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terça-feira, 31 de agosto de 2010

DOS MALES, O MENOR

Margarida Hulshof

Ao celebrar a missa de encerramento do nosso encontro diocesano no Dia do Catequista, o bispo aproveitou a homilia para alertar a assembléia sobre a importância de não votar em candidatos que defendem o aborto, dizendo: "Não vou citar o nome, mas vocês sabem muito bem a quem me refiro".

Durante o percurso de volta para a minha paróquia, porém, uma catequista questionou: "De quem será que o Bispo estava falando?" E ficou muito surpresa quando eu expliquei que qualquer integrante do PT é obrigado a defender o aborto, pois isso faz parte do programa do partido.

Então eu me dei conta de que muita gente, mesmo dentro da Igreja, ignora certas coisas cujo conhecimento seria essencial para um voto consciente, e de que, se passamos uma orientação genérica, sem dar nomes aos bois, grande parte dos destinatários ficará sem compreender o recado, como ocorreu com aquela catequista.

Penso que a Igreja tem, não apenas o direito, mas também o dever de usar de clareza ao alertar seus fiéis. É verdade que, enquanto instituição, ela não deve envolver-se na política, já que, por estar a serviço de toda a comunidade, não pode “tomar partido”. Mas uma coisa é militar na política, e outra coisa é posicionar-se a respeito daqueles que o fazem. Como cidadãos, também os representantes da Igreja têm o direito de defender os valores que professam, e de denunciar quem os ataca, sem precisar por isso sentir-se culpados, ainda que seja necessário citar nomes. Afinal, trata-se de alertar, não de impor. E trata-se de defender a verdade, o bem e a justiça, em nome do Evangelho, e não de interesses pessoais. O Concílio Vaticano II, ao mesmo tempo em que afirma que “a Igreja não está ligada a qualquer sistema político determinado”, reconhece que faz parte da sua missão “emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas” (Gaudium et Spes nº 76).

Por isso, admiro aqueles que ousaram tomar posição, como o Bispo de Guarulhos, D. Luiz Gonzaga Bergonzini, autor do artigo “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, no qual exorta seus fiéis a não votarem em Dilma (www.diocesedeguarulhos.org.br, procurar em “Palavra do Pastor”). Ou o Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, presidente do Pró-Vida de Anápolis, autor de vários textos muito bem documentados sobre os compromissos contrários à vida, à fé e à moral, assumidos obrigatoriamente pelos membros do PT (www.providaanapolis.org.br). Sabemos que, em setembro de 2009, dois deputados (Luiz Bassuma e Henrique Afonso) foram expulsos do PT somente por manifestarem-se contra o aborto...

Sei que não temos nenhum candidato perfeito. Todos eles têm seus prós e contras, mais contras do que prós. Não há como dizer: “Neste sim, podemos confiar”. Por isso é que não adianta enumerar as qualidades de um utópico candidato ideal e colocar essa lista na mão dos fiéis, para que a Igreja cumpra o seu papel. É necessária uma atitude mais concreta...

Ora, o que sabemos com certeza é que Dilma não nos convém, que o PT não nos convém. E não somente por causa do aborto, mas de todo o conjunto de sua ideologia totalitarista de cunho marxista, que anula totalmente a liberdade individual em nome da coletividade. E a mais evidente prova da ilegitimidade de tal sistema é a sua necessidade de espezinhar os valores da fé e da família, de destruir tudo aquilo que confere dignidade à pessoa humana – ou seja, de matar a alma das pessoas. Um sistema que não pode conviver com Deus, não pode ser bom para os filhos de Deus.

Lembrei-me da advertência de Jesus: "Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma" (Mt 10,28). Como o atual governo tem simulado defender a vida do nosso corpo, não percebemos que ele nos vai roubando a vida da alma... e não damos ouvidos ao aviso de Jesus, preferindo fugir daqueles que matam apenas o corpo.
Às vezes, pode ser necessário sacrificar um pouco o corpo, para salvar a alma... que é mais importante. Porque a vida material a gente sempre pode garantir de alguma forma, nem que seja pela solidariedade dos irmãos, enquanto a nossa alma tiver vida... Mas, se perdermos a vida da alma, a do corpo se perde junto com ela. Como Jesus também avisou: "Temei, antes, aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno".

Ora, qual é a única forma de evitar que Dilma assuma o governo? Votando no candidato que tiver maior chance de concorrer com ela. Até o momento, esse candidato parece ser José Serra. Votar em um terceiro candidato que não tenha uma chance real, só irá favorecer Dilma, ao diminuir as chances do seu concorrente.

Sei, é claro, que ele não é o ideal. Mas, quando se trata de escolher entre dois males, só nos resta escolher o menor deles. Entre os dois tipos de “matadores”, ele se classificaria melhor entre aqueles que matam o corpo, mas, por outro lado, costumam respeitar mais a alma do povo, deixar em paz os princípios religiosos, a liberdade de professar a fé e as liberdades individuais em geral. Se não promovem os valores cristãos, ao menos não os perseguem tão declaradamente nem tão intensamente quanto o totalitarismo do PT, que quer garantir ao povo a vida material em troca da vida de sua alma.

Jesus já nos advertiu. Cabe a nós fazer a nossa escolha...

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Margarida Hulshof
Jornalista do Jornal "O Lutador", Escritora da Catolicanet e de diversos livros
com destaque da série "Conversando sobre a Fé".
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Brasil de Nossa Senhora

Nossa Senhora de Fátima / Aparecida

Se raciocinarmos numa dimensão espiritual, a questão "Nossa Senhora de Fátima para a Consagração da Rússia" é algo extremamente preocupante. Está aí a Rússia "espalhando os seus erros pelo mundo". Porém, no caso do Brasil, Nossa Senhora já tomou para si essas questões há muito tempo, posto que o Brasil é consagrado a Ela, quer queiram alguns, quer não.

Nossa Senhora apareceu no dia 13 de maio de 1917 em Fátima, Portugal, aos pastorinhos Francisco, Lúcia e Jacinta. Vinte e nove anos antes, no mesmo 13 de maio de 1888, a Lei Áurea era assinada pela Princesa Isabel, ou seja, muito antes de Fátima, a Nossa Senhora Negra já reinava nos corações brasileiros, especialmente nos corações do povo humilde e dos escravos, libertando-os da escravidão.

Um pouco de história

Em meados de 1717 os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a Porto Itaguaçu, a 12 de outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça. Em nova tentativa, apanhou a cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço. Daí em diante, os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.


Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas orações, viam luzes de repente apagadas e, depois de um pouco, reacendidas sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os que vinham rezar diante da imagem, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo se mostrou pequeno. Lembrando que também os negros escravos curvavam-se diante da pequenina imagem, pedindo-lhe graças.

Por volta de 1734, o vigário de Guaratinguetá iniciou a construção de uma capela no alto do morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745.
Em 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, Dom Pedro I e sua comitiva visitaram a capela e a imagem.

Em setembro de 1822 foi proclamada a República, marcando a emancipação brasileira do domínio lusitano.

Em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (a atual Basílica Velha) para acomodar e receber os fiéis que aumentavam significadamente.

Em 13 de maio de 1888 foi assinada a LEI ÁUREA

Em 6 de novembro de 1888, a princesa Isabel visitou pela segunda vez a basílica e ofertou à santa, em pagamento de uma promessa (feita em sua primeira visita, em 8 de dezembro de 1868), uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com um manto azul, ricamente adornado.

A atual Basílica Velha foi solenemente inaugurada e benzida em 8 de dezembro de 1888.
Em 28 de outubro de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da imagem para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.

A 8 de setembro de 1904, a imagem foi solenemente coroada com aquela riquíssima coroa doada pela Princesa Isabel e portando o manto anil, bordado em ouro e pedrarias, símbolos de sua realeza e patrono. A celebração solene foi dirigida por D. José Camargo Barros, com a presença do Núncio Apostólico, muitos bispos, o Presidente da República e numeroso povo. Depois da coroação o Santo Padre concedeu ao santuário de Aparecida mais outros favores: Ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida, e indulgências para os romeiros que vão em peregrinação ao Santuário.

No dia 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor, sagrada a 5 de setembro de 1909 e recebendo os ossos de são Vicente Mártir, trazidos de Roma com permissão do Papa.

Em 17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município, vindo a se chamar Aparecida, em homenagem a Nossa Senhora, que fora responsável pela criação da cidade.

A Rainha e Padroeira do Brasil

Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial em 16 de julho de 1930, por decreto do papa Pio XI, sendo novamente coroada.

Rosa de Ouro

Em 1967, ao completar-se 250 anos da devoção, o papa Paulo VI ofereceu ao Santuário a “Rosa de Ouro”, reconhecendo a importância da santa devoção.

Lei 6.802/80

Em 30 de junho de 1.980 foi promulgada a Lei nº 6.802 decretando oficialmente feriado nacional no dia 12 de outubro, dedicando este dia à devoção. Também nesta Lei, a República Federativa do Brasil reconhece oficialmente Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil.

O maior Santuário Mariano do mundo

Em 4 de julho de 1980 o papa João Paulo II, em sua histórica visita ao Brasil, consagrou a Basílica Nova de Nossa Senhora Aparecida o maior santuário mariano do mundo, em solene missa celebrada, revigorando a devoção a Santa Maria, Mãe de Deus e sagrando solenemente aquele grandioso monumento construído com o carinho e devoção do povo brasileiro.
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Uma observação interessante: Nossa Senhora Aparecida não precisou descer dos céus por sete vezes seguidas - como em Fátima - para despertar a fé no povo brasileiro. Bastou ser encontrada, ainda que em pedaços, num rio.

Na verdade, a imagem original não é negra, mas escureceu por ter ficado muito tempo abandonada no rio. É a imagem de Nossa Senhora da Conceição, por isso é mais gordinha. A sua cor original nunca foi restaurada. Pelo contrário, foi ficando cada vez mais escura pela ação da fumaça das velas acesas em torno da pequenina imagem. A sua negritude é um dos motivos de tanta fé entre o povo brasileiro.

Sendo assim, sob a proteção de Nossa Aparecida, o Brasil está protegido. Como disse Jesus Cristo sobre a Igreja, que “As portas do inferno não prevalecerão sobre ela”, assim podemos falar sobre o nosso Brasil. Por isso as tentativas de revogar a lei nº 6.802/80, mas isso, ainda que aconteça, de nada vai adiantar, pois lhe foi gravado um sinal indelével. Balancem-lhe as hastes de sua bandeira, ele continuará sempre firme, e as portas do inferno - os males da Rússia - embora o atinja, o faça sofrer e cambalear, não prevalecerão sobre ele, porque é consagrado a Nossa Senhora.

Podemos confiar.