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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O inferno brasileiro

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 9 de setembro de 2010


A toda hora aparecem pastores, padres, sobretudo jornalistas e políticos – sim, jornalistas e políticos, essas personificações supremas da moralidade – clamando contra “a degradação dos costumes”. O próprio termo completamente deslocado que empregam para nomear o mal prova que são parte dele. “Degradação dos costumes” é uma expressão quantitativa, escalar: supõe a vigência permanente de uma escala contra a qual se mede o decréscimo da obediência rotineira aos valores que ela quantifica.

O que se passa no Brasil não é uma “degradação dos costumes”: é a destruição premeditada de todas as escalas, a inversão sistemática de todos os valores.

Os costumes degradam-se quando a população já não consegue imitar nem de longe os modelos melhores de conduta que a História consagrou e que, ante o olhar de cada geração, se reencarnam de novo e de novo nas figuras das personalidades admiráveis, dos sábios, dos heróis e dos santos.

Quando, ao contrário, todas as personalidades admiráveis desapareceram ou foram postas para escanteio, e em seu lugar se colocam simulacros grotescos ou inversões caricaturais, o problema já não é a desobediência, mesmo generalizada, a valores que todos continuam reconhecendo da boca para fora; é, ao contrário, a obediência a modelos de malícia, perversidade e covardia que se impuseram, pela força da propaganda e da mentira, como as únicas encarnações possíveis do meritório e do admirável.

Quanto mais alto esses personagens sobem na hierarquia social, mais esfumada e distante vai ficando, até desaparecer por completo, a escala de valores que permitiria julgá-los e condená-los; e mais e mais eles próprios se consagram como unidades de medida de uma nova escala, monstruosamente invertida, que em breve passa a ser a única. Daí por diante, quem quer que não a siga e cultue dificilmente poderá evitar a sensação de marginalidade e isolamento que é, nesse quadro, o sucedâneo perfeito do sentimento de culpa.

Calou-se, na alma de cada cidadão, a voz da consciência que, na escura solidão da sua alma, lhe trazia a lembrança amarga de seus delitos e de seus vícios. Em lugar dela, desenvolve-se uma hipersensibilidade epidérmica à opinião dos outros, ao julgamento do grupo, ao senso das conveniências aparentes.

Preso na trama virtual dos olhares de suspeita, cada um vive agora em estado de sobressalto permanente, obsediado, ao mesmo tempo, pela compulsão de exibir equilíbrio, tranqüilidade e polidez para não se tornar o próximo alvo de desprezo. A essa altura, cada um se dispõe a renegar ideais, amizades, lealdades, admirações, promessas, ao primeiro sinal de que podem condená-lo a um ostracismo psíquico que se anuncia tanto mais insuportável quanto mais tácito, implícito e não reconhecido como tal.

Há uma diferença enorme entre um “estado de medo” e uma “atmosfera de medo”. O primeiro é patente, é público, todos falam dele e, não raro, encontram um meio de enfrentá-lo. A segunda é difusa, nebulosa, esquiva, e alimenta-se da sua própria negação, na medida em que acusar sua presença é, já, candidatar-se à rejeição, à perda dos laços sociais, ao isolamento enlouquecedor.

Nessa atmosfera, a única maneira de evitar o castigo ante cuja iminência se treme de pavor é negar que ele exista, e, com um sorriso postiço de serenidade olímpica, ajudar a comunidade a aplicá-lo a imprudentes terceiros que tenham ousado notar, em voz alta, a presença do mal.

Não digo que todos os brasileiros tenham se deixado submergir nessa atmosfera. Mas pelo menos as “classes falantes”, se é possível diagnosticá-las pelo que publicam na mídia, já têm sua consciência moral tão deformada que até mesmo suas ocasionais e debilíssimas efusões de revolta contra o mal vêm contaminadas do mesmo mal. Por exemplo, o fato de que clamem contra desvios de dinheiro público com muito mais veemência do que contra o massacre anual de 50 mil brasileiros (quando chegam a dar-lhe alguma atenção) prova, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que por trás do seu ódio a políticos corruptos não há uma só gota de sentimento moral genuíno, apenas a macaqueação de estereótipos moralistas que ficam bem na fita. E que ainda continuem discutindo “se” o partido governante tem parceria com as Farc, depois de tantas provas documentais jamais contestadas, mostra que estão infinitamente menos interessadas em averiguar os fatos do que em apagar as pistas da sua longa e obstinada recusa de averiguá-los. Recusa que as tornou tão culpadas quanto aqueles a quem, agora, relutam em acusar porque sentem que acusá-los seria acusar-se a si próprias. Quando, por indolência seguida de covardia, os inocentes se tornam cúmplices ex post facto, já não sobra ninguém para julgar o crime: todos, agora, estão unidos na busca comum de um subterfúgio anestésico que o suprima da memória geral.

Não, não se trata de “degradação dos costumes”, como nos EUA, na França, na Espanha ou em tantos outros países: Trata-se, isto sim, da perda completa do senso moral, o que faz deste país uma bela imagem do inferno. No inferno não há degradação, porque não há a presença do bem para graduá-la.

Ex-presidente Fernando Henrique faz duras críticas ao Governo Lula

Fonte: Agência Estado
http://jc.uol.com.br/canal/eleicoes-2010/noticia/2010/09/14/lula-age-como-militante-e-chefe-de-faccao-diz-fhc-236352.php

Lula age como 'militante e chefe de facção', diz FHC

Publicado em 14.09.2010, às 21h39

Ex-presidente fez duras críticas ao Governo Lula
Ex-presidente fez duras críticas ao Governo Lula
Foto: Reprodução
 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira (14) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agido como "militante e chefe de facção" durante a campanha eleitoral e defendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) atue para impedir esses excessos. Em entrevista ao Rede Mobiliza, portal de internet do PSDB utilizado para interagir com os eleitores, FHC acusou Lula de "extrapolar" e afirmou que ele abusa do poder político.

"Eu vejo um presidente que virou militante, chefe de uma facção política, e acho que isso está errado", afirmou. "Acho até que caberia uma consulta ao STF porque, se você não tiver instrumentos para conter essa vontade política, fica perigoso", disse. "Alguma instância tem de dizer que o presidente está extrapolando e abusando do poder político de maneira contrária aos fundamentos da democracia."

FHC criticou também as recentes declarações de Lula, segundo as quais o DEM é um partido que deve ser "extirpado" da política brasileira. "Claro que tem de ter posição e defender ideias, mas outra coisa é querer massacrar o outro lado. Acho que isso ultrapassa o limite do Estado democrático de direito", disse.

O ex-presidente afirmou que Lula age com "autoritarismo". "Acho que, na medida em que o presidente quer eliminar o competidor, liquidar, ele quer o poder total. É autoritarismo isso, não tem outra palavra. É uma tremenda vontade de poder que se expressa de forma incorreta. Um presidente não pode fazer isso."

O ex-presidente teceu comparações entre sua postura, em 2002, quando José Serra (PSDB) também concorreu à Presidência, e a de Lula, neste ano, em relação a Dilma Rousseff (PT). "Eu apoiei Serra, mas não fiz isso (extrapolar os limites), nunca, porque quando o presidente fala, envolve o prestígio dele não como líder de um partido, mas da instituição que ele representa", afirmou.

FHC chegou a comparar Lula ao ex-primeiro-ministro italiano Benito Mussolini, que também tinha grandes índices de popularidade. "Faltou quem freasse Mussolini. Claro que o Lula não tem nada a ver com o Mussolini, mas o estilo 'eu sou tudo e quero o poder total' não pode. Ele tem de parar."

SIGILO - Ao falar sobre a quebra do sigilo fiscal de integrantes do PSDB e familiares de Serra, FHC deu a entender que o episódio não tem sido bem explorado pela campanha tucana. "Sigilo fiscal pouca gente vai entender, até porque pouca gente preenche o formulário da Receita", afirmou.

"Sigilo fiscal é uma palavra abstrata. Nesse sentido, temos de ser claros: é um acúmulo de coisas erradas, você se sente violado, sua vida devassada. Isso o povo entende. Se você disser que estão entrando na sua vida privada, na vida da sua família, que amanhã vai ter fiscal entrando nas suas coisas, vendo o valor do seu salário na sua carteira de trabalho, falsificando documentos em seu nome para criar intrigas", recomendou.

CHEQUE - FHC disse ainda que é preciso esclarecer a população sobre a interação entre a Casa Civil e a Presidência da República e até propôs um novo slogan para o caso: "'É o mensalão de novo'. Tem de falar assim, que o homem (Lula) estava ao lado, como não viu ou não ouviu?". "Tem de dizer claramente: é uma sala ao lado da do presidente em que ficam tramando para beneficiar empresas. Não pode falar 'lobismo' que ninguém entende", afirmou.

O ex-presidente disse ainda que a campanha não acabou e cobrou dos militantes um trabalho diário e persuasivo junto a amigos e familiares. "Campanha é todo dia, o dia inteiro, até o final. Tem de ter fé e convencer os outros. Ninguém ganha de repente, sem persistência. Tem de estar na luta o tempo todo e tentando mudar a opinião dos outros, se for o caso", afirmou.

Sem citar o nome de Dilma, ele disse que votar na candidata corresponde a assinar um cheque em branco. "Agora é hora de buscar o voto. Tem de bater o bumbo mesmo, vão dar um cheque em branco? O nosso candidato tem história, realizações e futuro."

O ex-presidente voltou a criticar a ocupação de cargos públicos por membros do PT e comparou a ação dos militantes a de cupins. "As agências reguladoras não regulam mais nada, estão penetradas por interesses partidários", afirmou. "É como um cupim, vai comendo por dentro e, quando você acha que é uma tora, aperta e está oco." FHC disse ainda que, para Lula, "tudo é terra arrasada". "Ele diz que começou com tudo. Eu não tenho esse temperamento. As bases do governo foram lançadas no passado."

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PERGUNTA: Como tudo isso vem acontecendo e ninguém percebeu nada?

RESPOSTA:

Fazer um resumo de como tudo isso vem acontecendo há décadas? A isso um amigo concordou comigo dizendo: “Fazer um resumão histórico de tudo o que o PT vem fazendo dá uma enciclopédia de 10 volumes. A primeira coisa que alguém fará é dizer: ‘Você é uma nazista! Não gosta do Lula porque ele é pobre’".

A estratégia adotada pela esquerda revolucionária foi muito inteligente. Depois que – lentamente - se infiltrou na educação, mídia e Igreja (CNBB), conforme lhe ensinara Gramsci, a população passou a ser bombardeada sistematicamente em sua cultura, de todas as formas, deixando-a confusa, hipnotizada, paralisada, petrificada, bestificada, de tal forma, que só pensa agora em novelas e futebol, certamente uma conseqüente fuga da realidade. Tudo isso que o Jabor está dizendo é a mais cristalina verdade e, no entanto, uma catatonia coletiva impede as pessoas de se indignarem, reagirem, protestarem, lutarem por seus direitos, de exigirem ética e decência na política – exatamente o lema usado a partir de 1990 pelo PT após a vitória de Collor.

Como Olavo de Carvalho sempre ensinou – e nunca esteve tão certo – o estrago causado na consciência e na mentalidade desta geração levará algumas décadas para retomar o rumo certo, mas somente a partir de quando a locomotiva Brasil for colocada nos trilhos. E, no entanto, não é difícil perceber o fosso causado no senso comum a partir da cultura. Qualquer estudante graduado precisa agora – E ISTO SÓ ACONTECE NO BRASIL – fazer um mestrado e um doutorado para se equiparar aos níveis de um bacharelando de 40 anos atrás. Ainda assim, são “formatados” em alguma especialização, muitas das vezes continuando como analfabetos funcionais em seu próprio idioma.

Como dizia, o texto do Jabor é a mais pura verdade, ainda que tivesse por obrigação, ele próprio, de confessar que ajudou a colocar este tipo de gente no poder, bastando-se para tanto buscar o que escrevia há 20 anos. Ou seja, ele também foi uma vítima (ou instrumento) de Gramsci, um idiota útil à causa revolucionária, como ensinava Lênin. Por mais que esperneie agora (agora, em cima da hora?), os eventuais lampejos de consciência já não despertam no povo ou nas instituições democráticas, igualmente moribundas e dominadas, qualquer efeito significativo.

Ele escreveu isso em 25/04/2006, artigo que FOI PUBLICADO no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, seis meses antes das eleições que deram a Lula uma votação maior do que havia conseguido em 2002, apesar de todos os escândalos (o Mensalão foi o maior) do primeiro governo. Sim, por mais estúpido que possa parecer, esta foi a reação da maioria ao texto dele naquele momento. http://crescebrasil.com/archives/123.

Outra coisa muito importante é o fato da população tomar conhecimento de tudo isso e reagir como gado em direção ao abatedouro. Pode haver algo mais incompreensível ou patético? Respondo que pode: Além do estrago provocado na mentalidade do povo, tudo que estamos vendo ser denunciado, hoje e no passado recente, é do conhecimento TAMBÉM das autoridades constituídas, desde o Ministério Público até as FFAA, ambas pseudo-guardiãs da nossa Constituição dita democrática. E o que essas autoridades estão fazendo ? Nem precisamos responder a isso, pois neste último caso a resposta está no mais recente artigo deste iluminado ex-comunista: http://www.nivaldocordeiro.net/. Aproveite e saiba mais dele em http://www.nivaldocordeiro.net/quemsoueu.htm.

Minha opinião? Estamos nas mãos de Deus e, por enquanto, a batalha está pendendo para o outro lado. Mas tudo pode acontecer. A queda de Zé Dirceu e dos 40 ladrões do Mensalão exigiu o sacrifício de uma ovelha que usava bengala (http://congressoemfoco.uol.com.br/noticia.asp?cod_canal=1&cod_publicacao=33879 ). Ali babava de prazer e nunca soube de nada e talvez por isso, também, o povo o idolatra. A cultura da corrupção, decorrente da falta de religião, de valores e de ética está agora em todos, da mesma forma como foi impregnada na Rússia, apenas que lá foram necessários 70 anos e aqui menos de 30. Os tempos mudam e os métodos são aperfeiçoados. Os “males da Rússia” vão celeremente se espalhando e seus efeitos já pairam sobre os EUA, a maior democracia do planeta, sob a batuta de diabólicas mega-fortunas e de seu controle através da mídia e da corrupção. São forças mastodônticas que controlam também as esquerdas a partir de políticas utópicas e de recursos financeiros, dois ingredientes venerados por psicopatas úteis. Na sua esteira, a atual civilização mundial vai igualmente se esvaindo pela “invasão vertical dos bárbaros”, conforme ensinava o brasileiro Mário Ferreira dos Santos, o maior filósofo do século 20, ainda um completo desconhecido de todos.
 
Walmor Grade
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