Missa da Santíssima Trindade. Ao entrar na Igreja, quanta paz! Senti como se estivesse no limiar das portas do céu, que em poucos minutos se abriria para que eu entrasse.
A Missa começou, e o meu coração parecia derreter-se. Meu peito ficou quente e uma sensação de paz indescritível, uma alegria que não cabia dentro de mim. Pus as mãos no meu coração, como a abafar-lhe as pulsações, como a estancar-lhe o transbordamento. Apertava o peito com as mãos, tinha a sensação de que meu peito ia explodir bem ali, e num segundo a minha alma se desfaria nEla, na Trindade Santa em mim.
Começaram as leituras, e eu não as ouvia com os meus ouvidos da carne, mas aquelas palavras ressoavam dentro da minha alma. Os cantos pareciam distantes... e eu pensava: Como será quando eu comungar?
Enquanto o sacerdote se preparava para nos dar a comunhão, eu não me continha. Queria dar um salto até os pés do altar. Mas aguardei pacientemente que Jesus descesse até mim, pelas mãos santas daquele padre.
Recebi a Eucaristia e voltei ao banco. Senti uma força circular por todas as minhas veias, senti meu sangue borbulhar, como se uma varinha mágica tivesse feito um "plim" na minha alma e de repente ela ficasse totalmente brilhante.
Num momento, ouvi dentro do meu coração: "Olha pra mim." Levantei a cabeça e olhei para a cruz, bem à minha frente. Fiquei por alguns instantes contemplando o sofrimento do meu Deus, por mim, por nós. Novamente aquela voz: "Você tem medo de sofrer?" Respondi: "Não. Com você eu não tenho medo de nada." E toda aquela paz me invadiu a alma, num silêncio interior místico, inquebrantável. Naquele momento, era eu e a Trindade. Eu e ela. Eu nela. E ela em mim.
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