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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015 - EU VIM PARA SERVIR

COMUNIDADE - IGREJA - SOCIEDADE
- Por Evaristo Eduardo de Miranda


EVARISTO DE MIRANDA  foi convidado a colaborar com o Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2015 - Eu vim para servir - Comunidade, Igreja e Sociedade. Evaristo é paulistano, agrônomo, tem mestrado e doutorado em ecologia pela Universidade de Montpellier (França). Com centenas de trabalhos publicados no Brasil, é autor de 35 livros. Pesquisador da Embrapa, ele já implantou e dirigiu três centros nacionais de pesquisa. Atualmente é coordenador do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica - GITE, da Embrapa.

Abaixo, alguns trechos de seu livro:

Páginas 27-28:
"Hoje, na Igreja pós-conciliar, sob o manto da alegria franciscana ou afrodescendente, suprimiu-se o recolhimento e o silêncio nas celebrações. Sob o manto da eficácia, condenaram-se as obras sociais católicas por 'manterem a miséria, ao invés de suprimi-la'. Sob o manto do engajamento social, mergulhou-se num ativismo alienante. Sob o manto da libertação, adotaram-se práticas manipuladoras e totalitárias. Sob o manto de abertura ao mundo, acusaram-se comunidades de fé de serem guetos cristãos. Sob o manto do compromisso social cristão dedicou-se um interesse muito maior às questões sociais e políticas do que à vida espiritual e às práticas religiosas. A formação interior e o acompanhamento espiritual, que já eram medíocres e quase inexistentes, foram reduzidos praticamente a nada.

Grupos sociologicamente católicos substituíram o evangelho por ideologias. Confundiram os pobres de espírito com sua pobreza de espírito. E fizeram de suas causas legítimas o centro de suas vidas, mantendo por algum tempo o vocabulário cristão. Nessas condições, como se espantar de que os jovens deixam uma Igreja que lhes propõe, somente e de forma desbotada, as lutas e esperanças de messianismos anacrônicos? Como se espantar de que novas vocações sacerdotais não surjam em meio a doutrinas de justiça e de transformação social onde o laicismo impera? Engajamentos não despertam vocações ou constroem a Igreja quando suas razões são mais sociais do que religiosas e demandam mais generosidade do que vida espiritual.

Igreja e sociedade são inseparáveis, mas inconfundíveis. Ao abordar as relações Igreja e sociedade logo se encontra uma multiplicidade árida de opiniões, conceitos, ações e interpretações sobre esse tema. E dependendo do movimento, uma nuvem ainda maior de poeira se levantará. Na Bíblia, o pó é uma expressão da multiplicidade, em sua uniformidade monótona, sem atração e asfixiante. Esse é o alimento da serpente: o pó, o insípido, o monótono, o mundo ápodo, sem pés. Sem sal. Quem não busca a elevação de perspectiva nesses debates e embates (como em tantos outros) está destinado a comer a multiplicidade do pó (Gn 3, 15), análoga à pululação das rãs e dos piolhos no Egito (Ex 7, 27-29; 8, 12)."

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Páginas 80-81:
“INTERVENCIONISMO

"Pode o Estado interferir na vida privada de seus cidadãos? No Brasil, tudo indica que sim e vai cada vez mais nesse sentido. O Estado brasileiro interfere de forma crescente e abusiva na vida privada dos cidadãos e das famílias. Os governos pretendem definir os padrões e regras de educação familiar e formal das crianças, intervindo em matérias como educação sexual e religiosa. Outro exemplo está na questão do desarmamento. No que pese o resultado do plebiscito nacional ter sido claramente contrário à questão do desarmamento dos cidadãos propostos pelo governo, este segue legislando e atuando como se a população houvesse decidido o contrário.

Outro exemplo importante é a chamada educação sexual e de saúde nas escolas e nas redes de saúde pública. Os programas, cartilhas e materiais pedagógicos elaborados e financiados pelos governos abordam, de forma anacrônica e invasiva, temas como homossexualismo, a prevenção de doenças venéreas, os métodos de contracepção, as orientações sobre o aborto, a prostituição, etc.  (...)

O Brasil sancionou uma medida que, em tese, proíbe os pais de intervirem fisicamente na educação dos próprios filhos. A criminalização da palmada gerou polêmica, mas foi aprovada no Legislativo. A chamada Lei da Palmada causou reações nas famílias. As crianças devem ser educadas com amor e com disciplina, sem que haja a necessidade de palmadas. Porém, quem deve determinar como educará seus filhos é a própria família, e não burocratas anônimos pagos pelo Estado. A lei brasileira já cobre os casos de agressões e violência contra as crianças. O Estado jamais deveria afrontar o pátrio poder dessa forma, pois a família, como célula fundamental da sociedade, possui uma autonomia que deveria ser antes respeitada e protegida pelo Estado.

Cabe ao Estado estabelecer e impor aos pais seus paradigmas na educação de crianças e adolescentes? Pode o Estado definir padrões idênticos e gerais do que é certo e do que é errado nesse tema? O intervencionismo estatal, nesse caso, não é subjetivista, nem relativista, nem laicista. É autoritário. É possível definir o que é certo, de forma geral, para a intimidade doméstica de todos?”

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DEUS SEJA LOUVADO!


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