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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Igreja e política

por Raquel Nascimento Pereira
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A discussão entre Igreja e política vem desde o Antigo Testamento. Quem leu a Bíblia sabe das intervenções do próprio Deus junto ao seu povo. Para começo de conversa, Ele mesmo nos deu a Lei, ou seja, a tábua dos Dez Mandamentos, através de Moisés. Deu orientações de todo tipo, não só por Moisés, mas por muitos de seus profetas, de como deveria se organizar a sociedade, de como lutaria nas guerras, de como os governantes deveriam procurar a sabedoria para governar... Veja mais:

A finalidade do Governo – Deuteronômio 1,12-18

Como poderia eu sozinho encarregar-me de vós e levar o fardo de vossas contendas?

Escolhei, de cada uma de vossas tribos, homens sábios, prudentes e experimentados, que eu ponha à vossa frente.

Vós então me respondesses: é uma boa coisa o que nos propões.

Tome, pois, dentre vós, homens sábios e experimentados que pus à vossa frente como chefes de milhares de centenas, de cinquentenas e de dezenas e como escribas em vossas tribos.

Nesse mesmo tempo dei esta ordem aos vossos juízes: dai audiência aos vossos irmãos e julgai com equidade as questões de cada um deles com o seu irmão ou com o estrangeiro que mora com ele.

Não fareis distinção de pessoas em vossos julgamentos. Ouvireis o pequeno como o grande, sem temor de ninguém, porque o juízo é de Deus. Se uma questão vos parecer muito complicada, trá-la-eis diante de mim para que eu a ouça.

É assim que, naquele tempo, vos ordenei tudo o que devíeis fazer

O sistema tribal não atendia mais às necessidades do povo. Moisés propõe um novo sistema, mostrando que a finalidade principal do Governo é servir à população de uma nação, proporcionando uma fonte confiável e objetiva de arbitragem e Justiça.

A primeira coisa que Deus fez através de Moisés ao estabelecer um Governo, foi dar ao povo o direito e a autoridade de escolher. Deus não impôs a Sua vontade: ele deu ao povo de Israel o direito de escolher os seus líderes políticos; deu a autoridade de Governo ao povo ao dar o direito e a responsabilidade de escolher quem iria governá-los. Ele fez isto instituindo uma linha de autoridade que era de baixo para cima, diferentemente do sistema dos faraós que eles conheceram no Egito.

Devemos nos perguntar qual o motivo de Deus ter estabelecido um sistema de governo onde a autoridade fosse do povo.

O caráter de um líder político é importante e deve ser considerado pelo povo nas suas escolhas

Deus deu diretrizes que focalizavam o caráter, a sabedoria, e a reputação do líder. O povo era responsável por avaliar o caráter dos líderes aos quais iria conferir poder político, e então viver com as consequências dessas escolhas. Para que estes atributos de caráter fossem avaliados, os líderes tinham que ser conhecidos pelo povo e o povo tinha que determinar o que sábio e experiente significavam. O que faz um indivíduo ser respeitado? Como a sabedoria é demonstrada? O que significava ser compreensivo?

Representantes do povo

“… de cada uma de vossas tribos”. Deus enfatizou a importância da inclusão de todos nos processos políticos e judiciais. Eles não deveriam deixar nenhuma tribo sem representação.

Consenso

“Vós me respondesses: é uma boa coisa o que nos propões.”
Moisés constata que seu plano tinha o apoio da nação. Israel concordou em ser governada daquela maneira. Nem sempre foi assim. Após espiar Canaã na primeira vez, Israel decidira que não iria em frente. Ali o Governo não tinha consenso e não podia seguir adiante.

Jesus disse que: “Um reino dividido contra si mesmo será arruinado…”, ou seja, uma nação que tenha consenso possui um Governo mais estável. Uma nação sem consenso é uma nação enfraquecida. Um Governo que tenta impor suas decisões sobre o povo será menos estável com o passar do tempo, que um Governo que administra usando o consenso.

O Setor Jurídico

Todos os tribunais justos do mundo utilizam os Princípios de Justiça descritos aqui, inclusive a nossa Constituição:
Primeiro, os juízes deviam julgar justamente. Oferecer a mesma qualidade de justiça para qualquer pessoa, israelita ou estrangeiro. Deveria ser ‘cega’ quanto à nacionalidade, cor, ao sexo, crença ou à política.
No vs. 17 também julgar imparcialmente, sem fazer distinção entre ‘grande’ e ‘pequeno’. Todas as pessoas deveriam ser ouvidas. A Justiça pertence a Deus, e o juiz não deveria ter medo de homens – antes lembrar que eram responsáveis primeiramente diante de Deus. Moisés também mostrou que precisaria haver um sistema de apelação judicial. O sistema devia permitir outra audiência, em outra instância.
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No Novo Testamento, vemos em diversos momentos Jesus se pronunciar abertamente contra a hipocrisia dos fariseus, dos saduceus (na época, partidos políticos) e dos escribas (os intelectuais, que faziam as leis). Aliás, Jesus foi perseguido por Herodes e crucificado pelas mãos de Pôncio Pilatos, os governantes daquela época. Por quê? Por denunciá-los, por apontar-lhes o erro. Lembram-se disso? Vamos refrescar a memória:

Mateus 23

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante.

Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo.

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais cheios de roubo e de intemperança.

Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão.

Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os monumentos dos justos

e dizeis: Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos manchado nossas mãos como eles no sangue dos profetas...

Testemunhais assim contra vós mesmos que sois de fato os filhos dos assassinos dos profetas.

Acabai, pois, de encher a medida de vossos pais!

Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno?

Vede, eu vos envio profetas, sábios, doutores. Matareis e crucificareis uns e açoitareis outros nas vossas sinagogas. Persegui-los-eis de cidade em cidade,

para que caia sobre vós todos o sangue inocente derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o templo e o altar.

Em verdade vos digo: todos esses crimes pesam sobre esta raça.

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas... e tu não quiseste!

Pois bem, a vossa casa vos é deixada deserta.

Porque eu vos digo: já não me vereis de hoje em diante, até que digais: Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor.
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Enfim, João Batista morreu por denunciar o casamento ilícito de Herodes com Herodíades, mulher de seu irmão. Quantos padres e pastores há hoje, tais como João Batista, denunciando com todas as suas forças toda essa imoralidade? São verdadeiros PROFETAS, que sofrem perseguições e incompreensões inclusive por parte de seu próprio povo!

Com efeito, é coisa agradável a Deus sofrer contrariedades e padecer injustamente, por motivo de consciência para com Deus.

Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus.

Ora, é para isto que fostes chamados. Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os seus passos. (IPedro 2, 19-21)

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