metafísica, escapava à compreensão das turbas, o Diabo recorreu a um apólogo: — Cem pessoas tomam ações de um banco, para as operações comuns; mas cada acionista não cuida realmente senão nos seus dividendos: é o que acontece aos adúlteros. Este apólogo foi incluído no livro da sabedoria.

IV Franjas e franjas

A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova. Atrás foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição. A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo.

Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros.

A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e com o produto das drogas socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogman; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinqüenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meter-se na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia duvidar; o caso era verdadeiro.

Não se deteve um instante. O pasmo não lhe deu tempo de refletir, comparar e concluir do espetáculo presente alguma coisa análoga ao passado. Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno. Deus ouviu-o com infinita complacência; não o interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse:

— Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.
__________________________________________________________________

terça-feira, 20 de agosto de 2013

SIM, A PÍLULA DO DIA SEGUINTE É ABORTIVA

A Igreja Católica - como sempre e graças a Deus - orientando seus fiéis com segurança!


COMUNICADO SOBRE A “PÍLULA DO DIA SEGUINTE”

Como sabemos, foi posta à venda nas farmácias da Itália a denominada pílula do dia seguinte. Trata-se de produto químico (de tipo hormonal) que frequentemente tinha sido apresentado por muitos da área e pela mídia como um simples contraceptivo ou, mais precisamente, como um “contraceptivo de emergência”, que se usado dentro de um curto tempo depois de um ato sexual presumivelmente fértil, deveria unicamente impedir a continuação de uma gravidez indesejada.

As inevitáveis reações polêmicas daqueles que levantaram sérias dúvidas sobre como esse produto funciona, em outras palavras, que sua ação não é meramente “contraceptiva”, mas “abortiva”, receberam rapidamente a resposta de que tais preocupações mostravam-se sem fundamento, uma vez que a “pílula do dia seguinte” tem um efeito “anti-implantação”, assim sugerindo implicitamente uma clara distinção entre o aborto e a intercepção (impedimento da implantação de um ovo fertilizado, isto é, o embrião, na parede uterina).

Considerando que o uso deste produto diz respeito a bens e valores humanos fundamentais, a ponto de envolver as origens da própria vida humana, a Pontifícia Academia para a Vida sente a responsabilidade premente e a necessidade definitiva de oferecer alguns esclarecimentos e considerações sobre o assunto, reafirmando, além disso, as já bem conhecidas posições éticas sustentadas por precisos dados científicos e reforçadas pela Doutrina Católica.

1. A pílula do dia seguinte é um preparado a base de hormônios (pode conter estrogênio, estrogênio/progestogênio ou somente progestogênio) que, dentro de e não mais do que 72 horas após um ato sexual presumivelmente fértil, tem uma função predominantemente “anti-implantação”, isto é, impede que um possível ovo fertilizado (que é um embrião humano), agora no estágio de blástula de seu desenvolvimento (cinco a seis dias depois da fertilização) seja implantado na parede uterina por um processo de alteração da própria parede. O resultado final será assim a expulsão e a perda desse embrião.

Somente se a pílula fosse tomada vários dias antes do momento da ovulação poderia às vezes agir impedindo a mesma (neste caso ela funcionaria como um típico “contraceptivo”).

De qualquer forma, a mulher que usa esse tipo de pílula, usa pelo medo de poder estar em seu período fértil, e assim pretende causar a expulsão de um possível novo concepto; sobretudo não seria realista pensar que uma mulher, encontrando-se na situação de querer usar um contraceptivo de emergência, pudesse saber exatamente e oportunamente seu atual estado de fertilidade.

2. A decisão de usar o termo “ovo fertilizado” para indicar as fases mais primitivas do desenvolvimento embrionário não pode de maneira alguma conduzir a uma distinção artificial de valor entre diferentes momentos do desenvolvimento do mesmo indivíduo humano. Em outras palavras, se pode ser útil, por razões de descrição científica, distinguir com termos convencionais (ovo fertilizado, embrião, feto etc.) os diferentes momentos em um único processo de crescimento, nunca pode ser legítimo decidir arbitrariamente que o indivíduo humano tem maior ou menor valor (com a resultante variação da obrigação de protegê-lo) de acordo com seu estágio de desenvolvimento.

3. Portanto, é evidente que a comprovada ação “anti-implantação” da pílula do dia seguinte é realmente nada mais do que um aborto quimicamente induzido. Não é intelectualmente consistente nem cientificamente justificável dizer que não estamos tratando da mesma coisa. Além disso, parece suficientemente claro que aqueles que pedem ou oferecem essa pílula estão buscando a interrupção direta de uma possível gravidez já em progresso, da mesma forma que no caso do aborto. A gravidez, de fato, começa com a fertilização e não com a implantação do blastocisto na parede uterina, que é o que tem sido sugerido implicitamente.

4. Como resultado, a partir do ponto de vista ético, a mesma absoluta ilegalidade dos procedimentos abortivos também se aplica à distribuição, prescrição e uso da pílula do dia seguinte. Todos os que, compartilhando ou não a intenção, cooperam diretamente com esse procedimento, são também moralmente responsáveis.

5. Uma outra consideração deve ser feita com respeito ao uso da pílula do dia seguinte em relação à aplicação da Lei 194/78, que na Itália regula as condições e procedimentos para a interrupção voluntária da gravidez. Dizer que a pílula é um produto “anti-implantação”, em vez de usar o termo mais transparente “abortivo”, torna possível evitar todos os procedimentos obrigatórios requeridos pela Lei 194 a fim de interromper a gravidez (entrevista prévia, verificação da gravidez, determinação do estágio de crescimento, tempo para reflexão etc.), praticando uma forma de aborto que é completamente oculta e não pode ser registrada por nenhuma instituição. Tudo isso parece, então, estar em direta contradição com a aplicação da Lei 194, ela mesma contestável.

6. Finalmente, como tais procedimentos estão-se tornando mais disseminados, nós encorajamos fortemente a todos os que trabalham nesse setor a fazer uma firme objeção de consciência moral, o que gerará um testemunho prático e corajoso do valor inalienável da vida humana, especialmente em vista das novas formas ocultas de agressão contra os mais fracos e mais indefesos indivíduos, como é o caso de um embrião humano.


Cidade do Vaticano, 31 de outubro de 2000
____________________________________________

domingo, 4 de agosto de 2013

PROCURO UM PADRE


Raquel Nascimento Pereira


Procuro um Padre
Que tenha tempo para ouvir,
Que saiba dar bons conselhos,
Que me oriente para o bem.

Procuro um Padre
Fora das academias, fora das vaidades,
Fora das noitadas e fora de moda:
Um homem todo de Deus.

Procuro um Padre
Que vá de casa em casa
Um homem sem medos, sem inseguranças,
Um homem revestido da graça.

Procuro um Padre
Que me fale do amor de Deus,
Que me estimule quando estiver desanimado,
Que me sustente se eu cair.

Procuro um Padre
Que ame a Eucaristia mais que tudo
E que tudo deixe por Ela
E que tenha tempo de celebrá-la por mim.

Procuro um Padre
Que se doe acima de si mesmo,
Que não tenha preocupações mundanas,
Que seja íntimo do Senhor.

Procuro um Padre
Com as mãos estendidas,
Que me ensine a rezar, a amar,
Que me mostre o rosto de Deus.

Procuro um Padre
Que não engane e não se engane
Genuíno e verdadeiro sacerdote
Fiel à sua vocação.

Procuro um Padre
Que, antes de tudo, seja Padre
Até mesmo antes de si mesmo,
E me traga a PAZ!


Cura D'Ars
Rezemos pelos sacerdotes
e pelas vocações sacerdotais!
________________________________

quinta-feira, 11 de julho de 2013

PROTOMÁRTIRES ROMANOS

Por Vitaliano Mattioli
Em 29 de junho, a Igreja celebra os santos apóstolos e mártires, Pedro e Paulo, colunas de fundação da Igreja de Roma. Mas esta celebração ofusca a dos Protomártires Romanos celebrada no dia seguinte. Esta antiga festa mostra que a Igreja, desde o início, concedeu uma reverência especial àqueles que testemunharam com seu sangue a fé em Cristo.

Na verdade, os dois apóstolos não são um caso à parte, mas são as vítimas mais famosas desta perseguição. Não conhecemos os nomes dos Protomártires, mas sabemos que foi uma multidão. O Martirológio Geronimo (Sec. V), sustenta o número 979.

Isso aconteceu na época de Nero, que foi imperador de 54 a 68. Foi ele quem desencadeou no Império a primeira grande perseguição contra os cristãos, que durou cerca de três anos, de 64 a 67.

Como nos diz o historiador latino Cornélio Tácito em sua obra "Os Annales" (15, 44), Nero aproveitou a oportunidade do incêndio de 19 de Julho do ano de 64, que atingiu diversos quarteirões no centro de Roma, para se defender da acusação de ter causado o incêndio, ele acusou os cristãos. A partir daí, foi mais fácil incitar a população pagã contra os cristãos e desencadear a perseguição.

Tácito, pagão, que já não nutria simpatia por eles, manifesta uma concussão descrevendo as torturas a que foram condenados estes inocentes, simplesmente por aderirem à religião de um certo Cristo.

Estes fatos ficaram bem gravados na memória. No ano 95/96 o Papa Clemente em sua carta à comunidade de Corinto, refere-se à perseguição: “Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos Pedro e Paulo… A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande mutidão de eleitos que, vitimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade” (5, 3-5; 6, 1)

O Papa Gregório XIII deu ordem para compor uma ópera em memória dos mártires, intitulada "O Martirológio Romano", concluída em 1586. Esta recorda os Primeiros Mártires, referindo-se a descrição de Tácito: “Em Roma, celebra-se o natal de muitíssimos santos mártires que, sob o império de Nero, foram falsamente acusados do incêndio da cidade e por sua ordem foram mortos de vários modos atrozes: alguns foram cobertos com pêlos de animais selvagens e lançados aos cães para que os fizessem em pedaços; outros, crucificados e, ao declinar do dia, usados como tochas para iluminar a noite. Todos eram discípulos dos apóstolos e foram os primeiros mártires que a santa Igreja romana enviou a seu Senhor antes da morte dos apóstolos”.

O local era o Circo de Nero, que coincide com o lado esquerdo da atual Basílica de São Pedro e o pátio exterior. A pequena praça ao lado da sacristia hoje é chamada de "Praça dos Protomártires Romanos”.

O Papa Pio XI solicitou a Associação "Cultorum Martyrum" para colocar uma lapide em memória, com a seguinte inscrição: "Este lugar, antigamente casa e circo de Nero, hoje farol de luz para o mundo, conquistaram com sangue duce o apóstolo Pedro e os Primeiros Cristãos. Ascenso daqui para oferecer a Cristo as palmas do novo triunfo (27 de Junho 1923) ".

A palavra "mártir" em grego significa "testemunha" e foi amplamente usada em discursos judiciais. Durante as perseguições contra os cristãos indicou os homens que, com o sofrimento e a morte, se tornaram 'testemunhas' da fé em Cristo.

Cristo é o primeiro mártir e a sua Igreja por uma boa razão pode ser chamada de "Igreja dos Mártires".

Nas Constituições Apostólicas (Sec. IV), lemos: "Aquele que é condenado pelo nome do Senhor Deus é um santo mártir, é um irmão do Senhor, um filho do Altíssimo" (V, 2).

As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida. No século passado, o número de cristãos mortos por ódio à fé foi maior do que nos três primeiros séculos.

Com o tempo, o conceito de "testemunha" assumiu um significado mais amplo, como resultado das mudanças de atitude em relação à Igreja e à fé cristã.

Já S. Tomás de Aquino, afirma que deve ser considerado mártir, cuja morte que faz referência à morte de Cristo, aquele que defende a sociedade contra os ataques daqueles que querem corromper a fé cristã. (Cf. In IV Sent, Dist. 49, q. 5, a. 3).

Dom Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, declarou que mais de 100 mil cristãos são violentamente mortos a cada ano por sua fé. Outros, acrescentou, são obrigados a fugir, violentados, torturados ou sequestrados por causa de sua religião (Fonte Zenit, 13/5/29).

Ainda no século XXI, a Igreja é mártir. Os cristãos devem ser conscientes. Por esta razão, é importante retornar à carta acima mencionada do Papa Clemente: “Escrevemos isto, caríssimos, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combateremos o mesmo combate” (7,1). Sim, ainda hoje o cristão deve lutar, provavelmente em outras arenas, para ser sempre coerente com a sua fé.

A exortação de São Inácio, bispo de Antioquia, que foi martirizado em Roma no ano de 107 (alguns historiadores dizem 110) é extremamente relevante hoje. Em suas cartas enfatiza repetidamente que não basta se dizer cristão, é preciso dar provas disso também em nosso agir, ainda que custe a morte.

O Cardeal Camillo Ruini em sua “Lectio Magistralis”, realizada na Fundação 'Magna Carta', (Roma, 06 de maio de 2013) defendeu o direito de objecção de consciência, e acrescentou: "Não compete a uma maioria estabelecer o que é verdadeiro ou falso, nem o que é em si mesmo justo ou injusto. O jogo democrático não é a verdade sobre as coisas, mas apenas as regras comuns de comportamento. Aqueles que por razões de consciência, acreditam que não podem cumprir estas normas, é justo que tenham a possibilidade de objeção de consciência. Se as leis, nesse caso, não consentem tal objeção, poderá dar testemunho de suas convicções de forma mais cara, mas também mais forte, enfrentando as sanções previstas em lei. De fato, os objetores de consciência mais heroicos e eficientes foram e são os mártires cristãos das diversas épocas históricas".

A vocação ao martírio não é uma característica da Igreja dos primeiros séculos, mas é parte intrínseca de sua natureza.

Hoje, a reflexão do Cardeal Ruini é extremamente importante por estarmos vivendo em um clima ideológico de homologação da consciência. Quem coloca resistência é considerado um obstáculo ao progresso civil e por isso é eliminado da sociedade (de várias formas). O cristão autentico deve saber correr esse risco como fizeram os Protomártires Romanos.


domingo, 30 de junho de 2013

Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria

Raquel Nascimento Pereira


Algumas pessoas têm me perguntado o que eu acho acerca da “Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria” pedida por Nossa Senhora na sua aparição em Fátima, aos pastorinhos.

Eu não acho nada. Para isso existe a Congregação para a Doutrina da Fé, que orienta os fiéis da Igreja sobre todos os assuntos. E a conclusão a que chego – obediente à doutrina da Igreja e às suas orientações e observando os comentários de alguns católicos a respeito – é a seguinte:

No mesmo momento em que Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração, também pediu a devoção dos Cinco Primeiros Sábados, e ainda, que rezássemos o Terço diariamente e oferecêssemos penitências e sacrifícios em reparação às ofensas ao Seu Imaculado Coração, pela paz no mundo e pela conversão dos pecadores, porque, segundo Ela disse, “muitas almas irão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas”.

Muito bem. Estamos fazendo isto? Somos assíduos à devoção aos Cinco Primeiros Sábados? Rezamos o Terço diariamente? Oferecemos sacrifícios e penitências pela conversão dos pecadores, como Ela nos pediu? Se não estamos, então, antes de questionar a Igreja, questionemos primeiro a nossa postura como católicos: isto é HIPOCRISIA!

Entretanto, se estamos cumprindo direitinho o que Maria nos pediu através dos pastorinhos, vamos supor o seguinte: imagine que um dia você não pôde rezar o Terço, por algum motivo além da sua vontade, apesar de querer muito rezá-lo. Imagine que, no lugar do Terço, você ofereceu a Jesus, através de Maria, a sua vontade de fazê-lo, ou até a sua contrariedade, ou ainda, a sua aridez e tibieza. Será que Ela não aceitaria? Sendo assim, quem pode garantir que Deus não tenha aceitado a Consagração da forma como foi feita? Há alguém igual ou maior que Deus, que possa responder a esta pergunta com certeza absoluta?

O pensamento de Deus não é como o nosso pensamento. Para as coisas espirituais, o entendimento é espiritual. Se quisermos compreender as ações de Deus, precisamos da ação do seu Espírito, que se dá através da frequência amiúde aos sacramentos e de uma vida intensa de oração, e quanto mais intensa a oração, e quanto mais frequente a recepção aos sacramentos, tanto maior a sintonia com Deus e tanto mais compreendemos os mistérios divinos.

Hoje, em Medjugorje e em vários outros lugares no mundo onde Nossa Senhora se manifesta, Ela insiste na oração do Terço. Nunca mais Maria mencionou a Rússia em qualquer uma das suas aparições posteriores a Fátima. No entanto, volta e meia Ela reitera o seu pedido “Rezai o Terço pela conversão dos pecadores”. Por quê?  Ora, justamente porque a maioria dos católicos não o faz.

Portanto, se Ela ainda quisesse a Consagração da Rússia nos moldes como pediu - que a Consagração fosse feita com a união dos bispos no mundo inteiro - teria insistido. Mas não, Ela aceitou da maneira como o Papa fez. Imagino até que foi Ela quem o inspirou a forma de fazê-lo.

Talvez você se pergunte: “Mas por que Ela instruiu daquela maneira?” Claro, Maria sabe que a Igreja é atacada pela maçonaria de um lado e pelo comunismo ateu de outro. Isto todos nós sabemos, e é obvio que seja assim, pois a quem o demônio quer derrubar primeiro, senão a Igreja? Ela, mesmo ciente, pediu que o Papa reunisse os bispos do mundo inteiro para essa consagração. Ela fez mesmo assim, talvez para constrangê-los, para chamá-los à consciência, como quem diz: “Homens, Deus está vendo o que vocês fazem!”

Eu confio na Providência Divina, confio na ação do Espírito Santo e entendo que, se nem mesmo os papas João Paulo II e Bento XVI fizeram essa consagração “nos moldes” do pedido de Maria, é porque não encontraram unidade na Igreja, e Nossa Senhora sabe que é assim.

Se o Papa Francisco fará, quem saberia dizer? Talvez até o faça, mais para acalmar os ânimos dos católicos, pois creio que este gesto hoje, para Nossa Senhora, seria irrelevante.

-----------------------

A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Nós somos apenas membros. Cristo é a Cabeça, ou seja, a Inteligência. Entendamos isso! E a Igreja só existe em função da nossa salvação. Por isso, a nossa obediência à Igreja deve ser integral. Se não compreendemos o porquê disto ou daquilo, é em função das nossas limitações, porque, nas questões de fé, a Igreja não erra, é o Espírito Santo em Pessoa quem a instrui, Ele, a Inteligência de Deus, a Comunicação entre Deus e os homens, muito mais aos consagrados! Ainda que seja constituída por pessoas – e não poderia ser de outra maneira -, quem a dirige é Jesus Cristo. É Ele o Sumo Sacerdote e foi dele a ideia de instituir a Igreja, com toda a sua economia, para a nossa salvação. Apesar dos maus sacerdotes, apesar dos grandes erros humanos, a salvação das almas que buscam a sua santificação não está - nem nunca esteve - comprometida.

É desta maneira, fiéis e obedientes à Igreja e aos Papas, que chegaremos todos à verdadeira conversão e santificação. Isto me faz lembrar Santa Tereza D’Ávila, que disse em seu LIVRO DA VIDA que, se obedecermos aos conselhos de um padre, ainda que esse padre esteja em pecado mortal, ainda que o conselho dele seja mau, se ainda assim o acatarmos e seguirmos à risca as suas orientações, Nosso Senhor tratará de ajeitar o nosso caminho, tendo em vista a nossa obediência. Jesus se agrada com a nossa obediência à Igreja e aos sacerdotes consagrados. Obediência à Igreja é uma oferta diária de flores a Maria.

Os santos videntes que tiveram a visão do céu, purgatório e inferno, dizem que os sacerdotes têm um lugar privilegiado nos céus e que Nossa Senhora se curva quando eles passam, porque é através dos padres que o Corpo e o Sangue do Verbo Encarnado são transubstanciados, tornando-se vida, para nossa salvação.

Ela é a Mãe da Igreja, Jesus é a Cabeça e os papas são os Chefes. Por mais mal que um Papa tenha feito à Igreja, estejamos certos de que a santificação do povo de Deus nunca foi prejudicada, em nenhum sentido, pois a Igreja nunca esteve largada à mão do inimigo. Nosso Senhor, pessoalmente, cuida dela. Ele é o Pastor que cuida das suas ovelhas, uma por uma. Mesmo que isto signifique perseguição e até a morte dos cristãos, a salvação da nossa alma está garantida: cristão não morre, vive para a vida eterna.


Por fim, supondo que a Irmã Lúcia como a conhecemos fosse fake, supondo que os Papas tenham ficado durante muitos anos à mercê das ações de bispos comunistas, supondo que todas as declarações que já ouvimos a respeito da tal Consagração sejam falsas, supondo que o Papa tenha sido obrigado a fazer como fez (como diz o livro "O derradeiro combate do demônio", do Padre Paul Kramer), ainda assim devemos crer que a Consagração do Mundo - e da Rússia, mesmo que de forma velada - ao Imaculado Coração de Maria foi, sim, aceita por Nosso Senhor. Deus não é como os homens, o pensamento de Deus não é como o nosso pensamento, Ele conhece todas circunstâncias e constrangimentos a que somos submetidos diariamente, perscruta os corações e sabe das reais intenções de cada pessoa. 

Portanto, firmemo-nos nesta fé! Sejamos obedientes ao Papa, o sucessor de Pedro, na certeza de que “As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja”. Façamos a nossa consagração pessoal a Maria, rezemos o Terço diariamente, ofereçamos penitências e sacrifícios pela conversão dos pecadores, pelo fim do comunismo e pela paz no mundo. Pratiquemos obras de caridade, de misericórdia. Evitemos as ocasiões de pecado, busquemos a Jesus Sacramentado, constantemente. Assim, seremos fortes e tornaremos o Corpo Místico de Cristo mais forte do que nunca. “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
______________________________________

Sobre a Devoção aos Cinco Primeiros Sábados:
http://www.santuariofatima.org.br/devocaoprimeirossabados.htm

quarta-feira, 19 de junho de 2013

DOURANDO A PÍLULA

"Tomas Schuman, nome adotado depois da deserção da extinta União Soviética é, na realidade, Yuri Alexandrovitch Bezmenov (1939-1997), ex-agente de propaganda da KGB (serviço secreto da ex-URSS) e ex-funcionário da agência Novosti.

A palestra foi realizada na Summit University em Los Angeles, em 1983, e trata das estratégias e táticas aplicadas pela União Soviética em países-alvo visando a implantação do comunismo no planeta. Você não precisa se preocupar com a data e o tempo transcorrido, pois o seu conteúdo permanece mais atual do que nunca. Ele explica o que vem ocorrendo no mundo nas últimas décadas, e que continuará ocorrendo nas próximas.


Então, se você quer entender o que ocorre ao seu redor, sugiro que faça um esforço intelectual e um pequeno investimento de tempo. Garanto que não se arrependerá."




RESUMO
(Maria S. Pedrosa)

PRIMEIRO PASSO: DESMORALIZAÇÃO
A baderna vira a nova ordem, ninguém mais sabe o que é correto, o líder apoia a quebra das instituições tradicionais, sejam elas jurídicas ou estruturadas na cultura do povo.
Hoje a Dilma deu uma declaração que a voz das ruas ultrapassou as instituições tradicionais, jurídicas, políticas, entidades de classe, etc... 
A inversão de valores e a perda de referência são características marcantes desse período.

SEGUNDO PASSO: DESESTABILIZAÇÃO
É quando as relações se tornam radicais, o povo destrói as instituições e ninguém mais se entende. Acordo? Nem pensar. Pacto social? Esqueça, tudo está desestabilizado. 
Para isso vão fomentar o conflito entre héteros e homossexuais, negros e brancos, marido e mulher, jovem e idoso, e assim por diante. Pode levar muitos anos para que consigam desestabilizar um povo.

TERCEIRO PASSO: CRISE
Nada funciona, instituições deixaram de existir há tempos, acabou a ordem e a justiça, conflitos de toda ordem, muitas mortes e agora o que a população pede é um SALVADOR. 

QUARTO PASSO: NORMALIZAÇÃO
O novo governante agora descarta os idiotas úteis, feministas, homossexuais e outros grupos são descartados, eliminados, afinal perderam sua serventia e podem dar certa “dor de cabeça” ao novo governante. Agora, por meio da força militar, o Estado determina a ordem, a fim de reverter o processo de crise. Acaba a liberdade, uma nova ordem política entra em vigor, a democracia passa a ser uma palavra vazia e, para o governante, democracia é tudo aquilo que o partido permite.

______________________________________________

Só para esclarecer:
IDIOTA ÚTIL
No jargão político, idiota útil é um termo usado para descrever simpatizantes soviéticos em países ocidentais. A implicação é que, embora a pessoa em questão ingenuamente pensa ser um aliado soviético ou de outras ideologias, eles serão futuramente desprezados pelos soviéticos e estavam apenas sendo cinicamente usados.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Intruso

O demônio ronda a sua casa. Fica andando pelos jardins, espreitando entre portas e janelas. Ele quer um lugar para morar, e escolhe o conforto da sua casa. Seus filhos percebem os movimentos dele e comentam sobre ele com você, e então você explica para eles quem ele é e o que quer. Eles ficam com medo, mas confiam em você, e ajudam para que você o expulse dali para bem longe.

Ele vai, fica algum tempo afastado, mas volta, agora com aparência mais elegante e discreta. E então, passa a abordar seus filhos na escola, no trabalho, nas ruas... fazendo-lhes promessas, dizendo-lhes que, se abrirem a porta da casa para ele, poderá fazer muito mais do que você faz. Promete-lhes, inclusive, maravilhosos brinquedos, dinheiro sem trabalho, muitas distrações e até um alvará para que possam sair à noite fazer o que quiserem, sem que ninguém os condene.

Num belo dia – naqueles dias em que você está envolvido com o trabalho e o sustento de sua família – seus filhos autorizam a entrada do demônio na sua casa. Ele entra e logo de cara promove uma festa. Compra bebidas, drogas, traz mulheres de bordéis e muita diversão para seus filhos. Quando você chega e vê a confusão instalada na sua casa, chama-o e ameaça colocá-lo para fora. Mas seus filhos estão do lado dele. Ele já os seduziu com mulheres, muitos presentes, comidas gostosas fora de hora, programas proibidos... e seus filhos adoraram toda essa permissividade: “- Agora sim, a verdadeira felicidade mora conosco!”, dizem. E o demônio escarnece de você. De agora em diante, você percebe que o intruso é você.

Tem início uma temporada de dias difíceis. O demônio tomou posse da sua casa e, além disso, trouxe consigo alguns amigos. É uma desordem total. Discussões todos os dias: um dia são revistas pornográficas espalhadas pela casa; outro dia é o seu cartão de crédito que estoura; outro dia é aquela festa dos amigos de seus filhos, regada a bebidas e drogas, e tudo aquilo que você construiu durante tantos anos parece desmoronar em pouco tempo. Seus filhos ficam rebeldes e já não o atendem mais. A sua vida torna-se um inferno.
Então, seus filhos olham para você e dizem: “Nós todos estamos de acordo com o que ele diz e faz, nunca vivemos dias tão alegres. Você não nos deixava viver. Vivia nos proibindo isso e aquilo. Agora sim é que a nossa vida está boa, e se você não está gostando, saia!”, - e colocam você para fora da sua própria casa.

Você sai e procura apoio na Justiça. Chegando lá, os juízes dizem a você que seus filhos têm razão, e que você está cometendo crimes se não deixá-los livres para fazerem o que bem quiserem.  Você não se contenta com a resposta e procura seus filhos, tenta persuadi-los falando-lhes sobre o amor, sobre a paz, sobre como eram felizes quando estavam unidos... mas eles não querem  mais saber de você. Dizem que você é um velho, que você vive no passado e que você precisa rever seus valores.

Então você vira-lhes as costas e sai, e deixa que a casa caia por si. Um dia você voltará para juntar os caquinhos do que sobrou e reconstruir peça por peça, sabendo que nunca mais a sua casa será a mesma, será sempre uma casa reconstruída, reformada. Uma casa que um dia foi invadida, depravada e destruída em seus valores, mas que um dia - não se sabe quando - ganhará uma nova cor, pelo pincel das suas mãos.

Das coisas velhas, faz-se o novo, como aquele homem que "tira do baú coisas novas e velhas."

(Qualquer semelhança é mera coincidência.)
_________________________________________________________