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terça-feira, 26 de junho de 2012

ORGULHO DE SER CATÓLICO


Discurso proferido no City Club de Cleveland, Ohio, por Samuel H. Miller, grande empresário dessa localidade, dono da Co-Chairman of the Board de Forest City, uma das maiores companhias do setor imobiliário dos Estados Unidos. O discurso foi publicado pelo Buckeye Bulletin. 

(Só para esclarecer, Miller não é católico, é judeu.)
 
“Talvez seja mais fácil para mim dizê-lo, porque não sou católico: já sofri perseguição o suficiente, mais que o suficiente, como Judeu; já basta!

No decurso da minha vida, jamais vi um ataque mais revanchista mais insidioso, mais preconceituoso que o que observei nos últimos anos contra a Igreja Católica; e o que é mais estranho é o fato de acontecer nos Estados Unidos e na América toda, onde se supõe que existe um absoluto respeito por todas as confissões religiosas. 

Sabia que em 2007 havia no mundo 1.115 milhões de católicos batizados?

Pois, desse total, a América tem a maior quantidade, 51%, que soma uns 547 milhões; a Europa, 26%, uns 282 milhões; a África, 16%, uns 147 milhões; a Ásia, 13%, o que equivale a uns 116 milhões; e na Oceania, está uns 0,8%, ou seja, uns 9 milhões. 

Fico pensando, qual é a verdadeira razão para que alguns meios e grupos se unam numa permanente e feroz perseguição contra uma das mais importantes instituições da Humanidade, como o é a Igreja Católica? 

Após a Guerra Civil (Americana) em 1864, os fundamentalistas, os conservadores, os Anglo-saxônicos, iniciaram a trágica moda de queimar Cruzes de um lado ao outro do país, especialmente no Sul. Pois bem, no que a mim me diz respeito, muito pouco mudou desde então.

Poucos conhecem e menos ainda se divulga, que só nos Estados Unidos, a Igreja Católica educa a 2,6 milhões de estudantes, o que lhe custa mais de 10.000 milhões de dólares por ano.

Na Espanha, por sua vez, 5.141 centros católicos de ensino formam cerca de um milhão de alunos, isentando o Estado de três milhões de euros por centro e por ano! 

Os estudantes dos centros católicos de ensino em todo o mundo terminam os seus estudos universitários em 92%; com dinheiro exclusivo dos fiéis católicos; enquanto a educação laica estatal é paga com os impostos de toda a população, incluindo a dos católicos.

A lista dos 100 hospitais mais cotados dos Estados Unidos, não só é encabeçada pelo Saint Joseph’s Hospital and Medical Center de Phoenix, Arizona, entidade que presta os seus serviços por mais de 115 anos contínuos, como 28 dos outros hospitais são também dirigidos e mantidos pela Igreja Católica.

Um de cada cinco americano vai a um hospital católico. 

Pois bem, se nos Estados Unidos há mais de 260 centros médicos católicos, na Espanha 107 hospitais católicos isentam ao Estado e aos contribuintes de 50 milhões de euros silos, centros de inválidos, centro de doentes terminais de AIDS e outras doenças e albergues, com mais de 51.300 camas, isentam o estado de gastar outros quatro milhões de euros por centro ao ano.

No total, a Igreja Católica administra 26 por cento dos centros hospitalares e de ajuda sanitária e humanitária que existem em todo o mundo! 

Também na Espanha, o gasto da Cáritas ao ano é de 155 milhões de euros, proveniente do bolso dos católicos espanhóis; o gasto da entidade, de Mãos Unidas soma outros 43 milhões de euros do mesmo bolso; o gasto das Pontifícias Obras Missionárias chega a 21 milhões de euros, imaginam de onde sai esse dinheiro? E, além disso, há 365 centros de reeducação para marginais sociais, prostitutas, ex-presidiários e drogados, umas 53.100 pessoas permanentemente, que libera o Estado e aos não católicos do país de gastar mais de meio milhão de euros por centro em cada anualidade. 

Isso, sem falar dos 937 orfanatos espanhóis que cuidam de 10.835 crianças abandonadas, isentando o Estado, de cerca de uns 100.000 euros anuais por centro.

Ah! E 80% do gasto de conservação e manutenção do Patrimônio Histórico-Artístico espanhol é feito pela Igreja Católica com as doações dos seus fiéis, tendo-se calculado um valor aproximado de não investimento por parte do Estado de cerca 32.000 a 36.000 milhões de euros ao ano! 

Quanto custa manter para a Humanidade tantas e tão monumentais obras históricas da cristandade? Pode alguém sequer imaginar o trabalho que isso implica não só do ponto de vista logístico, como financeiro?

Com que dinheiro se conservam as grandes obras do mundo católico? Desde já, digo que não é com o dinheiro de quem ataca a Igreja.

Mas há por acaso algum impedimento para que toda a Humanidade possa deleitar-se, visitando essas formosas obras? Nenhum!

Somemos a isso, a totalidade de pessoas que trabalham ou colaboram com as obras de caridade católicas; trabalham pelos outros sem pedir em troca um salário, realizando-o para ajudar o próximo. Em quanto creem que poderíamos quantificar esse trabalho? 

Ou, em quanto poderíamos taxar as vidas de tantas Religiosas católicas, que trabalham só por amor ao próximo nos lugares mais hostis, pobres e perigosos do mundo?

Atacam sem saber da estatística. Somente 1,7 % do clero católico (lembrando que não são padres que se tornaram pedófilos, mas pedófilos que conseguiram chegar ao Sacerdócio sem serem descobertos) foi declarado culpado pelo crime de pedofilia, destes, 80% já foram afastados e os outros irão em seguida.

Um estudo recente sobre os sacerdotes mostrou que a maioria é feliz desempenhando o seu sacerdócio e que estão melhor do que supunham; além disso, a maioria, diante da opção, voltaria a escolher o sacerdócio apesar de todos os ataques que a Igreja Católica vem recebendo e das dificuldades que encontram no exercício da missão.

A vossa religião ofereceu consolo e fortaleza a milhares de seres em todo o planeta, mesmo no meio das mais difíceis circunstâncias em todas as épocas, dando-lhes uma razão para seguir em frente quando tudo já parecia perdido.

O valor dessa única circunstância é inestimável em termos do progresso da Humanidade, já que ajuda a formar nos valores, homens e mulheres.

A oração, não só leva os católicos a identificar as suas próprias aspirações e dificuldades com Jesus, mas, também lhes permite reconhecer as necessidades dos outros e manifestar a sua aspiração em combater as injustiças, permitindo-lhes assim exprimir a sua solidariedade.

Hoje, a Igreja Católica encontra-se sangrando. A agonia que os católicos sentem e sofrem não é necessariamente culpa da Igreja. A Igreja está sendo atingida por um pequeno número de sacerdotes desviados, sendo que a maioria já foram suspensos e outros, sê-lo-ão a seguir.

Caminhem com os ombros e a cabeça levantados. Sintam-se orgulhosos de serem membros da instituição não governamental mais importante do mundo.

Assim diz o profeta Jeremias (6, 16): ‘Permaneçam nos Caminhos de Deus, busquem as estradas do Bem, e caminhem por elas para o descanso para as vossas almas’.

Defendam a vossa FÉ com orgulho e reverência, e avaliem o muito que a vossa religião fez e continua a fazer por todas as outras religiões e pessoas do mundo! Tenham orgulho de ser católicos.

PALAVRAS DE SAMUEL H. MILLER, EMPRESÁRIO AMERICANO, JUDEU.

terça-feira, 19 de junho de 2012

VANTAGENS DO PERDÃO


Perdoar não é fácil, mas é o caminho mais eficaz para a convivência humana saudável e feliz. Nosso viver e conviver sobrevivem graças ao perdão que é uma atitude de amor incondicional, de compreensão, de misericórdia e de alta sabedoria.

Quem não perdoa é um perdedor. Perde de dois a zero porque frustra o relacionamento humano e carrega dentro de si o lixo da mágoa e amargura. Quem perdoa, alcança o zero a zero, ou seja, restabelece a comunhão e expulsa o veneno do ressentimento. Terá saúde física, psicológica, social e espiritual. O perdão é remédio, cura, excelente terapia.

Quem não perdoa, não esquece o mal e sofre a doença da “compulsão de repetição”; vive sempre lembrando, repetindo, desabafando a dor interna. Por não perdoar, irá sempre culpar alguém e vingar-se. Isso tudo aumenta o sofrimento e o desgaste físico.

Perdoar é tirar a raiz da amargura. Perdoar é compreender, desistir de julgar e de culpar os outros. Isso é possível quando reconhecemos que somos barro. Ninguém é infalível. Quando aceitamos o nosso barro e os dos outros, conseguimos dar um novo significado ao fato que nos magoou, temos nova compreensão, novo olhar, novo sentimento sobre fatos e pessoas.

O perdão muda a realidade porque é encontro com a verdade. Perdoar é reatar o relacionamento rompido, é colocar-se nas mãos do outro, abdicar do julgamento pessoal. É um gesto de gratuidade no qual fazemos o dom de nós mesmos. Sem o perdão somos pesados, doentes, depressivos, agressivos, desumanos. Perdoar é reumanizar-se. A falta de perdão torna falsa e estéril a oração. O rancor, a mágoa, o ressentimento impedem a ação da graça.

O sentimento negativo é uma energia venenosa que se transforma em doença, insônia, agressividade, imoralidade, alcoolismo, barulho, farra, etc. Muitos problemas da vida têm sua raiz na falta de perdão. A mágoa, o ressentimento, a amargura são energias e sentimentos destrutivos. Assim, quem não perdoa odeia a caridade e vive no azedume e crítica, fere o coração, morre aos poucos, sente-se perdido. Só resta o vazio, a solidão e a algazarra para abafar o mal-estar interior.

As conseqüências negativas da falta de perdão são tão perigosas e destruidoras que a Bíblia aconselha a perdoar antes do pôr-do-sol. Não ir dormir com raiva: “Não se ponha o Sol sobre vossa ira” (Ef .4,26) Igualmente Jesus manda perdoar setenta vezes sete, isto é, sempre, imediatamente e de todo o coração. O perdão é tão benéfico que deve ser dado incondicionalmente, totalmente, incansavelmente.

Na oração do Pai-nosso, o perdão está ao lado do pão nosso de cada dia. O perdão também é pão da vida, porque é o amor sem medida, amor de mãe, amor misericordioso. É o perdão que possibilita a fraternidade e a boa qualidade do relacionamento humano.

Pe. João Bachmann
Pároco da Paróquia Catedral São Paulo Apóstolo

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Mensagem de Bento XVI pelo encerramento do 50° Congresso Eucarístico Internacional


A sua verdade é Amor. O Amor de Cristo é a verdade
CIDADADE DO VATICANO, domingo, 17 de junho de 2012 
***
Amados Irmãos e Irmãs,

Com grande afecto no Senhor, saúdo a todos vós que estais reunidos no 50º Congresso Eucarístico Internacional em Dublin, nomeadamente o Cardeal Brady, o Arcebispo Martin, o clero, os religiosos e os fiéis leigos da Irlanda, e todos vós que viestes de longe para sustentar a Igreja da Irlanda com a vossa presença e as vossas orações. O tema do Congresso – Comunhão com Cristo e entre nós – leva-nos a reflectir sobre a Igreja como mistério de comunhão com o Senhor e com todos os membros do seu Corpo.

Desde os primeiros tempos da Igreja, a noção de koinonia ou communio esteve no centro da compreensão que ela tem de si mesma, no centro da sua relação com Cristo, seu fundador, e dos sacramentos que celebra, sobretudo a Eucaristia. Através do Baptismo, somos inseridos na morte de Cristo e renascemos na grande família dos irmãos e irmãs de Jesus Cristo; pela Confirmação, recebemos o sigilo do Espírito Santo; e, pela nossa participação na Eucaristia, entramos em comunhão com Cristo e entre nós, de maneira visível, aqui na terra e recebemos também a promessa da vida eterna que virá.

O Congresso realiza-se também num período em que a Igreja se prepara, em todo o mundo, para celebrar o Ano da Fé, que assinalará o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, um evento que lançou a mais extensa renovação que o Rito Romano já conheceu.

Com base numa apreciação cada vez mais profunda das fontes da Liturgia, o Concílio promoveu a participação plena e activa dos fiéis no Sacrifício Eucarístico. Hoje, olhando os desejos então expressos pelos Padres Conciliares sobre a renovação litúrgica à luz da experiência da Igreja universal no período transcorrido, é claro que uma grande parte foi alcançada; mas vê-se igualmente que houve muitos equívocos e irregularidades. A renovação das formas externas, desejada pelos Padres Conciliares, visava tornar mais fácil a penetração na profundidade íntima do mistério; o seu verdadeiro objectivo era levar as pessoas a um encontro pessoal com o Senhor presente na Eucaristia, e portanto com o Deus vivo, de modo que, através deste contacto com o amor de Cristo, o amor mútuo dos seus irmãos e irmãs também pudesse crescer.

Todavia, não raro, a revisão das formas litúrgicas manteve-se a um nível exterior e a «participação activa» foi confundida com o agitar-se externamente. Por isso, ainda há muito a fazer na senda duma real renovação litúrgica. Num mundo em mudança, obcecado cada vez mais com as coisas materiais, precisamos de aprender a reconhecer de novo a presença misteriosa do Senhor Ressuscitado, o único que pode dar respiração e profundidade à nossa vida.

A Eucaristia é o culto da Igreja inteira, mas requer também pleno empenho de cada cristão na missão da Igreja; encerra um apelo a sermos o povo santo de Deus, mas chama também cada um à santidade individual; deve ser celebrada com grande alegria e simplicidade, mas também de forma quanto possível digna e reverente; convida-nos a arrepender dos nossos pecados, mas também a perdoar aos nossos irmãos e irmãs; une-nos a todos no Espírito, mas também nos ordena, no mesmo Espírito, de levar a boa nova da salvação aos outros.

Além disso, a Eucaristia é o memorial do sacrifício de Cristo na Cruz, o seu Corpo e Sangue oferecidos na nova e eterna aliança pela remissão dos pecados e a transformação do mundo. A Irlanda foi plasmada, ao nível mais profundo, por séculos e séculos de celebração da Santa Missa; e, pelo seu poder e graça, gerações de monges, mártires e missionários viveram heroicamente a fé na pátria e espalharam a Boa Nova do amor e perdão de Deus muito para além das suas praias. Vós sois os herdeiros duma Igreja que foi uma poderosa força de bem no mundo, e que transmitiu a muitos e muitos outros um amor profundo e duradouro a Cristo e à sua Mãe Santíssima. Os vossos antepassados na Igreja da Irlanda souberam como lutar pela santidade e a coerência na vida pessoal, como proclamar a alegria que vem do Evangelho, como promover a importância de pertencer à Igreja universal em comunhão com a Sé de Pedro, e como transmitir às gerações seguintes o amor pela fé e as virtudes cristãs.

A nossa fé católica, imbuída dum sentido profundo da presença de Deus, maravilhada pela beleza da criação que nos rodeia, e purificada pela penitência pessoal e a certeza do perdão de Deus, é uma herança que seguramente se aperfeiçoa e alimenta quando regularmente é colocada sobre o altar do Senhor no Sacrifício da Missa. A gratidão e a alegria por uma história tão grande de fé e amor foram recentemente abaladas de maneira horrível pela revelação de pecados cometidos por sacerdotes e consagrados contra pessoas confiadas aos seus cuidados. Em vez de lhes mostrar o caminho para Cristo, para Deus, em vez de dar testemunho da sua bondade, abusaram delas e minaram a credibilidade da mensagem da Igreja. Como se pode explicar o facto de pessoas, que regularmente receberam o Corpo do Senhor e confessaram os seus pecados no sacramento da Penitência, terem incorrido em tais transgressões? Continua um mistério. Evidentemente, porém, o seu cristianismo já não era alimentado pelo encontro jubiloso com Jesus Cristo: tornara-se meramente uma questão de hábito.

A obra do Concílio tinha realmente a intenção de superar esta forma de cristianismo e redescobrir a fé como uma profunda relação pessoal com a bondade de Jesus Cristo. O Congresso Eucarístico tem um objectivo semelhante. Nele desejamos encontrar o Senhor ressuscitado. Peçamos-Lhe para nos tocar profundamente. Ele que, na tarde de Páscoa, soprou sobre os Apóstolos, comunicando-lhes o seu Espírito, possa de igual modo conceder-nos também nós o seu sopro, a força do Espírito Santo, ajudando-nos assim a tornar-nos verdadeiras testemunhas de seu amor, testemunhas da sua verdade. A sua verdade é amor. O amor de Cristo é verdade.

Amados irmãos e irmãs, rezo para que o Congresso possa ser para cada um de vós uma frutuosa experiência espiritual de comunhão com Cristo e com a sua Igreja. Ao mesmo tempo, desejo convidar-vos a implorar comigo a bênção de Deus para o próximo Congresso Eucarístico Internacional, que terá lugar em 2016 na cidade de Cebu! Ao povo das Filipinas, envio calorosas saudações e a certeza da minha proximidade na oração, durante o período de preparação para este grande encontro eclesial. Estou certo de que vai trazer duradoura renovação espiritual não apenas para eles, mas também para todos os participantes que lá acorrerem de todo o mundo.

Entretanto, recomendo todos e cada um dos que tomam parte no actual Congresso à protecção amorosa de Maria, Mãe de Deus, e a São Patrício, o grande padroeiro da Irlanda; e, como penhor de alegria e paz no Senhor, de coração concedo a Bênção Apostólica.

BENEDICTUS PP. XVI

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/pont-messages/2012/documents/hf_ben-xvi_mes_20120617_50cong-euc-dublino_en.html

terça-feira, 12 de junho de 2012

O TEOREMA DA INCOMPLETUDE DE GÖDEL


O Teorema da Incompletude de Gödel: 

A Descoberta Matemática Nº 1 do Século XX



Em 1931, Kurt Gödel desferiu um golpe devastador nos matemáticos de sua época.
Em 1931, o jovem matemático Kurt Gödel fez uma descoberta-marco, tão poderosa quanto qualquer coisa que Albert Einstein desenvolveu.
A descoberta de Gödel não se aplica somente à matemática, mas literalmente a todos os ramos da ciência, lógica e conhecimento humano. Ela tem verdadeiramente implicações que abalam a Terra.
Estranhamente, poucas pessoas sabem qualquer coisa sobre ela.
Permita-me contar-lhe a história.
Os matemáticos adoram provas. Eles estavam furiosos e chateados por séculos, porque eles eram incapazes de PROVAR algumas das coisas que eles sabiam que era verdade.
Por exemplo: se você estudou geometria no colégio, você fez os exercícios onde você prova todos os tipos de coisas sobre os triângulos, baseado em uma lista de teoremas.
Aquele livro de geometria do colégio é feito sobre os cinco postulados de Euclides. Todos sabem que os postulados são verdadeiros, mas em 2500 anos ninguém imaginou um meio de prová-los.
Sim, parece sim perfeitamente razoável que uma linha possa ser estendida infinitamente em ambas as direções, mas ninguém tem sido capaz de PROVAR isso. Nós só podemos demonstrar que eles são um conjunto de 5 suposições razoáveis e de fato necessárias.
Grandes gênios matemáticos estavam frustrados por mais de 2000 anos porque eles não podiam provar todos os seus teoremas. Havia muitas coisas que eram “obviamente” verdade, mas ninguém conseguia imaginar um meio de prová-los.
No início dos anos 1900, entretanto, um tremendo senso de otimismo começou a crescer nos círculos matemáticos. Os matemáticos mais brilhantes do mundo (como Bertrand Russell, David Hilbert e Ludwig Wittgenstein) estavam convencidos que estavam rapidamente se aproximando de uma síntese final.
Uma “Teoria de Tudo” unificada, que finalmente amarraria todos os pontos soltos. A matemática seria completa, à prova de balas, hermética, triunfante.
Em 1931, este jovem matemático austríaco, Kurt Gödel, publicou um artigo que de uma vez por todas PROVOU que uma única Teoria de Tudo é realmente impossível.
A descoberta de Gödel foi chamada de “O Teorema da Incompletude”.
Se você me der alguns minutos, eu lhe explicarei o que ele diz, como Gödel o descobriu e o que ele significa – em português simples e direto que qualquer um pode entender.
O Teorema da Incompletude de Gödel diz:
“Qualquer coisa em que você pode desenhar um círculo ao redor não pode ser explicada por si mesma sem se referir a algo fora do círculo – algo que você tem que assumir mas não pode provar.”
Expresso em Linguagem Formal:
O teorema de Gödel diz: “Qualquer teoria efetivamente gerada capaz de expressar aritmética elementar não pode ser tanto consistente quanto completa. Em particular, para qualquer teoria formal consistente e efetivamente gerada que prova certas verdades aritméticas básicas, existe uma afirmação aritmética que é verdadeira, mas que não pode ser provada em teoria.”
Tese de Church-Turing diz que um sistema físico pode expressar aritmética elementar assim como um humano pode, e que a aritmética de uma Máquina de Turing (um computador) não pode ser provado dentro do sistema e é igualmente sujeito à incompletude.
Qualquer sistema físico sujeito a medição é capaz de expressar aritmética elementar. (Em outras palavras, crianças podem fazer matemática contando em seus dedos, uma água fluindo para um balde faz integração e sistemas físicos sempre dão a resposta certa.)
Portanto, o Universo é capaz de expressar aritmética elementar e, tanto como a própria matemática e uma máquina de Turing, é incompleto.
Silogismo:
1. Todos os sistemas computacionais não-triviais são incompletos.
2. O Universo é um sistema computacional não-trivial.
3. Portanto, o Universo é incompleto.
Você pode desenhar um círculo ao redor de todos os conceitos no seu livro de geometria do colégio. Mas eles são todos feitos sobre os 5 postulados de Euclides que claramente são verdade mas que não podem ser provados. Esses 5 postulados estão fora do livro, fora do círculo.
Você pode desenhar um círculo ao redor de uma bicicleta, mas a existência dessa bicicleta depende de uma fábrica que está fora do círculo. A bicicleta não pode explicar a si mesma.
Gödel provou que há SEMPRE mais coisas que são verdadeiras do que você pode provar. Qualquer sistema de lógica ou números que os matemáticos possam trazersempre se baseará em pelo menos umas poucas suposições que não podem ser provadas.
O Teorema da Incompletude de Gödel não se aplica somente à matemática, mas a tudo que está sujeito às leis da lógica. A incompletude é verdade na matemática, e é igualmente verdade na ciência, na linguagem ou na filosofia.
E, se o Universo é matemático e lógico, a Incompletude também se aplica ao Universo.
Gödel criou sua prova começando com o “Paradoxo do Mentiroso” — que é a afirmação:
“Eu estou mentindo.”
“Eu estou mentindo” é autocontraditória, já que, se é verdade, eu não sou um mentiroso, e, se é falsa, eu sou um mentiroso, então é verdade.
Então Gödel, em um dos movimentos mais engenhosos da história da matemática, converteu o Paradoxo do Mentiroso em uma fórmula matemática. Ele provou que qualquer afirmação requer um observador externo.
Nenhuma afirmação sozinha pode completamente provar a si mesma como verdadeira.
O seu Teorema da Incompletude foi um golpe devastador no “positivismo” da época. Gödel provou o seu teorema preto no branco, e ninguém podia discutir com a sua lógica.
Ainda assim, alguns de seus amigos matemáticos foram para o túmulo negando, acreditando que de alguma forma ou outra Gödel deveria certamente estar errado.
Ele não estava errado. Era mesmo verdade. Existem mais coisas que são verdade do que você pode provar.
Uma “teoria de tudo” – seja na matemática, na física ou na filosofia – nunca será encontrada. Porque é impossível.
OK, o que isso então realmente significa? Por que isso é superimportante, e não apenas um factoide geek?
Isso é o que significa:
  • Fé e Razão não são inimigas. Na verdade, o exato oposto é verdade! Uma é absolutamente necessária para que a outra exista. Todo o raciocínio ao final leva de volta à fé em algo que você não pode provar.
  • Todos os sistemas fechados dependem de algo fora do sistema.
  • Você pode sempre desenhar um círculo maior, mas existirá sempre algo fora do círculo.
  • O raciocínio de um círculo maior para um menor é “raciocínio dedutivo.”
Exemplo de um raciocínio dedutivo:
1. Todos os homens são mortais
2. Sócrates é um homem
3. Portanto, Sócrates é mortal
  • O raciocínio de um círculo menor para um maior é “raciocínio indutivo.”
Exemplos de raciocínio indutivo:
1. Todos os homens que conheço são mortais
2. Portanto, todos os homens são mortais
1. Quando eu largo objetos, eles caem
2. Portanto, há uma lei da gravidade que governa objetos de caem
Note que quando você se move do círculo menor para o maior, você tem que fazer suposições que não pode provar 100%.
Por exemplo: você não pode PROVAR que a gravidade sempre será consistente todas as vezes. Você só pode observar que ela é consistentemente verdadeira toda vez. Você não pode provar que o Universo é racional. Você só pode observar que fórmulas matemáticas como E = mc² parecem sim descrever perfeitamente o que o Universo faz.
Praticamente todas as leis científicas estão baseadas no raciocínio indutivo. Estas leis apoiam-se em uma afirmação de que o Universo é lógico e baseado em leis fixas que podem ser descobertas.
Você não pode PROVAR isto. (Você não pode provar que o sol virá amanhã de manhã também.) Você literalmente tem que usar a fé. Na verdade, a maioria das pessoas não sabem que além do círculo da ciência existe um círculo da filosofia. A ciência está baseada em suposições filosóficas que você não pode provar cientificamente. Realmente, o método científico não pode provar, só pode inferir.
(A ciência originalmente surgiu da ideia de que Deus fez um Universo ordenado que observa leis fixas e que podem ser descobertas.)

Agora por favor considere o que acontece quando desenhamos o maior círculo possível – ao redor de todo o Universo.
 (Se existem múltiplos universos, nós estamos desenhando um círculo ao redor deles todos também.):
  • Tem que existir algo fora desse círculo. Algo que nós temos que assumir mas não podemos provar.
  • O Universo como nós conhecemos é finito – matéria finita, energia finita, espaço finito e 13,7 bilhões de anos de idade.
  • O Universo é matemático. Qualquer sistema físico sujeito a medição executa a aritmética. (Você não precisa conhecer matemática para fazer uma adição – você pode usar um ábaco em vez disso e ele lhe dará a resposta certa todas as vezes.)
  • O Universo (toda a matéria, energia, espaço e tempo) não pode explicar a si mesmo.
  • O que quer que esteja fora do maior círculo não tem limites. Por definição, não é possível desenhar um círculo ao redor dele.
  • Se desenharmos um círculo ao redor de toda a matéria, energia, espaço e tempo e aplicar o teorema de Gödel, então saberemos que o que está fora desse círculo não é matéria, não é energia, não é espaço e não é tempo. É imaterial.
  • O que quer que esteja fora do maior círculo não é um sistema – i.e. não é um conjunto de partes. De outra forma poderíamos desenhar um círculo ao redor delas. A coisa fora do maior círculo é indivisível.
  • O que quer que esteja fora do maior círculo é uma causa não-causada, porque você sempre pode desenhar um círculo ao redor de um efeito.
Nós podemos aplicar o mesmo raciocínio indutivo à origem da informação:
  • Na história do Universo, nós também podemos ver a introdução da informação, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás. Ela veio na forma do código genético, que é simbólico e imaterial.
  • A informação teve que vir de fora, já que a informação não é conhecida por ser uma propriedade inerente da matéria, energia, espaço ou tempo.
  • Todos os códigos cuja origem conhecemos são projetadospor seres conscientes.
  • Portanto, o que quer que esteja fora do círculo maior é um ser consciente.
Em outras palavras, quando adicionamos a informação à equação, concluímos que a coisa fora do maior círculo não só é infinita e imaterial, como também é consciente.
Não é interessante como todas estas coisas soam suspeitamente similar a como os teólogos têm descrito Deus por milhares de anos?
Então é dificilmente surpreendente que entre 80 e 90% das pessoas do mundo acreditam em algum conceito de Deus. Sim, é intuitivo para a maioria do pessoal. Mas o teorema de Gödel indica que é também supremamente lógico. De fato, é a única posição que alguém pode tomar e ficar nos domínios da razão e da lógica.
A pessoa que orgulhosamente proclama: “Você é um homem da fé, mas eu sou um homem da ciência” não entende as raízes da ciência e a natureza do conhecimento!
Interessantemente à parte…
Se você visitar o maior website ateu do mundo, Infidels, na página inicial você encontrará a seguinte declaração:
“O Naturalismo é a hipótese que o mundo natural é um sistema fechado, o que significa que nada que não seja parte do mundo natural o afeta.”
Se você conhece o teorema de Gödel, você sabe que todos os sistemas lógicos devem contar com algo fora do sistema. Então, de acordo com o Teorema da Incompletude de Gödel, o Infidels não pode estar correto. Se o Universo é lógico, ele tem uma causa externa.
Assim, o ateísmo viola as leis a razão e da lógica.
O Teorema da Incompletude de Gödel prova definitivamente que a ciência não pode jamais preencher suas próprias lacunas. Nós não temos escolha a não ser procurar fora da ciência por respostas.
A Incompletude do Universo não é a prova que Deus existe. Mas… É a prova de, para se construir um modelo racional e científico do Universo, a crença em Deus não é somente 100% lógica… ela é necessária.
Os 5 postulados de Euclides não podem ser formalmente provados e Deus também não pode ser formalmente provado. Mas… assim como você não pode construir um sistema coerente de geometria sem os 5 postulados de Euclides, você também não pode construir uma descrição coerente do Universo sem uma Primeira Causa e uma Fonte de ordem.
Assim, fé e ciência não são inimigas, mas aliadas. Tem sido verdade por centenas de anos, mas em 1931 este jovem magricelo matemático austríaco chamado Kurt Gödel provou.
Em nenhuma época na história da humanidade a fé em Deus tem sido mais razoável, mais lógica ou mais amplamente apoiada pela ciência e pela matemática.
Perry Marshall (traduzido para o português por Mateus Scherer Cardoso)
“Sem matemática nós não podemos penetrar profundamente na filosofia.
Sem filosofia nós não podemos penetrar profundamente na matemática.
Sem ambas nós não podemos penetrar profundamente em nada.”
Leibniz
“A matemática é a linguagem pela qual Deus escreveu o Universo”
Galileu


Leitura adicional:
Incompleteness: The Proof and Paradox of Kurt Gödel” (em inglês) por Rebecca Goldstein – biografia fantástica e uma grande leitura
Uma coleção de citações e notas sobre a prova de Gödel’s da Miskatonic University Press (em inglês)
A descrição formal do Teorema da Incompletude de Gödel’s na Wikipédia(em inglês)
Ciência vs. Fé na CoffeehouseTheology.com (em inglês)
Teoria da Informação: “If you can read this, I can prove God exists” (em inglês)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A palavra-gatilho


Olavo de Carvalho - Filósofo
Publicado no Diário do Comércio
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Se você é treinado para ter sempre as mesmas reações diante das mesmas palavras, acaba enxergando somente o que é capaz de dizer, e dificilmente consegue pensar diferente do que os donos do vocabulário o mandaram pensar.

Em artigo anterior, mencionei alguns termos da "língua de pau" que domina hoje o debate público no Brasil, inclusive e sobretudo entre intelectuais que teriam como obrigação primeira analisar a linguagem usual, libertando-a do poder hipnótico dos chavões e restaurando o trânsito normal entre língua, percepção e realidade.
Mas estou longe de pensar que os chavões são inúteis. Para o demagogo e charlatão, eles servem para despertar na plateia, por força do mero automatismo semântico decorrente do uso repetitivo, as emoções e reações desejadas. Para o estudioso, são a pedra de toque para distinguir entre o discurso da demagogia e o discurso do conhecimento. Sem essa distinção, qualquer análise científica da sociedade e da política seria impossível.
A linguagem dos chavões caracteriza-se por três traços inconfundíveis:
1) Aposta no efeito emocional imediato das palavras, contornando o exame dos objetos e experiências correspondentes.
2)   Procura dar a impressão de que as palavras são um traslado direto da realidade, escamoteando a história de como seus significados presentes se formaram pelo uso repetido, expressão de preferências e escolhas humanas. Confundindo propositadamente palavras e coisas, o agente político dissimula sua própria ação e induz a plateia a crer que decide livremente com base numa visão direta da realidade.
3)  Confere a autoridade de verdades absolutas a afirmações que, na melhor das hipóteses, têm uma validade relativa.
Um exemplo é o uso que os nazistas faziam do termo "raça". É um conceito complexo e ambíguo, onde se misturam elementos de anatomia, de antropologia física, de genética, de etnologia, de geografia humana, de política e até de religião.
A eficácia do termo na propaganda dependia precisamente de que esses elementos permanecessem mesclados e indistintos, formando uma síntese confusa capaz de evocar um sentimento de identidade grupal. Eis por que a Gestapo mandou apreender o livro de Eric Voegelin, História da Ideia de Raça (1933), um estudo científico sem qualquer apelo político: para funcionar como símbolo motivador da união nacional, o termo tinha de aparecer como a tradução imediata de uma realidade visível, não como aquilo que realmente era – o produto histórico de uma longa acumulação de pressupostos altamente questionáveis.
Do mesmo modo, o termo "fascismo", que cientificamente compreendido se aplica com bastante propriedade a muitos governos esquerdistas do Terceiro Mundo (v. A. James Gregor, The Ideology of Fascism, 1969, eInterpretations of Fascism, 1997), é usado pela esquerda como rótulo infamante para denegrir ideias tão estranhas ao fascismo como a liberdade de mercado, o anti-abortismo ou o ódio popular ao Mensalão.
Certa vez, num debate, ouvi um ilustre professor da USP exclamar "liberalismo é fascismo!". Gentilmente pedi que a criatura citasse um exemplo – unzinho só – de governo fascista que não praticasse um rígido controle estatal da economia. Não veio nenhum, é claro. A palavra "fascismo", na boca do distinto, não era o signo de uma ideia ou coisa: era uma palavra-gatilho, fabricada para despertar reações automáticas.
Deveria ser evidente à primeira vista que os termos usados no debate político e cultural raramente denotam coisas, objetos do mundo exterior, mas sim um amálgama de conjecturas, expectativas e preferências humanas; que, portanto, nenhum deles tem qualquer significado além do feixe de contradições e dificuldades que encerra, através das quais, e só através das quais, chegam a designar algo do mundo real. Você pode saber o que é um gato simplesmente olhando para um gato, mas "democracia", "liberdade", "direitos humanos", "igualdade", "reacionário", "preconceito", "discriminação", "extremismo" etc. são entidades que só existem na confrontação dialética de ideias, valores e atitudes. Quem quer que use essas palavras dando a impressão de que refletem realidades imediatas, não problemáticas, reconhecíveis à primeira vista, é um demagogo e charlatão.
Aquele que assim escreve ou fala não quer despertar em você a consciência de como as coisas se passam, mas apenas uma reação emocional favorável à pessoa dele, ao partido dele, aos interesses dele. É um traficante de entorpecentes posando de intelectual e professor.
A frequência com que as palavras-gatilho são usadas no debate nacional como símbolos de premissas autoprobantes, valores inquestionáveis e critérios infalíveis do certo e do errado já mostra que o mero conceito da atividade intelectual responsável desapareceu do horizonte mental das nossas "classes falantes", sendo substituído por sua caricatura publicitária e demagógica.
Como chegamos a esse estado de coisas? Investigá-lo é trabalhoso, mas não substancialmente complicado. É só rastrear o processo da "ocupação de espaços" na mídia, no ensino e nas instituições de cultura, que foi, pelo uso obsessivamente repetitivo de chavões, uniformizando a linguagem dos debates públicos e imantando de valores positivos ou negativos, atraentes ou repulsivos, um certo repertório de palavras que então passaram a ser utilizadas como gatilhos de reações automatizadas, uniformes, completamente predizíveis.
Se você é treinado para ter sempre as mesmas reações diante das mesmas palavras, acaba enxergando somente o que é capaz de dizer, e dificilmente consegue pensar diferente do que os donos do vocabulário o mandaram pensar.
Esse foi um dos principais mecanismos pelos quais a festiva "democratização" do Brasil acabou extinguindo, na prática, a possibilidade de qualquer debate substantivo sobre o que quer que seja.  

Olavo de Carvalho

Publicado no Diário do Comércio.

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mercado das Pulgas


Por Raquel Nascimento Pereira

Hoje eu estive no Mercado das Pulgas. Para quem não conhece, o Mercado das Pulgas é a loja dos antigos valores, onde se encontram aquelas salas de jantar majestosas, revestidas de nobreza e dignidade, daquele tempo em que o pai tinha o seu lugar reservado na cabeceira da mesa e era honrado e respeitado por sua esposa e seus filhos.

Encontrei também quartos de casal magníficos, camas em madeira-de-lei maciça, pesadas, talhadas à mão e com detalhes em dourado, revelando a durabilidade dos laços matrimoniais, que eram eternos.

Encontrei ainda penteadeiras lindíssimas, cujos espelhos de cristal devem ter refletido a pureza das mulheres em seus vestidos recatados e ornados de lindas jóias, presentes que ganhavam de seus maridos apaixonados. Tudo era belíssimo, tudo revelava grandeza, amor, dedicação, assim como viviam os homens e as mulheres daquela época.

Saí dali e no caminho passei em frente das Casas Bahia. Parei e observei as camas, todas em MDF ou MDP, tão fugazes quanto as paixões das pessoas que nelas se deitam, tão frágeis quanto o elo entre as famílias atuais.

Perdemos o senso da beleza, assim como perdemos o senso moral. Amamos tanto o feio que o bonito ficou ultrapassado. Moderno é ser feio. Uma moça pura é antiquada. Talvez seja mesmo, assim como aqueles móveis do Mercado das Pulgas.

A beleza exterior revela a beleza interior.  Assim como está a nossa casa, está o nosso coração. 
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MERCADO DAS PULGAS
Av. Silva Jardim, 57, Rebouças - Curitiba/PR