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quarta-feira, 11 de abril de 2012

MÁ FORMAÇÃO CONGÊNITA É MOTIVO PARA ABORTAR?

Hoje o Brasil discute sobre o aborto.  Pois aqui vai a minha história.

Engravidei com 30 anos da minha filha caçula. Eu já tinha três filhos, com 12, 9 e 8 anos. O filho mais novo pegou rubéola na escola, contaminando seus irmãos e a mim, na minha terceira semana de gravidez. Mal eu soube que estava grávida e já estava contaminada pela rubéola.

RUBÉOLA CONGÊNITA
A transmissão da rubéola ao feto se dá principalmente por ocasião da infecção materna. A passagem transplacentária do vírus ocorre durante a viremia materna e estudos epidemiológicos mostram que esta transmissão é altamente provável quando a infecção se dá no primeiro trimestre da gestação, sendo de suma gravidade a ação teratogênica (terato = monstro; gênica = gens) neste período. A incidência de malformações varia de acordo com o momento da infecção materna: 40-60% de risco nos dois primeiros meses de gestação (aborto espontâneo ou defeitos congênitos múltiplos), 30-35% no 3º mês (surdez ou doença coronariana congênita), caindo para 10% no 4º mês. A partir do 5º mês de gravidez, o risco de lesão fetal é praticamente nulo.
O recém-nascido infectado vai se transformar em reservatório do vírus, propagando a doença aos seus contatos, já que sua eliminação pode se dar até 18 ou 24 meses de idade. 
O quadro clínico da rubéola congênita é visto como uma doença crônica e progressiva, frequentemente silenciosa na sua evolução, sendo que os casos assintomáticos são em número muito maior do que os sintomáticos, mas nem por isso causam menos prejuízo à criança. Além disso, deve-se lembrar que crianças que foram infectadas intra-útero e se mostram aparentemente normais ao nascimento podem apresentar as manifestações tardias da rubéola congênita, que estão associadas com a persistência e reativação do vírus e também com mecanismos auto-imunes (diabetes mellitus) em alguns casos. 
Os casos clínicos sintomáticos podem apresentar uma variedade muito grande de sinais que já estão presentes ao nascimento ou que vão se evidenciar dentro do primeiro ano de vida.

Fui ao obstetra, que me advertiu da grande possibilidade de má formação do feto e me indicou o aborto, marcando uma data para o procedimento.  Apesar de eu não ter nenhuma religião naquela época, havia o senso moral: o aborto era algo que eu não aceitaria.  Fui para casa pensativa e um tanto amedrontada. Não falei para ninguém, nem mesmo para meu marido.
Naquela época, minha sogra morava em Rondônia. Ela é evangélica e mandou um recado por telefone para mim, através do trabalho do meu marido, dizendo: “Eu estive na igreja ontem e tenho um recado para a Raquel. Diga a ela que a doença não passou para a criança.” Meu marido chegou em casa à noite e me passou o recado, sem saber direito do que se tratava e que a data para o aborto já estava agendada.
No dia do “procedimento cirúrgico”, durante a consulta preliminar perguntei ao médico se havia possibilidade de a rubéola não ter contaminado o feto. Ele riu, disse que compreendia a minha aflição, mas que infelizmente o vírus da rubéola atravessa a placenta. Então, pedi-lhe um exame no cordão umbilical do feto. Para não me desagradar, o médico concordou e naquele dia realizou esse exame.

Aspectos Imunológicos: na gestante, a IgG cruza a placenta e esta transferência passiva só ocorre de maneira substancial após a 16ª até a 20ª semana, sendo que antes dessa época somente 5-10% dos níveis de anticorpos maternos são detectados no sangue fetal. Por outro lado, a resposta fetal humoral só se torna efetiva também por volta da segunda metade da gestação, quando se consegue encontrar anticorpos fetais em quantidades tituláveis. Desta maneira, existe um hiato de alguns meses entre a época de infecção do concepto (quando ela ocorre nas primeiras semanas da gestação) e a resposta imune efetiva, deixando campo aberto para que a invasão viral do feto se faça de maneira devastadora, atingindo praticamente todos os órgãos. 
Normalmente, durante a 19ª à 25ª semana, o anticorpo IgM específico fetal pode ser detectado e, a partir daí, ele aumenta gradativamente até constituir parcela importante do pool de anticorpos do cordão umbilical. Às vezes, se a infecção é muito severa, encontra-se também a IgA fetal. A IgG fetal também é produzida em pequenas quantidades, mas se confunde com a IgG materna. 
Resumindo, por ocasião do nascimento o sangue de cordão de um recém-nascido infectado contém:
IgG materna em grandes quantidades;
IgA e IgM fetal e;
IgG fetal ( em pequenas quantidades ).
A IgM fetal continua a ser produzida de 3 a 5 meses após o nascimento, se tornando a imunoglobulina dominante neste período devido à baixa de IgG materna pelo catabolismo natural. Mais tarde, quando diminui a replicação viral, usualmente após o 6º mês, cai o nível de IgM e começa a aumentar IgG, desta vez de origem da criança, já que por essa ocasião a IgG materna praticamente inexiste.
Níveis altos de IgG são mantidos durante vários anos, variando consideravelmente entre pacientes, demonstrando de maneira indireta que a replicação viral continua por tempo variável.

No dia seguinte fui buscar o resultado e encontrei o médico surpreso: por algum motivo, a minha rubéola não havia contaminado o bebê.

Bárbara nasceu com oito meses de gestação, 3,5kg e 52cm, em perfeita saúde e mais: imune à rubéola. Hoje tem 21 anos. Em 2011 formou-se em Administração, trabalha e é independente. Ela mesma diz: "Sinto que tenho algo muito importante para fazer nesta vida!" Sim, por certo Bárbara não veio à toa para este mundo.



10 comentários:

  1. Parabéns pela sua filha,e Deus tem um plano muito grande na sua família .
    A prova dele estar com vocês é sua filha .
    Ámen

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  2. Sim, minha família é diferente... por isso sei que Deus tem mesmo um plano, e conta conosco. Obrigada, Yasmim!

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  3. Li seu depoimento e não pude conter as lagrimas, também estou vivendo o mesmo TERROR, estou com 24 semanas de gestação e as 21 semanas começaram a surgir manchas por todo o meu corpo, logo a minha medica suspeitou da rubeola embora eu já tendo sido vacinada, mas isso não impede uma reinfecção.
    Fiz alguns exames que deram negativos para igm, mas o nivel de igg está muito elevado, oque sugere uma reinfecção.
    A dor que sinto é maior que qualquer que já tenha tido na minha vida, me esforço p levantar da cama, pois só quero chorar, chorar e chorar.
    Rezo o tempo todo, pedindo a Deus para poupar meu bebe, sinto as vezes a fé fraquejar, aí me desespero.

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    1. Bom...Aqui estou novamente, minha filha nasceu sem nenhuma deficiência, foi feito um exame para detectar o IGM logo após o nascimento e deu nega tivo, fiquei aliviada, mas não durou muito. Quando ela estava com uns 15 dias apareceram umas inguas atras das orelhas, aí fui conversar com o medico e ele disse que alguns bbs só começam a ter o IGM detectável no primeiro mês de vida, agora estou aqui morrendo de medo de repetir os exames e acusar o tão temível IGM. Só sei chorar, olho p ela e penso que não vou aguentar se algo acontecer a ela.
      Obrigada por responder!
      Fique com Deus

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    2. Tenha fé, Raquel. Creia que nada acontece por acaso, tudo tem o seu propósito. Estou rezando por você e por seu bebê. Fique tranquila, viu? Um grande beijo.

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  4. Não se preocupe, você já está com 24 semanas de gestação e, além disso, é vacinada. Se por um acaso sua médica quiser abortar (hoje isso está na moda!) procure outro médico e faça outra avaliação, pois no seu caso não há o que temer. Está bem? Fique tranquila. Vou rezar por você e por seu bebê. Um grande beijo!

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  5. muito bom ter pessoas que se preocupam com a humanidade ainda, as vezes um simples gesto pode salvar vidas!

    fiquem com Deus.

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  6. Pois saiba que rezo todos os dias pelas crianças abortadas e suas mães... e peço a Deus que o aborto não seja legalizado no Brasil, isto seria um terrível genocídio. Para nós, que somos cristãos e cremos na Providência Divina, nada há que temer, tudo tem seu propósito, até mesmo uma criança que vive poucos dias tem sua razão de ser. Aceitemos a vida como ela é, e louvemos ao Senhor pelas criaturas!

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  7. Obrigada Deus por fazer com que eu me sinta tão especial. Sinto a cada dia que preciso fazer valer a pena, fazer diferença! E obrigada mãe por não desistir e acreditar em mim! Te amo!

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  8. Amo tanto vocês, vocês são nossa família amada, família escolhida a dedo por Deus, que história linda, um beijo ��

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