- Por Evaristo Eduardo de Miranda
EVARISTO DE MIRANDA foi convidado a colaborar com o Texto-Base da
Campanha da Fraternidade 2015 - Eu vim para servir - Comunidade, Igreja e
Sociedade. Evaristo é paulistano, agrônomo, tem mestrado e doutorado em
ecologia pela Universidade de Montpellier (França). Com centenas de trabalhos
publicados no Brasil, é autor de 35 livros. Pesquisador da Embrapa, ele já
implantou e dirigiu três centros nacionais de pesquisa. Atualmente é
coordenador do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica - GITE, da
Embrapa.
Abaixo, alguns trechos de seu livro:
Páginas 27-28:
"Hoje, na Igreja pós-conciliar, sob o manto da alegria
franciscana ou afrodescendente, suprimiu-se o recolhimento e o silêncio nas
celebrações. Sob o manto da eficácia, condenaram-se as obras sociais católicas
por 'manterem a miséria, ao invés de suprimi-la'. Sob o manto do engajamento
social, mergulhou-se num ativismo alienante. Sob o manto da libertação,
adotaram-se práticas manipuladoras e totalitárias. Sob o manto de abertura ao
mundo, acusaram-se comunidades de fé de serem guetos cristãos. Sob o manto do
compromisso social cristão dedicou-se um interesse muito maior às questões
sociais e políticas do que à vida espiritual e às práticas religiosas. A
formação interior e o acompanhamento espiritual, que já eram medíocres e quase
inexistentes, foram reduzidos praticamente a nada.
Grupos sociologicamente católicos substituíram o evangelho
por ideologias. Confundiram os pobres de espírito com sua pobreza de espírito.
E fizeram de suas causas legítimas o centro de suas vidas, mantendo por algum
tempo o vocabulário cristão. Nessas condições, como se espantar de que os
jovens deixam uma Igreja que lhes propõe, somente e de forma desbotada, as
lutas e esperanças de messianismos anacrônicos? Como se espantar de que novas
vocações sacerdotais não surjam em meio a doutrinas de justiça e de
transformação social onde o laicismo impera? Engajamentos não despertam
vocações ou constroem a Igreja quando suas razões são mais sociais do que religiosas
e demandam mais generosidade do que vida espiritual.
Igreja e sociedade são inseparáveis, mas inconfundíveis. Ao
abordar as relações Igreja e sociedade logo se encontra uma multiplicidade
árida de opiniões, conceitos, ações e interpretações sobre esse tema. E
dependendo do movimento, uma nuvem ainda maior de poeira se levantará. Na
Bíblia, o pó é uma expressão da multiplicidade, em sua uniformidade monótona,
sem atração e asfixiante. Esse é o alimento da serpente: o pó, o insípido, o
monótono, o mundo ápodo, sem pés. Sem sal. Quem não busca a elevação de
perspectiva nesses debates e embates (como em tantos outros) está destinado a
comer a multiplicidade do pó (Gn 3, 15), análoga à pululação das rãs e dos
piolhos no Egito (Ex 7, 27-29; 8, 12)."
.......................
Páginas 80-81:
“INTERVENCIONISMO
"Pode o Estado interferir na vida privada de seus cidadãos?
No Brasil, tudo indica que sim e vai cada vez mais nesse sentido. O Estado
brasileiro interfere de forma crescente e abusiva na vida privada dos cidadãos
e das famílias. Os governos pretendem definir os padrões e regras de educação
familiar e formal das crianças, intervindo em matérias como educação sexual e
religiosa. Outro exemplo está na questão do desarmamento. No que pese o
resultado do plebiscito nacional ter sido claramente contrário à questão do
desarmamento dos cidadãos propostos pelo governo, este segue legislando e
atuando como se a população houvesse decidido o contrário.
Outro exemplo importante é a chamada educação sexual e de
saúde nas escolas e nas redes de saúde pública. Os programas, cartilhas e
materiais pedagógicos elaborados e financiados pelos governos abordam, de forma
anacrônica e invasiva, temas como homossexualismo, a prevenção de doenças
venéreas, os métodos de contracepção, as orientações sobre o aborto, a
prostituição, etc. (...)
O Brasil sancionou uma medida que, em tese, proíbe os pais
de intervirem fisicamente na educação dos próprios filhos. A criminalização da
palmada gerou polêmica, mas foi aprovada no Legislativo. A chamada Lei da
Palmada causou reações nas famílias. As crianças devem ser educadas com amor e
com disciplina, sem que haja a necessidade de palmadas. Porém, quem deve
determinar como educará seus filhos é a própria família, e não burocratas
anônimos pagos pelo Estado. A lei brasileira já cobre os casos de agressões e
violência contra as crianças. O Estado jamais deveria afrontar o pátrio poder
dessa forma, pois a família, como célula fundamental da sociedade, possui uma
autonomia que deveria ser antes respeitada e protegida pelo Estado.
Cabe ao Estado estabelecer e impor aos pais seus paradigmas
na educação de crianças e adolescentes? Pode o Estado definir padrões idênticos
e gerais do que é certo e do que é errado nesse tema? O intervencionismo
estatal, nesse caso, não é subjetivista, nem relativista, nem laicista. É
autoritário. É possível definir o que é certo, de forma geral, para a
intimidade doméstica de todos?”
.......................
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