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terça-feira, 12 de junho de 2012

O TEOREMA DA INCOMPLETUDE DE GÖDEL


O Teorema da Incompletude de Gödel: 

A Descoberta Matemática Nº 1 do Século XX



Em 1931, Kurt Gödel desferiu um golpe devastador nos matemáticos de sua época.
Em 1931, o jovem matemático Kurt Gödel fez uma descoberta-marco, tão poderosa quanto qualquer coisa que Albert Einstein desenvolveu.
A descoberta de Gödel não se aplica somente à matemática, mas literalmente a todos os ramos da ciência, lógica e conhecimento humano. Ela tem verdadeiramente implicações que abalam a Terra.
Estranhamente, poucas pessoas sabem qualquer coisa sobre ela.
Permita-me contar-lhe a história.
Os matemáticos adoram provas. Eles estavam furiosos e chateados por séculos, porque eles eram incapazes de PROVAR algumas das coisas que eles sabiam que era verdade.
Por exemplo: se você estudou geometria no colégio, você fez os exercícios onde você prova todos os tipos de coisas sobre os triângulos, baseado em uma lista de teoremas.
Aquele livro de geometria do colégio é feito sobre os cinco postulados de Euclides. Todos sabem que os postulados são verdadeiros, mas em 2500 anos ninguém imaginou um meio de prová-los.
Sim, parece sim perfeitamente razoável que uma linha possa ser estendida infinitamente em ambas as direções, mas ninguém tem sido capaz de PROVAR isso. Nós só podemos demonstrar que eles são um conjunto de 5 suposições razoáveis e de fato necessárias.
Grandes gênios matemáticos estavam frustrados por mais de 2000 anos porque eles não podiam provar todos os seus teoremas. Havia muitas coisas que eram “obviamente” verdade, mas ninguém conseguia imaginar um meio de prová-los.
No início dos anos 1900, entretanto, um tremendo senso de otimismo começou a crescer nos círculos matemáticos. Os matemáticos mais brilhantes do mundo (como Bertrand Russell, David Hilbert e Ludwig Wittgenstein) estavam convencidos que estavam rapidamente se aproximando de uma síntese final.
Uma “Teoria de Tudo” unificada, que finalmente amarraria todos os pontos soltos. A matemática seria completa, à prova de balas, hermética, triunfante.
Em 1931, este jovem matemático austríaco, Kurt Gödel, publicou um artigo que de uma vez por todas PROVOU que uma única Teoria de Tudo é realmente impossível.
A descoberta de Gödel foi chamada de “O Teorema da Incompletude”.
Se você me der alguns minutos, eu lhe explicarei o que ele diz, como Gödel o descobriu e o que ele significa – em português simples e direto que qualquer um pode entender.
O Teorema da Incompletude de Gödel diz:
“Qualquer coisa em que você pode desenhar um círculo ao redor não pode ser explicada por si mesma sem se referir a algo fora do círculo – algo que você tem que assumir mas não pode provar.”
Expresso em Linguagem Formal:
O teorema de Gödel diz: “Qualquer teoria efetivamente gerada capaz de expressar aritmética elementar não pode ser tanto consistente quanto completa. Em particular, para qualquer teoria formal consistente e efetivamente gerada que prova certas verdades aritméticas básicas, existe uma afirmação aritmética que é verdadeira, mas que não pode ser provada em teoria.”
Tese de Church-Turing diz que um sistema físico pode expressar aritmética elementar assim como um humano pode, e que a aritmética de uma Máquina de Turing (um computador) não pode ser provado dentro do sistema e é igualmente sujeito à incompletude.
Qualquer sistema físico sujeito a medição é capaz de expressar aritmética elementar. (Em outras palavras, crianças podem fazer matemática contando em seus dedos, uma água fluindo para um balde faz integração e sistemas físicos sempre dão a resposta certa.)
Portanto, o Universo é capaz de expressar aritmética elementar e, tanto como a própria matemática e uma máquina de Turing, é incompleto.
Silogismo:
1. Todos os sistemas computacionais não-triviais são incompletos.
2. O Universo é um sistema computacional não-trivial.
3. Portanto, o Universo é incompleto.
Você pode desenhar um círculo ao redor de todos os conceitos no seu livro de geometria do colégio. Mas eles são todos feitos sobre os 5 postulados de Euclides que claramente são verdade mas que não podem ser provados. Esses 5 postulados estão fora do livro, fora do círculo.
Você pode desenhar um círculo ao redor de uma bicicleta, mas a existência dessa bicicleta depende de uma fábrica que está fora do círculo. A bicicleta não pode explicar a si mesma.
Gödel provou que há SEMPRE mais coisas que são verdadeiras do que você pode provar. Qualquer sistema de lógica ou números que os matemáticos possam trazersempre se baseará em pelo menos umas poucas suposições que não podem ser provadas.
O Teorema da Incompletude de Gödel não se aplica somente à matemática, mas a tudo que está sujeito às leis da lógica. A incompletude é verdade na matemática, e é igualmente verdade na ciência, na linguagem ou na filosofia.
E, se o Universo é matemático e lógico, a Incompletude também se aplica ao Universo.
Gödel criou sua prova começando com o “Paradoxo do Mentiroso” — que é a afirmação:
“Eu estou mentindo.”
“Eu estou mentindo” é autocontraditória, já que, se é verdade, eu não sou um mentiroso, e, se é falsa, eu sou um mentiroso, então é verdade.
Então Gödel, em um dos movimentos mais engenhosos da história da matemática, converteu o Paradoxo do Mentiroso em uma fórmula matemática. Ele provou que qualquer afirmação requer um observador externo.
Nenhuma afirmação sozinha pode completamente provar a si mesma como verdadeira.
O seu Teorema da Incompletude foi um golpe devastador no “positivismo” da época. Gödel provou o seu teorema preto no branco, e ninguém podia discutir com a sua lógica.
Ainda assim, alguns de seus amigos matemáticos foram para o túmulo negando, acreditando que de alguma forma ou outra Gödel deveria certamente estar errado.
Ele não estava errado. Era mesmo verdade. Existem mais coisas que são verdade do que você pode provar.
Uma “teoria de tudo” – seja na matemática, na física ou na filosofia – nunca será encontrada. Porque é impossível.
OK, o que isso então realmente significa? Por que isso é superimportante, e não apenas um factoide geek?
Isso é o que significa:
  • Fé e Razão não são inimigas. Na verdade, o exato oposto é verdade! Uma é absolutamente necessária para que a outra exista. Todo o raciocínio ao final leva de volta à fé em algo que você não pode provar.
  • Todos os sistemas fechados dependem de algo fora do sistema.
  • Você pode sempre desenhar um círculo maior, mas existirá sempre algo fora do círculo.
  • O raciocínio de um círculo maior para um menor é “raciocínio dedutivo.”
Exemplo de um raciocínio dedutivo:
1. Todos os homens são mortais
2. Sócrates é um homem
3. Portanto, Sócrates é mortal
  • O raciocínio de um círculo menor para um maior é “raciocínio indutivo.”
Exemplos de raciocínio indutivo:
1. Todos os homens que conheço são mortais
2. Portanto, todos os homens são mortais
1. Quando eu largo objetos, eles caem
2. Portanto, há uma lei da gravidade que governa objetos de caem
Note que quando você se move do círculo menor para o maior, você tem que fazer suposições que não pode provar 100%.
Por exemplo: você não pode PROVAR que a gravidade sempre será consistente todas as vezes. Você só pode observar que ela é consistentemente verdadeira toda vez. Você não pode provar que o Universo é racional. Você só pode observar que fórmulas matemáticas como E = mc² parecem sim descrever perfeitamente o que o Universo faz.
Praticamente todas as leis científicas estão baseadas no raciocínio indutivo. Estas leis apoiam-se em uma afirmação de que o Universo é lógico e baseado em leis fixas que podem ser descobertas.
Você não pode PROVAR isto. (Você não pode provar que o sol virá amanhã de manhã também.) Você literalmente tem que usar a fé. Na verdade, a maioria das pessoas não sabem que além do círculo da ciência existe um círculo da filosofia. A ciência está baseada em suposições filosóficas que você não pode provar cientificamente. Realmente, o método científico não pode provar, só pode inferir.
(A ciência originalmente surgiu da ideia de que Deus fez um Universo ordenado que observa leis fixas e que podem ser descobertas.)

Agora por favor considere o que acontece quando desenhamos o maior círculo possível – ao redor de todo o Universo.
 (Se existem múltiplos universos, nós estamos desenhando um círculo ao redor deles todos também.):
  • Tem que existir algo fora desse círculo. Algo que nós temos que assumir mas não podemos provar.
  • O Universo como nós conhecemos é finito – matéria finita, energia finita, espaço finito e 13,7 bilhões de anos de idade.
  • O Universo é matemático. Qualquer sistema físico sujeito a medição executa a aritmética. (Você não precisa conhecer matemática para fazer uma adição – você pode usar um ábaco em vez disso e ele lhe dará a resposta certa todas as vezes.)
  • O Universo (toda a matéria, energia, espaço e tempo) não pode explicar a si mesmo.
  • O que quer que esteja fora do maior círculo não tem limites. Por definição, não é possível desenhar um círculo ao redor dele.
  • Se desenharmos um círculo ao redor de toda a matéria, energia, espaço e tempo e aplicar o teorema de Gödel, então saberemos que o que está fora desse círculo não é matéria, não é energia, não é espaço e não é tempo. É imaterial.
  • O que quer que esteja fora do maior círculo não é um sistema – i.e. não é um conjunto de partes. De outra forma poderíamos desenhar um círculo ao redor delas. A coisa fora do maior círculo é indivisível.
  • O que quer que esteja fora do maior círculo é uma causa não-causada, porque você sempre pode desenhar um círculo ao redor de um efeito.
Nós podemos aplicar o mesmo raciocínio indutivo à origem da informação:
  • Na história do Universo, nós também podemos ver a introdução da informação, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás. Ela veio na forma do código genético, que é simbólico e imaterial.
  • A informação teve que vir de fora, já que a informação não é conhecida por ser uma propriedade inerente da matéria, energia, espaço ou tempo.
  • Todos os códigos cuja origem conhecemos são projetadospor seres conscientes.
  • Portanto, o que quer que esteja fora do círculo maior é um ser consciente.
Em outras palavras, quando adicionamos a informação à equação, concluímos que a coisa fora do maior círculo não só é infinita e imaterial, como também é consciente.
Não é interessante como todas estas coisas soam suspeitamente similar a como os teólogos têm descrito Deus por milhares de anos?
Então é dificilmente surpreendente que entre 80 e 90% das pessoas do mundo acreditam em algum conceito de Deus. Sim, é intuitivo para a maioria do pessoal. Mas o teorema de Gödel indica que é também supremamente lógico. De fato, é a única posição que alguém pode tomar e ficar nos domínios da razão e da lógica.
A pessoa que orgulhosamente proclama: “Você é um homem da fé, mas eu sou um homem da ciência” não entende as raízes da ciência e a natureza do conhecimento!
Interessantemente à parte…
Se você visitar o maior website ateu do mundo, Infidels, na página inicial você encontrará a seguinte declaração:
“O Naturalismo é a hipótese que o mundo natural é um sistema fechado, o que significa que nada que não seja parte do mundo natural o afeta.”
Se você conhece o teorema de Gödel, você sabe que todos os sistemas lógicos devem contar com algo fora do sistema. Então, de acordo com o Teorema da Incompletude de Gödel, o Infidels não pode estar correto. Se o Universo é lógico, ele tem uma causa externa.
Assim, o ateísmo viola as leis a razão e da lógica.
O Teorema da Incompletude de Gödel prova definitivamente que a ciência não pode jamais preencher suas próprias lacunas. Nós não temos escolha a não ser procurar fora da ciência por respostas.
A Incompletude do Universo não é a prova que Deus existe. Mas… É a prova de, para se construir um modelo racional e científico do Universo, a crença em Deus não é somente 100% lógica… ela é necessária.
Os 5 postulados de Euclides não podem ser formalmente provados e Deus também não pode ser formalmente provado. Mas… assim como você não pode construir um sistema coerente de geometria sem os 5 postulados de Euclides, você também não pode construir uma descrição coerente do Universo sem uma Primeira Causa e uma Fonte de ordem.
Assim, fé e ciência não são inimigas, mas aliadas. Tem sido verdade por centenas de anos, mas em 1931 este jovem magricelo matemático austríaco chamado Kurt Gödel provou.
Em nenhuma época na história da humanidade a fé em Deus tem sido mais razoável, mais lógica ou mais amplamente apoiada pela ciência e pela matemática.
Perry Marshall (traduzido para o português por Mateus Scherer Cardoso)
“Sem matemática nós não podemos penetrar profundamente na filosofia.
Sem filosofia nós não podemos penetrar profundamente na matemática.
Sem ambas nós não podemos penetrar profundamente em nada.”
Leibniz
“A matemática é a linguagem pela qual Deus escreveu o Universo”
Galileu


Leitura adicional:
Incompleteness: The Proof and Paradox of Kurt Gödel” (em inglês) por Rebecca Goldstein – biografia fantástica e uma grande leitura
Uma coleção de citações e notas sobre a prova de Gödel’s da Miskatonic University Press (em inglês)
A descrição formal do Teorema da Incompletude de Gödel’s na Wikipédia(em inglês)
Ciência vs. Fé na CoffeehouseTheology.com (em inglês)
Teoria da Informação: “If you can read this, I can prove God exists” (em inglês)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A palavra-gatilho


Olavo de Carvalho - Filósofo
Publicado no Diário do Comércio
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Se você é treinado para ter sempre as mesmas reações diante das mesmas palavras, acaba enxergando somente o que é capaz de dizer, e dificilmente consegue pensar diferente do que os donos do vocabulário o mandaram pensar.

Em artigo anterior, mencionei alguns termos da "língua de pau" que domina hoje o debate público no Brasil, inclusive e sobretudo entre intelectuais que teriam como obrigação primeira analisar a linguagem usual, libertando-a do poder hipnótico dos chavões e restaurando o trânsito normal entre língua, percepção e realidade.
Mas estou longe de pensar que os chavões são inúteis. Para o demagogo e charlatão, eles servem para despertar na plateia, por força do mero automatismo semântico decorrente do uso repetitivo, as emoções e reações desejadas. Para o estudioso, são a pedra de toque para distinguir entre o discurso da demagogia e o discurso do conhecimento. Sem essa distinção, qualquer análise científica da sociedade e da política seria impossível.
A linguagem dos chavões caracteriza-se por três traços inconfundíveis:
1) Aposta no efeito emocional imediato das palavras, contornando o exame dos objetos e experiências correspondentes.
2)   Procura dar a impressão de que as palavras são um traslado direto da realidade, escamoteando a história de como seus significados presentes se formaram pelo uso repetido, expressão de preferências e escolhas humanas. Confundindo propositadamente palavras e coisas, o agente político dissimula sua própria ação e induz a plateia a crer que decide livremente com base numa visão direta da realidade.
3)  Confere a autoridade de verdades absolutas a afirmações que, na melhor das hipóteses, têm uma validade relativa.
Um exemplo é o uso que os nazistas faziam do termo "raça". É um conceito complexo e ambíguo, onde se misturam elementos de anatomia, de antropologia física, de genética, de etnologia, de geografia humana, de política e até de religião.
A eficácia do termo na propaganda dependia precisamente de que esses elementos permanecessem mesclados e indistintos, formando uma síntese confusa capaz de evocar um sentimento de identidade grupal. Eis por que a Gestapo mandou apreender o livro de Eric Voegelin, História da Ideia de Raça (1933), um estudo científico sem qualquer apelo político: para funcionar como símbolo motivador da união nacional, o termo tinha de aparecer como a tradução imediata de uma realidade visível, não como aquilo que realmente era – o produto histórico de uma longa acumulação de pressupostos altamente questionáveis.
Do mesmo modo, o termo "fascismo", que cientificamente compreendido se aplica com bastante propriedade a muitos governos esquerdistas do Terceiro Mundo (v. A. James Gregor, The Ideology of Fascism, 1969, eInterpretations of Fascism, 1997), é usado pela esquerda como rótulo infamante para denegrir ideias tão estranhas ao fascismo como a liberdade de mercado, o anti-abortismo ou o ódio popular ao Mensalão.
Certa vez, num debate, ouvi um ilustre professor da USP exclamar "liberalismo é fascismo!". Gentilmente pedi que a criatura citasse um exemplo – unzinho só – de governo fascista que não praticasse um rígido controle estatal da economia. Não veio nenhum, é claro. A palavra "fascismo", na boca do distinto, não era o signo de uma ideia ou coisa: era uma palavra-gatilho, fabricada para despertar reações automáticas.
Deveria ser evidente à primeira vista que os termos usados no debate político e cultural raramente denotam coisas, objetos do mundo exterior, mas sim um amálgama de conjecturas, expectativas e preferências humanas; que, portanto, nenhum deles tem qualquer significado além do feixe de contradições e dificuldades que encerra, através das quais, e só através das quais, chegam a designar algo do mundo real. Você pode saber o que é um gato simplesmente olhando para um gato, mas "democracia", "liberdade", "direitos humanos", "igualdade", "reacionário", "preconceito", "discriminação", "extremismo" etc. são entidades que só existem na confrontação dialética de ideias, valores e atitudes. Quem quer que use essas palavras dando a impressão de que refletem realidades imediatas, não problemáticas, reconhecíveis à primeira vista, é um demagogo e charlatão.
Aquele que assim escreve ou fala não quer despertar em você a consciência de como as coisas se passam, mas apenas uma reação emocional favorável à pessoa dele, ao partido dele, aos interesses dele. É um traficante de entorpecentes posando de intelectual e professor.
A frequência com que as palavras-gatilho são usadas no debate nacional como símbolos de premissas autoprobantes, valores inquestionáveis e critérios infalíveis do certo e do errado já mostra que o mero conceito da atividade intelectual responsável desapareceu do horizonte mental das nossas "classes falantes", sendo substituído por sua caricatura publicitária e demagógica.
Como chegamos a esse estado de coisas? Investigá-lo é trabalhoso, mas não substancialmente complicado. É só rastrear o processo da "ocupação de espaços" na mídia, no ensino e nas instituições de cultura, que foi, pelo uso obsessivamente repetitivo de chavões, uniformizando a linguagem dos debates públicos e imantando de valores positivos ou negativos, atraentes ou repulsivos, um certo repertório de palavras que então passaram a ser utilizadas como gatilhos de reações automatizadas, uniformes, completamente predizíveis.
Se você é treinado para ter sempre as mesmas reações diante das mesmas palavras, acaba enxergando somente o que é capaz de dizer, e dificilmente consegue pensar diferente do que os donos do vocabulário o mandaram pensar.
Esse foi um dos principais mecanismos pelos quais a festiva "democratização" do Brasil acabou extinguindo, na prática, a possibilidade de qualquer debate substantivo sobre o que quer que seja.  

Olavo de Carvalho

Publicado no Diário do Comércio.

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mercado das Pulgas


Por Raquel Nascimento Pereira

Hoje eu estive no Mercado das Pulgas. Para quem não conhece, o Mercado das Pulgas é a loja dos antigos valores, onde se encontram aquelas salas de jantar majestosas, revestidas de nobreza e dignidade, daquele tempo em que o pai tinha o seu lugar reservado na cabeceira da mesa e era honrado e respeitado por sua esposa e seus filhos.

Encontrei também quartos de casal magníficos, camas em madeira-de-lei maciça, pesadas, talhadas à mão e com detalhes em dourado, revelando a durabilidade dos laços matrimoniais, que eram eternos.

Encontrei ainda penteadeiras lindíssimas, cujos espelhos de cristal devem ter refletido a pureza das mulheres em seus vestidos recatados e ornados de lindas jóias, presentes que ganhavam de seus maridos apaixonados. Tudo era belíssimo, tudo revelava grandeza, amor, dedicação, assim como viviam os homens e as mulheres daquela época.

Saí dali e no caminho passei em frente das Casas Bahia. Parei e observei as camas, todas em MDF ou MDP, tão fugazes quanto as paixões das pessoas que nelas se deitam, tão frágeis quanto o elo entre as famílias atuais.

Perdemos o senso da beleza, assim como perdemos o senso moral. Amamos tanto o feio que o bonito ficou ultrapassado. Moderno é ser feio. Uma moça pura é antiquada. Talvez seja mesmo, assim como aqueles móveis do Mercado das Pulgas.

A beleza exterior revela a beleza interior.  Assim como está a nossa casa, está o nosso coração. 
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MERCADO DAS PULGAS
Av. Silva Jardim, 57, Rebouças - Curitiba/PR

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Maria Santíssima e a administração dos conflitos


Padre João Batista Chemin
Reitor do Seminário Filosófico Bom Pastor
Arquidiocese de Curitiba
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Segundo os estudos científicos, um dos sinais de maturidade psicológica presente nas pessoas é a tolerância diante das provações, das dificuldades, dos sofrimentos, dos conflitos.
A partir dessa constatação, percebe-se este sinal de maturidade psicológica, a saber, esta virtude da tolerância diante dos conflitos, das provações, das dificuldades, dos sofrimentos na pessoa de Maria Santíssima, Mãe de Deus, Mãe de todos nós. À medida que iam aparecendo os conflitos, ela os aceitava, confiante.
Nas Sagradas Escrituras estão registradas algumas passagens em que Maria demonstra a sabedoria na administração dos conflitos:
• A gravidez de Maria Santíssima: A dúvida que toma conta de Maria: como convencer José, os seus parentes, as suas amigas de que está grávida por obra do Espírito Santo?
• A rejeição de José (cf. Mt 1,19):  José era um homem bom e justo. Maria ficou três meses com Isabel, tempo suficiente para que José se convencesse da inocência dela.
• A longa viagem de Maria, grávida, para Jerusalém: São mais de cem quilômetros de distância entre Nazaré e Belém. Maria não reclama, não se queixa.
• Maria em Belém é rejeitada pelos seus parentes: Maria e José chegaram a Belém para o recenseamento. O dia do nascimento de Jesus vai chegando e ninguém se importa com eles.
• Profecia de Simeão: Quanta angústia de Maria ao ouvir as palavras de Simeão que “uma espada transpassará sua alma”.
• Fuga ao Egito: Quanta aflição ao saber que o rei Herodes, por inveja, queria matar o menino Jesus.
• Maria e os apóstolos: Todos os apóstolos, menos João, depois da prisão de Jesus, fugiram. Maria não critica ninguém.
• Maria e a paixão e morte de seu filho Jesus: Quando uma pessoa perde os seus avós e os seus pais, chamamos de crise evolutiva. Agora, quando uma pessoa perde o seu filho ou a sua filha, trata-se de uma crise traumática. Maria vivenciou a crise traumática. Maria não se irrita. Maria não reclama da vida. Ela aceita e confia no Pai.
Diante desse contexto, pergunta-se: Qual é o segredo de Maria para ser tolerante diante de tantos sofrimentos? O segredo está na sua vida dedicada à oração. Após a ressurreição de seu filho Jesus, Maria e os apóstolos estão reunidos no cenáculo (cf. Atos dos Apóstolos 1,14).
Portanto, pelas atitudes que Maria tomou face ao seu cotidiano, pelas reações equilibradas face às suas provações, aos seus sofrimentos, todos os cristãos são chamados, através da sua espiritualidade contemplativa, a bem administrarem os sofrimentos que porventura surgirem em suas vidas.
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terça-feira, 22 de maio de 2012

Sobre as riquezas da Igreja Católica

Recebi esta matéria por e-mail e publico aqui.
Autoria: Bryan
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Oras, é muito fácil olhar uma coisa e achar "bonito" e sair espalhando por aí o que todo mundo tá falando, sem procurar saber como as coisas realmente são. O mais triste é que muitas pessoas católicas ou não, e que sabem que o sistema não é assim, se calam por medo e muitas vezes repassam essas mentiras que circulam por aí.

Mas agora vamos aos esclarecimentos, tudo o que está escrito aqui é verdade, existem provas e fatos.
Para quem acha que a Igreja Católica é um lugarzinho onde os padres falam "é porque Deus quis assim e pronto" aqui vai uma informação: a Igreja Católica é a instituição com o maior número de prêmios Nobel do mundo, ou seja, a Pontifícia Academia de Ciências conta com o maior número de membros laureados com prêmio Nobel, sendo que foram majoritariamente escolhidos como membros da Academia bem antes de serem premiados, e quem pensa que essa academia é um clubinho onde padres se reúnem, tá bem enganado, muitos dos cientistas membros, provenientes de todo o mundo, não são católicos.
E como eu gosto de matar a cobra e mostrar o pau, vou disponibilizar links, para quem quiser olhar e verificar:

http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2007/10/10/mais-dois-premios-nobel-na-academia-pontificia-das-ciencias/

http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2007/10/10/mais-dois-premios-nobel-na-academia-pontificia-das-ciencias/

Agora, sobre a questão dessa foto que está circulando por aí, você sabia que a Igreja Católica é a maior Instituição de Caridade do Mundo? Nossa, que contraditório isso, não ?
Sabia que se a Igreja Católica saísse da África, 60% das escolas e hospitais seriam fechados?
Sabia que quando a epidemia de Aids estourou nos EUA e as autoridades não sabiam o que fazer, eles chamaram as freiras da Igreja para cuidar dos doentes, porque ninguém mais queria fazê-lo ?
Que no Brasil, até 1950, quando não existia nenhuma política de saúde pública, eram as casas de caridade que cuidavam das pessoas que não tinham condições de pagar um hospital?
Ora, vejamos só.
A Igreja Católica mantém na Ásia:
1.076 hospitais
3.400 dispensários
330 leprosários
1.685 asilos
3.900 orfanatos
2.960 jardins de infância

Na África:
964 hospitais
5.000 dispensários
260 leprosários
650 asilos
800 orfanatos
2.000 jardins de infância

Na América:
1.900 hospitais
5.400 dispensários
50 leprosários
3.700 asilos
2.500 orfanatos
4.200 jardins de infância

Na Oceania:
170 hospitais
180 dispensários
1 leprosario
360 asilos
60 orfanatos
90 jardins de infância

Na Europa:
1.230 hospitais
2.450 dispensários
4 Leprosários
7.970 asilos
2.370 jardins de infância

Alguém pode me dizer se existe qualquer outra pessoa, empresa ou instituição que faz pelo menos 1/4 do que está escrito acima?



Agora, "por que a Igreja não vende tudo o que tem para ajudar as pessoas necessitadas?"
Veja só, a Igreja não poderia vender o que ela tem nem se ela quisesse, os bens da Igreja Católica são patrimônio de Roma e dos países em que ela está presente. Além do mais, existe o Tratado de Latrão, que impede a Igreja de vender o que está no Vaticano. Lembrando também que o trono não é de ouro, é bronze dourado em madeira. Gian Lorenzo Bernini, o maior escultor do século XVII e também um extraordinário arquiteto, em 1657 começou o Trono de São Pedro, ou Cathedra Petri, uma cobertura em bronze dourado do trono em madeira do papa, que foi terminada em 1666. Mas vamos pensar que a Igreja deva vender tudo. Se fosse assim, talvez todos os museus de mundo também devessem vender as suas artes para ajudar no combate da miséria, talvez todos os países devessem dar as suas riquezas, talvez todas as pessoas devessem dar o que têm, talvez você deva dar este seu computador, que está usando agora, para ajudar na luta contra a miséria.

Link sobre o ''Trono de ouro'':


E aí, que tal ?
E ainda tem gente que diz que a Igreja é ignorante, que não se preocupa com a ciência, que não faz caridade, que tapa os olhos diante das coisas do mundo.

Peço desculpas se alguém se sentir ofendido, mas tudo que escrevi aqui é verdade, pode procurar além das fontes contidas aqui e conferir.
Mas primeiramente quem se sentiu ofendido fui eu, porque pessoas que não sabem nada sobre a minha fé andam espalhando essas falsas informações por aí. Portanto, eu não poderia ficar calado de braços cruzados, então criei esta contra campanha.
Peço aos Católicos, aqueles que são realmente Católicos e não têm vergonha nem medo de assumir isso e a todos que concordam com o que eu escrevi, sendo Católicos ou não, que divulguem minha proposta para podermos acabar com essas mentiras que circulam por aí. Se tiverem dúvida, podem me incomodar, porque o que eu souber vou tentar usar pra esclarecer.
Eu sei que o texto já está meio grande, mas esse é um tema que não dá pra dividir ou deixar algumas partes de lado, por isso sempre que consigo mais informações, eu as adiciono aqui.
Agradeço a paciência dos que leram, agradeço às pessoas que compartilharam esta campanha, agradeço pelas informações a mais que me forneceram para enriquecer esse texto e agradeço principalmente ao meu pároco, que me proporcionou conhecimento sobre este e diversos outros assuntos. E me desculpem pelo "porcurar" na imagem, mas enfim, ninguém é perfeito né? 

XD
Compartilhem.

Obrigado.
BRYAN
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O EXEMPLO DO COMBATE AO DEMÔNIO VEM DA HUNGRIA!!!

Alguns itens da nova Contituição Húngara, democraticamente aprovada:
1. Referência explicita a Deus ( "Deus abençoe os Húngaros").
2. Imposto único de 16% sobre a renda.
3. O embrião está protegido, ao afirmar que ele é um ser humano desde o começo da gravidez.
4. O casamento só pode ser realizado entre um homem e uma mulher.
5. A Constituição torna "responsável por crimes comunistas" e compromete, até 1989, os líderes do Partido Socialista atual (ex-comunistas).

Fonte:
La nouvelle Constitution hongroise leur fait peur
Le Monde critique la nouvelle constitution que s'est démocratiquement donnée la Hongrie, et, au vu des critiques, on comprend la peur du Monde ("accents nationalistes", "réformes très controversées", "régime qui isole le pays", "autoritarisme"):
l'appellation "République de Hongrie" disparaît au profit de la seule "Hongrie".
une référence explicite à Dieu("Dieu bénisse les Hongrois") est désormais inscrite.
la loi sur la stabilité financière inscrit dans le marbre le taux unique de 16 % de l'impôt sur le revenu
la Constitution rend rétroactivement "responsables des crimes communistes" commis jusqu'en 1989 les dirigeants de l'actuel Parti socialiste (ex-communiste).
La nouvelle Constitution protège l'embryon, en affirmant qu'il est un être humain dès le début de la grossesse. Pour Le Monde, ce serait une atteinte à la vie privée ! Ce n'est pourtant pas une atteinte à la vie -tout court.
le texte stipule que le mariage ne peut avoir lieu qu'entre un homme et une femme.
Voilà qui pourrait donner des idées à d'autres pays de l'UE. 2012 commence bien.
Lu sur le Salon beige

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A MINHA GERAÇÃO: Nada para se orgulhar e tudo para se envergonhar

Copiado do Blog de Anatoli Oliynik
http://anatolliumblogpolitico-conservador.blogspot.com.br/

A MINHA GERAÇÃO: 
Nada para se orgulhar e tudo para se envergonhar
Por Anatoli Oliynik, 01/05/2012

A minha maior frustração na vida, e talvez a única, é ter pertencido a uma geração perdida que não tem nada do que se orgulhar e tudo para se envergonhar. Você, que me lê, talvez também faça parte desta geração. Se não faz, com certeza já foi ou será afetado por ela.
A grande missão de uma geração, segundo os meus conceitos cristãos, é entregar aos seus sucessores – filhos e netos – um conjunto de valores ainda melhor do que aquele que herdou dos seus pais, a geração que os antecedeu.
A minha geração fracassou fragorosamente. Fracassou em tudo. Uma geração que não conseguiu preservar os valores éticos, morais, religiosos e cristãos, recebidos de seus pais e avos e tão caros a eles, e não os transmitiu aos seus filhos e netos, ao contrário, produziu uma sociedade cuja base se assenta na inveja, no cinismo, na delinqüência, no paganismo, no materialismo, no narcisismo, no hedonismo, no niilismo e no ateísmo, além de revolucionária e psicótica.
Homossexualismo, legalização do assassinato de inocentes e indefesos, mulheres siliconadas, corpos artificiais, corpos deformados por furos em locais imagináveis e inimagináveis, que se mais parecem com os velhos armazéns de ferragens do que com um corpo humano, tatuagens horrendas, são alguns dos produtos da minha geração. A geração “PAZ E AMOR, BICHO!”
            De fato, impossível distinguir se ainda somos homens pertencentes à espécie humana ou já somos bichos pertencentes à subespécie animal dos irracionais. Peço escusas aos animais irracionais pela ousadia e ofensa da comparação. Eles, os animais irracionais, certamente, já são superiores. Nada lhes alterou a natureza ou as características da criação. Duas coisas nos distinguem deles: nós falamos e matamos os nossos semelhantes por paixão e prazer. Eles não falam, e aqueles que matam, fazem-no para preservação da espécie seguindo o ciclo natural pelo qual foram criados. Isso lhes dá superioridade, se comparados a minha geração. Razão das desculpas que dirijo a eles. São puros, autênticos, verdadeiros, seguem a natureza e respeitam-na.
            Se evolucionista fosse, diria que a minha geração está evoluindo celeremente para se transformar em AMEBA.
            Finalizando, mas não esgotando o assunto digo que acordei bem humorado e de bem com a vida, BICHO!!!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

REUNIÃO DE DEMÔNIOS


Dizem que Satanás convocou uma Convenção Mundial de Demônios. Em seu discurso de abertura, ele disse:
- Não podemos impedir os cristãos de irem à igreja. Não podemos impedi-los de ler as suas Bíblias e conhecerem a Verdade. Nem mesmo podemos impedi-los de formar um relacionamento íntimo com o seu Salvador. E, uma vez que eles ganham essa conexão com Jesus, o nosso poder sobre eles está quebrado. Então vamos deixá-los ir para suas igrejas, vamos deixá-los com os almoços e jantares que nelas eles organizam. Mas... vamos roubar-lhes o TEMPO que têm, de maneira que não sobre tempo algum para desenvolver um relacionamento com Jesus Cristo. O que eu quero que vocês façam é o seguinte: distraiam-nos, a ponto de que não consigam aproximar-se do seu Senhor.
- Como vamos fazer isso? - gritaram os seus demônios.
Ele respondeu-lhes:
- Mantenham-nos ocupados nas coisas não essenciais da vida, e inventem inumeráveis assuntos e situações que ocupem as suas mentes.
- Tentem-nos a gastarem, gastarem, e tomar emprestado, tomar emprestado.
-  Persuadam as suas esposas a irem trabalhar durante longas horas, e os maridos a trabalharem de 6 a 7 dias por semana, durante 10 a 12 horas por dia, a fim de que eles tenham capacidade financeira para manter os seus estilos de vida fúteis e vazios.
- Criem situações que os impeçam de passar algum tempo com seus filhos.
- À medida que suas famílias forem se fragmentando, muito em breve seus lares já não mais oferecerão um lugar de paz para se refugiarem das pressões do trabalho.
- Estimulem suas mentes com tanta intensidade que eles não possam mais escutar aquela voz suave e tranquila que orienta seus espíritos.
- Encham as mesinhas de centro de todos os lugares com revistas de fofocas.
- Bombardeiem as suas mentes com notícias, 24 horas por dia.
- Invadam os momentos em que estão dirigindo, fazendo-os prestar atenção a cartazes chamativos.
- Inundem as suas caixas de correio com mensagens totalmente inúteis, catálogos de lojas que oferecem vendas pelo correio, loterias, bolos de apostas, ofertas de produtos gratuitos, serviços e falsas esperanças.
- Mantenham lindas e delgadas as modelos nas revistas e na TV, para que seus maridos acreditem que a beleza externa é o que é importante e eles se tornarão mal satisfeitos com suas próprias esposas.
- Mantenham as esposas demasiadamente cansadas para amarem seus maridos à noite, e dê-lhes estresse, desconforto e dor de cabeça também. Se elas não derem a seus maridos o amor que eles necessitam, eles então começarão a procurá-lo em outro lugar, e isto, sem dúvida, fragmentará as suas famílias rapidamente.
- Dê-lhes Papai Noel, para que esqueçam a necessidade de ensinarem aos seus filhos o significado do Natal.
- Dê-lhes o Coelho da Páscoa, para que eles não falem sobre a Ressurreição de Jesus Cristo e do Seu poder sobre o pecado e a morte.
- Até mesmo quando estiverem se divertindo, se distraindo, que tudo seja feito com excessos, para que, ao voltarem dali, estejam exaustos.
- Mantenha-os de tal modo ocupados que nem pensem em caminhar na natureza, e assim não reflitam na criação de Deus. Ao invés disso, mande-os somente aos parques de diversão, acontecimentos esportivos, peças de teatro, concertos e ao cinema. Mantenha-os ocupados, ocupados.
- E, quando se reunirem para um encontro, ou mesmo uma reunião espiritual, envolva-os em mexericos e conversas sem importância, para que, ao saírem, o façam com as consciências pesadas.
- Encham as vidas de todos eles com tantas causas nobres e importantes a serem defendidas, que eles se achem importantes, poderosos, mais capazes que o seu Deus.
- Muito em breve eles estarão buscando em suas próprias forças as soluções para seus problemas e causas que defendem, sacrificando sua saúde e suas famílias pelo bem da causa.
- Isto vai funcionar! Vai funcionar!

Os demônios ansiosamente partiram para cumprir as determinações do Chefe, fazendo com que os cristãos, em todo o mundo, ficassem mais ocupados e mais apressados, indo daqui para ali e vice-versa, tendo pouco tempo para Deus e para suas famílias, finalmente esquecendo-se do seu Deus.

Creio que a pergunta é: Teve o diabo sucesso nas suas maquinações?

domingo, 15 de abril de 2012

POIS QUE VENHA O DILÚVIO!

por Raquel Nascimento Pereira

Estou começando a pensar que num futuro bem próximo tudo isso vai acontecer mesmo. Não haverá mais ninguém que impeça a liberação do aborto, a utilização de fetos ou a construção de humanos híbridos para “experiências científicas”, a liberação das drogas, a inversão dos valores morais, o cisma na Igreja (retrógrada), a concupiscência dentro dos lares, a destruição da família (instituição falida), a descriminalização de todos os demais crimes... e tudo será permitido, “como o diabo gosta”. 

Enfim, a humanidade toda, enfraquecida, mergulhada na miséria moral, agonizando, sucumbirá. Desta vez não será a queda da Babilônia, nem a queda do Império Romano, mas a queda da humanidade inteira. Sim, tudo irá mesmo ruir - com a conivência de muitos de nós - e será devastador.  A guerra e a fome virão em seguida, para completar o cenário. E então os poderosos deste mundo brindarão a sua vitória: atingiram o seu objetivo.

Mas a alegria deles vai durar pouco. Pois o que será que farão esses donos-do-mundo quando se derem conta de que governam um bando de mortos-vivos estirados em terra árida? Será que pensaram mesmo que isso daria certo? Tão astutos e tão burros! Deixaram de lado a sabedoria, esqueceram-se de que cada um colhe o que planta, invariavelmente. Tanto tempo perdido, tanto dinheiro investido para dar em nada! Derrotados, lamentarão a sua incompetência e, culpando-se mutuamente, submergirão no lamaçal da sua própria arrogância. "Quem vive de churrasco cria boi gordo!", já dizia eu. Simples assim.

Finalmente, quando a humanidade tiver sido dizimada pelo poder do mal e quando o mal vier à falência por não ter mais a quem subjugar, ficaremos quites: zero a zero. No entanto, há uma carta na manga: nesse momento - e só então - sorrateiramente surgirá do nada um pequeno resto (porque sempre há um pequeno resto) renascendo das cinzas, empunhando um raio de luz. Saindo silenciosamente da sua Arca de Noé, de par em par, esta nova raça de homens, mulheres e crianças começará tudo de novo. Um a zero.

E assim nascerá uma nova humanidade. Um novo Adão e uma nova Eva para contarem uma nova História. Quem de nós fará parte desse grupo?
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quarta-feira, 11 de abril de 2012

MÁ FORMAÇÃO CONGÊNITA É MOTIVO PARA ABORTAR?

Hoje o Brasil discute sobre o aborto.  Pois aqui vai a minha história.

Engravidei com 30 anos da minha filha caçula. Eu já tinha três filhos, com 12, 9 e 8 anos. O filho mais novo pegou rubéola na escola, contaminando seus irmãos e a mim, na minha terceira semana de gravidez. Mal eu soube que estava grávida e já estava contaminada pela rubéola.

RUBÉOLA CONGÊNITA
A transmissão da rubéola ao feto se dá principalmente por ocasião da infecção materna. A passagem transplacentária do vírus ocorre durante a viremia materna e estudos epidemiológicos mostram que esta transmissão é altamente provável quando a infecção se dá no primeiro trimestre da gestação, sendo de suma gravidade a ação teratogênica (terato = monstro; gênica = gens) neste período. A incidência de malformações varia de acordo com o momento da infecção materna: 40-60% de risco nos dois primeiros meses de gestação (aborto espontâneo ou defeitos congênitos múltiplos), 30-35% no 3º mês (surdez ou doença coronariana congênita), caindo para 10% no 4º mês. A partir do 5º mês de gravidez, o risco de lesão fetal é praticamente nulo.
O recém-nascido infectado vai se transformar em reservatório do vírus, propagando a doença aos seus contatos, já que sua eliminação pode se dar até 18 ou 24 meses de idade. 
O quadro clínico da rubéola congênita é visto como uma doença crônica e progressiva, frequentemente silenciosa na sua evolução, sendo que os casos assintomáticos são em número muito maior do que os sintomáticos, mas nem por isso causam menos prejuízo à criança. Além disso, deve-se lembrar que crianças que foram infectadas intra-útero e se mostram aparentemente normais ao nascimento podem apresentar as manifestações tardias da rubéola congênita, que estão associadas com a persistência e reativação do vírus e também com mecanismos auto-imunes (diabetes mellitus) em alguns casos. 
Os casos clínicos sintomáticos podem apresentar uma variedade muito grande de sinais que já estão presentes ao nascimento ou que vão se evidenciar dentro do primeiro ano de vida.

Fui ao obstetra, que me advertiu da grande possibilidade de má formação do feto e me indicou o aborto, marcando uma data para o procedimento.  Apesar de eu não ter nenhuma religião naquela época, havia o senso moral: o aborto era algo que eu não aceitaria.  Fui para casa pensativa e um tanto amedrontada. Não falei para ninguém, nem mesmo para meu marido.
Naquela época, minha sogra morava em Rondônia. Ela é evangélica e mandou um recado por telefone para mim, através do trabalho do meu marido, dizendo: “Eu estive na igreja ontem e tenho um recado para a Raquel. Diga a ela que a doença não passou para a criança.” Meu marido chegou em casa à noite e me passou o recado, sem saber direito do que se tratava e que a data para o aborto já estava agendada.
No dia do “procedimento cirúrgico”, durante a consulta preliminar perguntei ao médico se havia possibilidade de a rubéola não ter contaminado o feto. Ele riu, disse que compreendia a minha aflição, mas que infelizmente o vírus da rubéola atravessa a placenta. Então, pedi-lhe um exame no cordão umbilical do feto. Para não me desagradar, o médico concordou e naquele dia realizou esse exame.

Aspectos Imunológicos: na gestante, a IgG cruza a placenta e esta transferência passiva só ocorre de maneira substancial após a 16ª até a 20ª semana, sendo que antes dessa época somente 5-10% dos níveis de anticorpos maternos são detectados no sangue fetal. Por outro lado, a resposta fetal humoral só se torna efetiva também por volta da segunda metade da gestação, quando se consegue encontrar anticorpos fetais em quantidades tituláveis. Desta maneira, existe um hiato de alguns meses entre a época de infecção do concepto (quando ela ocorre nas primeiras semanas da gestação) e a resposta imune efetiva, deixando campo aberto para que a invasão viral do feto se faça de maneira devastadora, atingindo praticamente todos os órgãos. 
Normalmente, durante a 19ª à 25ª semana, o anticorpo IgM específico fetal pode ser detectado e, a partir daí, ele aumenta gradativamente até constituir parcela importante do pool de anticorpos do cordão umbilical. Às vezes, se a infecção é muito severa, encontra-se também a IgA fetal. A IgG fetal também é produzida em pequenas quantidades, mas se confunde com a IgG materna. 
Resumindo, por ocasião do nascimento o sangue de cordão de um recém-nascido infectado contém:
IgG materna em grandes quantidades;
IgA e IgM fetal e;
IgG fetal ( em pequenas quantidades ).
A IgM fetal continua a ser produzida de 3 a 5 meses após o nascimento, se tornando a imunoglobulina dominante neste período devido à baixa de IgG materna pelo catabolismo natural. Mais tarde, quando diminui a replicação viral, usualmente após o 6º mês, cai o nível de IgM e começa a aumentar IgG, desta vez de origem da criança, já que por essa ocasião a IgG materna praticamente inexiste.
Níveis altos de IgG são mantidos durante vários anos, variando consideravelmente entre pacientes, demonstrando de maneira indireta que a replicação viral continua por tempo variável.

No dia seguinte fui buscar o resultado e encontrei o médico surpreso: por algum motivo, a minha rubéola não havia contaminado o bebê.

Bárbara nasceu com oito meses de gestação, 3,5kg e 52cm, em perfeita saúde e mais: imune à rubéola. Hoje tem 21 anos. Em 2011 formou-se em Administração, trabalha e é independente. Ela mesma diz: "Sinto que tenho algo muito importante para fazer nesta vida!" Sim, por certo Bárbara não veio à toa para este mundo.



domingo, 1 de abril de 2012

A HISTÓRIA OFICIAL DE 1964

Olavo de Carvalho
O Globo, 19 de janeiro de 1999

Se houve na história da América Latina um episódio sui generis, foi a Revolução de Março (ou, se quiserem, o golpe de abril) de 1964. Numa década em que guerrilhas e atentados espoucavam por toda parte, seqüestros e bombas eram parte do cotidiano e a ascensão do comunismo parecia irresistível, o maior esquema revolucionário já montado pela esquerda neste continente foi desmantelado da noite para o dia e sem qualquer derramamento de sangue.

O fato é tanto mais inusitado quando se considera que os comunistas estavam fortemente encravados na administração federal, que o presidente da República apoiava ostensivamente a rebelião esquerdista no Exército e que em janeiro daquele ano Luís Carlos Prestes, após relatar à alta liderança soviética o estado de coisas no Brasil, voltara de Moscou com autorização para desencadear – por fim! – a guerra civil no campo. Mais ainda, a extrema direita civil, chefiada pelos governadores Adhemar de Barros, de São Paulo, e Carlos Lacerda, da Guanabara, tinha montado um imenso esquema paramilitar mais ou menos clandestino, que totalizava não menos de 30 mil homens armados de helicópteros, bazucas e metralhadoras e dispostos a opor à ousadia comunista uma reação violenta. Tudo estava, enfim, preparado para um formidável banho de sangue.

Na noite de 31 de março para 1o. de abril, uma mobilização militar meio improvisada bloqueou as ruas, pôs a liderança esquerdista para correr e instaurou um novo regime num país de dimensões continentais – sem que houvesse, na gigantesca operação, mais que duas vítimas: um estudante baleado na perna acidentalmente por um colega e o líder comunista Gregório Bezerra, severamente maltratado por um grupo de soldados no Recife. As lideranças esquerdistas, que até a véspera se gabavam de seu respaldo militar, fugiram em debandada para dentro das embaixadas, enquanto a extrema-direita civil, que acreditava ter chegado sua vez de mandar no país, foi cuidadosamente imobilizada pelo governo militar e acabou por desaparecer do cenário político.

Qualquer pessoa no pleno uso da razão percebe que houve aí um fenômeno estranhíssimo, que requer investigação. No entanto, a bibliografia sobre o período, sendo de natureza predominantemente revanchista e incriminatória, acaba por dissolver a originalidade do episódio numa sopa reducionista onde tudo se resume aos lugares-comuns da "violência" e da "repressão", incumbidos de caracterizar magicamente uma etapa da história onde o sangue e a maldade apareceram bem menos do que seria normal esperar naquelas circunstâncias.

Os trezentos esquerdistas mortos após o endurecimento repressivo com que os militares responderam à reação terrorista da esquerda, em 1968, representam uma taxa de violência bem modesta para um país que ultrapassava a centena de milhões de habitantes, principalmente quando comparada aos 17 mil dissidentes assassinados pelo regime cubano numa população quinze vezes menor. Com mais nitidez ainda, na nossa escala demográfica, os dois mil prisioneiros políticos que chegaram a habitar os nossos cárceres foram rigorosamente um nada, em comparação com os cem mil que abarrotavam as cadeias daquela ilhota do Caribe. E é ridículo supor que, na época, a alternativa ao golpe militar fosse a normalidade democrática. Essa alternativa simplesmente não existia: a revolução destinada a implantar aqui um regime de tipo fidelista com o apoio do governo soviético e da Conferência Tricontinental de Havana já ia bem adiantada. Longe de se caracterizar pela crueldade repressiva, a resposta militar brasileira, seja em comparação com os demais golpes de direita na América Latina seja com a repressão cubana, se destacou pela brandura de sua conduta e por sua habilidade de contornar com o mínimo de violência uma das situações mais explosivas já verificadas na história deste continente.

No entanto, a historiografia oficial – repetida ad nauseam pelos livros didáticos, pela TV e pelos jornais – consagrou uma visão invertida e caricatural dos acontecimentos, enfatizando até à demência os feitos singulares de violência e omitindo sistematicamente os números comparativos que mostrariam – sem abrandar, é claro, a sua feiúra moral – a sua perfeita inocuidade histórica.

Por uma coincidência das mais irônicas, foi a própria brandura do governo militar que permitiu a entronização da mentira esquerdista como história oficial. Inutilizada para qualquer ação armada, a esquerda se refugiou nas universidades, nos jornais e no movimento editorial, instalando aí sua principal trincheira. O governo, influenciado pela teoria golberiniana da "panela de pressão", que afirmava a necessidade de uma válvula de escape para o ressentimento esquerdista, jamais fez o mínimo esforço para desafiar a hegemonia da esquerda nos meios intelectuais, considerados militarmente inofensivos numa época em que o governo ainda não tomara conhecimento da estratégia gramsciana e não imaginava ações esquerdistas senão de natureza inssurrecional, leninista. Deixados à vontade no seu feudo intelectual, os derrotados de 1964 obtiveram assim uma vingança literária, monopolizando a indústria das interpretações do fato consumado. E, quando a ditadura se desfez por mero cansaço, a esquerda, intoxicada de Gramsci, já tinha tomado consciência das vantagens políticas da hegemonia cultural, e apegou-se com redobrada sanha ao seu monopólio do passado histórico. É por isso que a literatura sobre o regime militar, em vez de se tornar mais serena e objetiva com a passagem dos anos, tanto mais assume o tom de polêmica e denúncia quanto mais os fatos se tornam distantes e os personagens desaparecem nas brumas do tempo.

Mais irônico ainda é que o ódio não se atenue nem mesmo hoje em dia, quando a esquerda, levada pelas mudanças do cenário mundial, já vem se transformando rapidamente naquilo mesmo que os militares brasileiros desejavam que ela fosse: uma esquerda socialdemocrática parlamentar, à européia, desprovida de ambições revolucionárias de estilo cubano. O discurso da esquerda atual coincide, em gênero, número e grau, com o tipo de oposição que, na época, era não somente consentido como incentivado pelos militares, que viam na militância socialdemocrática uma alternativa saudável para a violência revolucionária.

Durante toda a história da esquerda mundial, os comunistas votaram a seus concorrentes, os socialdemocratas, um ódio muito mais profundo do que aos liberais e capitalistas. Mas o tempo deu ao "renegado Kautsky" a vitória sobre a truculência leninista. E, se os nossos militares tudo fizeram justamente para apressar essa vitória, por que continuar a considerá-los fantasmas de um passado tenebroso, em vez de reconhecer neles os precursores de um tempo que é melhor para todos, inclusive para as esquerdas? 

Para completar, muita gente na própria esquerda já admitiu não apenas o caráter maligno e suicidário da reação guerrilheira, mas a contribuição positiva do regime militar à consolidação de uma economia voltada predominantemente para o mercado interno – uma condição básica da soberania nacional. Tendo em vista o preço modesto que esta nação pagou, em vidas humanas, para a eliminação daquele mal e a conquista deste bem, não estaria na hora de repensar a Revolução de 1964 e remover a pesada crosta de slogans pejorativos que ainda encobre a sua realidade histórica?