Raquel Nascimento Pereira
Algumas pessoas têm me perguntado o que eu acho acerca da “Consagração
da Rússia ao Imaculado Coração de Maria” pedida por Nossa Senhora na sua
aparição em Fátima, aos pastorinhos.
Eu não acho nada. Para isso existe a Congregação para a Doutrina da Fé, que orienta os fiéis da Igreja sobre todos os assuntos. E a
conclusão a que chego – obediente à doutrina da Igreja e às suas orientações e
observando os comentários de alguns católicos a respeito – é a seguinte:
No mesmo momento em que Nossa Senhora pediu a consagração
da Rússia ao seu Imaculado Coração, também pediu a devoção dos Cinco Primeiros
Sábados, e ainda, que rezássemos o Terço diariamente e oferecêssemos
penitências e sacrifícios em reparação às ofensas ao Seu Imaculado Coração, pela
paz no mundo e pela conversão dos pecadores, porque, segundo Ela disse, “muitas
almas irão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas”.
Muito bem. Estamos fazendo isto? Somos assíduos à devoção aos Cinco Primeiros Sábados? Rezamos o Terço
diariamente? Oferecemos sacrifícios e penitências pela conversão dos pecadores, como Ela nos pediu? Se não
estamos, então, antes de questionar a Igreja, questionemos primeiro a nossa
postura como católicos: isto é HIPOCRISIA!
Entretanto, se estamos cumprindo direitinho o que Maria
nos pediu através dos pastorinhos, vamos supor o seguinte: imagine que um dia você
não pôde rezar o Terço, por algum motivo além da sua vontade, apesar de querer
muito rezá-lo. Imagine que, no lugar do Terço, você ofereceu a Jesus, através
de Maria, a sua vontade de fazê-lo, ou até a sua contrariedade, ou ainda, a sua
aridez e tibieza. Será que Ela não aceitaria? Sendo assim, quem pode garantir
que Deus não tenha aceitado a Consagração da forma como foi feita? Há alguém
igual ou maior que Deus, que possa responder a esta pergunta com certeza
absoluta?
O pensamento de Deus não é como o nosso pensamento. Para
as coisas espirituais, o entendimento é espiritual. Se quisermos compreender as
ações de Deus, precisamos da ação do seu Espírito, que se dá através da
frequência amiúde aos sacramentos e de uma vida intensa de oração, e quanto
mais intensa a oração, e quanto mais frequente a recepção aos sacramentos, tanto
maior a sintonia com Deus e tanto mais compreendemos os mistérios divinos.
Hoje, em Medjugorje e em vários outros lugares no mundo onde
Nossa Senhora se manifesta, Ela insiste na oração do Terço. Nunca mais Maria
mencionou a Rússia em qualquer uma das suas aparições posteriores a Fátima. No
entanto, volta e meia Ela reitera o seu pedido “Rezai o Terço pela conversão
dos pecadores”. Por quê? Ora, justamente
porque a maioria dos católicos não o faz.
Portanto, se Ela ainda quisesse a Consagração da Rússia nos
moldes como pediu - que a Consagração fosse feita com a união dos bispos no
mundo inteiro - teria insistido. Mas não, Ela aceitou da maneira como o Papa
fez. Imagino até que foi Ela quem o inspirou a forma de fazê-lo.
Talvez você se pergunte: “Mas por que Ela instruiu daquela
maneira?” Claro, Maria sabe que a Igreja é atacada pela maçonaria de um lado e pelo
comunismo ateu de outro. Isto todos nós sabemos, e é obvio que seja assim, pois
a quem o demônio quer derrubar primeiro, senão a Igreja? Ela, mesmo ciente, pediu que o Papa reunisse os bispos do mundo inteiro para essa consagração. Ela
fez mesmo assim, talvez para constrangê-los, para chamá-los à consciência, como
quem diz: “Homens, Deus está vendo o que vocês fazem!”
Eu confio na Providência Divina, confio na ação do
Espírito Santo e entendo que, se nem mesmo os papas João Paulo II e Bento XVI
fizeram essa consagração “nos moldes” do pedido de Maria, é porque não
encontraram unidade na Igreja, e Nossa Senhora sabe que é assim.
Se o Papa Francisco fará, quem saberia dizer? Talvez até o
faça, mais para acalmar os ânimos dos católicos, pois creio que este gesto
hoje, para Nossa Senhora, seria irrelevante.
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A Igreja é o
Corpo Místico de Cristo. Nós somos
apenas membros. Cristo é a Cabeça, ou seja, a Inteligência. Entendamos isso! E a Igreja só existe em função da nossa
salvação. Por isso, a nossa obediência à Igreja deve ser integral. Se não
compreendemos o porquê disto ou daquilo, é em função das nossas limitações, porque, nas questões de fé, a Igreja não erra, é o Espírito Santo em Pessoa quem a instrui, Ele, a Inteligência de
Deus, a Comunicação entre Deus e os homens, muito mais aos consagrados! Ainda
que seja constituída por pessoas – e não poderia ser de outra maneira -, quem a
dirige é Jesus Cristo. É Ele o Sumo Sacerdote e foi dele a ideia de instituir a
Igreja, com toda a sua economia, para a nossa salvação. Apesar dos maus
sacerdotes, apesar dos grandes erros humanos, a salvação das almas que buscam a sua santificação não está - nem nunca
esteve - comprometida.
É desta maneira, fiéis e obedientes à Igreja e aos Papas,
que chegaremos todos à verdadeira conversão e santificação. Isto me faz lembrar
Santa Tereza D’Ávila, que disse em seu LIVRO DA VIDA que, se obedecermos aos
conselhos de um padre, ainda que esse padre esteja em pecado mortal, ainda que
o conselho dele seja mau, se ainda assim o acatarmos e seguirmos à risca as
suas orientações, Nosso Senhor tratará de ajeitar o nosso caminho, tendo em
vista a nossa obediência. Jesus se agrada com a nossa obediência à Igreja e aos
sacerdotes consagrados. Obediência à Igreja é uma oferta diária de flores a
Maria.
Os santos videntes que tiveram a visão do céu, purgatório
e inferno, dizem que os sacerdotes têm um lugar privilegiado nos céus e que Nossa
Senhora se curva quando eles passam, porque é através dos padres que o Corpo e
o Sangue do Verbo Encarnado são transubstanciados, tornando-se vida, para nossa salvação.
Ela é a Mãe da Igreja, Jesus é a Cabeça e os papas são os
Chefes. Por mais mal que um Papa tenha feito à Igreja, estejamos certos de que a
santificação do povo de Deus nunca foi prejudicada, em nenhum sentido, pois a
Igreja nunca esteve largada à mão do inimigo. Nosso Senhor, pessoalmente, cuida
dela. Ele é o Pastor que cuida das suas ovelhas, uma por uma. Mesmo que isto
signifique perseguição e até a morte dos cristãos, a salvação da nossa alma está garantida: cristão não morre, vive para a vida eterna.
Por fim, supondo que a Irmã Lúcia como a conhecemos fosse fake, supondo que os Papas tenham ficado durante muitos anos à mercê das ações de bispos comunistas, supondo que todas as declarações que já ouvimos a respeito da tal Consagração sejam falsas, supondo que o Papa tenha sido obrigado a fazer como fez (como diz o livro "O derradeiro combate do demônio", do Padre Paul Kramer), ainda assim devemos crer que a Consagração do Mundo - e da Rússia, mesmo que de forma velada - ao Imaculado Coração de Maria foi, sim, aceita por Nosso Senhor. Deus não é como os homens, o pensamento de Deus não é como o nosso pensamento, Ele conhece todas circunstâncias e constrangimentos a que somos submetidos diariamente, perscruta os corações e sabe das reais intenções de cada pessoa.
Portanto, firmemo-nos nesta fé! Sejamos obedientes ao Papa, o sucessor de Pedro, na certeza de que “As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja”. Façamos a
nossa consagração pessoal a Maria, rezemos o Terço diariamente, ofereçamos
penitências e sacrifícios pela conversão dos pecadores, pelo fim do comunismo e pela paz no mundo.
Pratiquemos obras de caridade, de misericórdia. Evitemos as ocasiões de pecado,
busquemos a Jesus Sacramentado, constantemente. Assim, seremos fortes e tornaremos
o Corpo Místico de Cristo mais forte do que nunca. “Por fim, o meu Imaculado
Coração triunfará”.
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Sobre a Devoção aos Cinco Primeiros Sábados:
http://www.santuariofatima.org.br/devocaoprimeirossabados.htm
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