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terça-feira, 20 de agosto de 2013

SIM, A PÍLULA DO DIA SEGUINTE É ABORTIVA

A Igreja Católica - como sempre e graças a Deus - orientando seus fiéis com segurança!


COMUNICADO SOBRE A “PÍLULA DO DIA SEGUINTE”

Como sabemos, foi posta à venda nas farmácias da Itália a denominada pílula do dia seguinte. Trata-se de produto químico (de tipo hormonal) que frequentemente tinha sido apresentado por muitos da área e pela mídia como um simples contraceptivo ou, mais precisamente, como um “contraceptivo de emergência”, que se usado dentro de um curto tempo depois de um ato sexual presumivelmente fértil, deveria unicamente impedir a continuação de uma gravidez indesejada.

As inevitáveis reações polêmicas daqueles que levantaram sérias dúvidas sobre como esse produto funciona, em outras palavras, que sua ação não é meramente “contraceptiva”, mas “abortiva”, receberam rapidamente a resposta de que tais preocupações mostravam-se sem fundamento, uma vez que a “pílula do dia seguinte” tem um efeito “anti-implantação”, assim sugerindo implicitamente uma clara distinção entre o aborto e a intercepção (impedimento da implantação de um ovo fertilizado, isto é, o embrião, na parede uterina).

Considerando que o uso deste produto diz respeito a bens e valores humanos fundamentais, a ponto de envolver as origens da própria vida humana, a Pontifícia Academia para a Vida sente a responsabilidade premente e a necessidade definitiva de oferecer alguns esclarecimentos e considerações sobre o assunto, reafirmando, além disso, as já bem conhecidas posições éticas sustentadas por precisos dados científicos e reforçadas pela Doutrina Católica.

1. A pílula do dia seguinte é um preparado a base de hormônios (pode conter estrogênio, estrogênio/progestogênio ou somente progestogênio) que, dentro de e não mais do que 72 horas após um ato sexual presumivelmente fértil, tem uma função predominantemente “anti-implantação”, isto é, impede que um possível ovo fertilizado (que é um embrião humano), agora no estágio de blástula de seu desenvolvimento (cinco a seis dias depois da fertilização) seja implantado na parede uterina por um processo de alteração da própria parede. O resultado final será assim a expulsão e a perda desse embrião.

Somente se a pílula fosse tomada vários dias antes do momento da ovulação poderia às vezes agir impedindo a mesma (neste caso ela funcionaria como um típico “contraceptivo”).

De qualquer forma, a mulher que usa esse tipo de pílula, usa pelo medo de poder estar em seu período fértil, e assim pretende causar a expulsão de um possível novo concepto; sobretudo não seria realista pensar que uma mulher, encontrando-se na situação de querer usar um contraceptivo de emergência, pudesse saber exatamente e oportunamente seu atual estado de fertilidade.

2. A decisão de usar o termo “ovo fertilizado” para indicar as fases mais primitivas do desenvolvimento embrionário não pode de maneira alguma conduzir a uma distinção artificial de valor entre diferentes momentos do desenvolvimento do mesmo indivíduo humano. Em outras palavras, se pode ser útil, por razões de descrição científica, distinguir com termos convencionais (ovo fertilizado, embrião, feto etc.) os diferentes momentos em um único processo de crescimento, nunca pode ser legítimo decidir arbitrariamente que o indivíduo humano tem maior ou menor valor (com a resultante variação da obrigação de protegê-lo) de acordo com seu estágio de desenvolvimento.

3. Portanto, é evidente que a comprovada ação “anti-implantação” da pílula do dia seguinte é realmente nada mais do que um aborto quimicamente induzido. Não é intelectualmente consistente nem cientificamente justificável dizer que não estamos tratando da mesma coisa. Além disso, parece suficientemente claro que aqueles que pedem ou oferecem essa pílula estão buscando a interrupção direta de uma possível gravidez já em progresso, da mesma forma que no caso do aborto. A gravidez, de fato, começa com a fertilização e não com a implantação do blastocisto na parede uterina, que é o que tem sido sugerido implicitamente.

4. Como resultado, a partir do ponto de vista ético, a mesma absoluta ilegalidade dos procedimentos abortivos também se aplica à distribuição, prescrição e uso da pílula do dia seguinte. Todos os que, compartilhando ou não a intenção, cooperam diretamente com esse procedimento, são também moralmente responsáveis.

5. Uma outra consideração deve ser feita com respeito ao uso da pílula do dia seguinte em relação à aplicação da Lei 194/78, que na Itália regula as condições e procedimentos para a interrupção voluntária da gravidez. Dizer que a pílula é um produto “anti-implantação”, em vez de usar o termo mais transparente “abortivo”, torna possível evitar todos os procedimentos obrigatórios requeridos pela Lei 194 a fim de interromper a gravidez (entrevista prévia, verificação da gravidez, determinação do estágio de crescimento, tempo para reflexão etc.), praticando uma forma de aborto que é completamente oculta e não pode ser registrada por nenhuma instituição. Tudo isso parece, então, estar em direta contradição com a aplicação da Lei 194, ela mesma contestável.

6. Finalmente, como tais procedimentos estão-se tornando mais disseminados, nós encorajamos fortemente a todos os que trabalham nesse setor a fazer uma firme objeção de consciência moral, o que gerará um testemunho prático e corajoso do valor inalienável da vida humana, especialmente em vista das novas formas ocultas de agressão contra os mais fracos e mais indefesos indivíduos, como é o caso de um embrião humano.


Cidade do Vaticano, 31 de outubro de 2000
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domingo, 4 de agosto de 2013

PROCURO UM PADRE


Raquel Nascimento Pereira


Procuro um Padre
Que tenha tempo para ouvir,
Que saiba dar bons conselhos,
Que me oriente para o bem.

Procuro um Padre
Fora das academias, fora das vaidades,
Fora das noitadas e fora de moda:
Um homem todo de Deus.

Procuro um Padre
Que vá de casa em casa
Um homem sem medos, sem inseguranças,
Um homem revestido da graça.

Procuro um Padre
Que me fale do amor de Deus,
Que me estimule quando estiver desanimado,
Que me sustente se eu cair.

Procuro um Padre
Que ame a Eucaristia mais que tudo
E que tudo deixe por Ela
E que tenha tempo de celebrá-la por mim.

Procuro um Padre
Que se doe acima de si mesmo,
Que não tenha preocupações mundanas,
Que seja íntimo do Senhor.

Procuro um Padre
Com as mãos estendidas,
Que me ensine a rezar, a amar,
Que me mostre o rosto de Deus.

Procuro um Padre
Que não engane e não se engane
Genuíno e verdadeiro sacerdote
Fiel à sua vocação.

Procuro um Padre
Que, antes de tudo, seja Padre
Até mesmo antes de si mesmo,
E me traga a PAZ!


Cura D'Ars
Rezemos pelos sacerdotes
e pelas vocações sacerdotais!
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quinta-feira, 11 de julho de 2013

PROTOMÁRTIRES ROMANOS

Por Vitaliano Mattioli
Em 29 de junho, a Igreja celebra os santos apóstolos e mártires, Pedro e Paulo, colunas de fundação da Igreja de Roma. Mas esta celebração ofusca a dos Protomártires Romanos celebrada no dia seguinte. Esta antiga festa mostra que a Igreja, desde o início, concedeu uma reverência especial àqueles que testemunharam com seu sangue a fé em Cristo.

Na verdade, os dois apóstolos não são um caso à parte, mas são as vítimas mais famosas desta perseguição. Não conhecemos os nomes dos Protomártires, mas sabemos que foi uma multidão. O Martirológio Geronimo (Sec. V), sustenta o número 979.

Isso aconteceu na época de Nero, que foi imperador de 54 a 68. Foi ele quem desencadeou no Império a primeira grande perseguição contra os cristãos, que durou cerca de três anos, de 64 a 67.

Como nos diz o historiador latino Cornélio Tácito em sua obra "Os Annales" (15, 44), Nero aproveitou a oportunidade do incêndio de 19 de Julho do ano de 64, que atingiu diversos quarteirões no centro de Roma, para se defender da acusação de ter causado o incêndio, ele acusou os cristãos. A partir daí, foi mais fácil incitar a população pagã contra os cristãos e desencadear a perseguição.

Tácito, pagão, que já não nutria simpatia por eles, manifesta uma concussão descrevendo as torturas a que foram condenados estes inocentes, simplesmente por aderirem à religião de um certo Cristo.

Estes fatos ficaram bem gravados na memória. No ano 95/96 o Papa Clemente em sua carta à comunidade de Corinto, refere-se à perseguição: “Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos Pedro e Paulo… A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande mutidão de eleitos que, vitimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade” (5, 3-5; 6, 1)

O Papa Gregório XIII deu ordem para compor uma ópera em memória dos mártires, intitulada "O Martirológio Romano", concluída em 1586. Esta recorda os Primeiros Mártires, referindo-se a descrição de Tácito: “Em Roma, celebra-se o natal de muitíssimos santos mártires que, sob o império de Nero, foram falsamente acusados do incêndio da cidade e por sua ordem foram mortos de vários modos atrozes: alguns foram cobertos com pêlos de animais selvagens e lançados aos cães para que os fizessem em pedaços; outros, crucificados e, ao declinar do dia, usados como tochas para iluminar a noite. Todos eram discípulos dos apóstolos e foram os primeiros mártires que a santa Igreja romana enviou a seu Senhor antes da morte dos apóstolos”.

O local era o Circo de Nero, que coincide com o lado esquerdo da atual Basílica de São Pedro e o pátio exterior. A pequena praça ao lado da sacristia hoje é chamada de "Praça dos Protomártires Romanos”.

O Papa Pio XI solicitou a Associação "Cultorum Martyrum" para colocar uma lapide em memória, com a seguinte inscrição: "Este lugar, antigamente casa e circo de Nero, hoje farol de luz para o mundo, conquistaram com sangue duce o apóstolo Pedro e os Primeiros Cristãos. Ascenso daqui para oferecer a Cristo as palmas do novo triunfo (27 de Junho 1923) ".

A palavra "mártir" em grego significa "testemunha" e foi amplamente usada em discursos judiciais. Durante as perseguições contra os cristãos indicou os homens que, com o sofrimento e a morte, se tornaram 'testemunhas' da fé em Cristo.

Cristo é o primeiro mártir e a sua Igreja por uma boa razão pode ser chamada de "Igreja dos Mártires".

Nas Constituições Apostólicas (Sec. IV), lemos: "Aquele que é condenado pelo nome do Senhor Deus é um santo mártir, é um irmão do Senhor, um filho do Altíssimo" (V, 2).

As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida. No século passado, o número de cristãos mortos por ódio à fé foi maior do que nos três primeiros séculos.

Com o tempo, o conceito de "testemunha" assumiu um significado mais amplo, como resultado das mudanças de atitude em relação à Igreja e à fé cristã.

Já S. Tomás de Aquino, afirma que deve ser considerado mártir, cuja morte que faz referência à morte de Cristo, aquele que defende a sociedade contra os ataques daqueles que querem corromper a fé cristã. (Cf. In IV Sent, Dist. 49, q. 5, a. 3).

Dom Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, declarou que mais de 100 mil cristãos são violentamente mortos a cada ano por sua fé. Outros, acrescentou, são obrigados a fugir, violentados, torturados ou sequestrados por causa de sua religião (Fonte Zenit, 13/5/29).

Ainda no século XXI, a Igreja é mártir. Os cristãos devem ser conscientes. Por esta razão, é importante retornar à carta acima mencionada do Papa Clemente: “Escrevemos isto, caríssimos, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combateremos o mesmo combate” (7,1). Sim, ainda hoje o cristão deve lutar, provavelmente em outras arenas, para ser sempre coerente com a sua fé.

A exortação de São Inácio, bispo de Antioquia, que foi martirizado em Roma no ano de 107 (alguns historiadores dizem 110) é extremamente relevante hoje. Em suas cartas enfatiza repetidamente que não basta se dizer cristão, é preciso dar provas disso também em nosso agir, ainda que custe a morte.

O Cardeal Camillo Ruini em sua “Lectio Magistralis”, realizada na Fundação 'Magna Carta', (Roma, 06 de maio de 2013) defendeu o direito de objecção de consciência, e acrescentou: "Não compete a uma maioria estabelecer o que é verdadeiro ou falso, nem o que é em si mesmo justo ou injusto. O jogo democrático não é a verdade sobre as coisas, mas apenas as regras comuns de comportamento. Aqueles que por razões de consciência, acreditam que não podem cumprir estas normas, é justo que tenham a possibilidade de objeção de consciência. Se as leis, nesse caso, não consentem tal objeção, poderá dar testemunho de suas convicções de forma mais cara, mas também mais forte, enfrentando as sanções previstas em lei. De fato, os objetores de consciência mais heroicos e eficientes foram e são os mártires cristãos das diversas épocas históricas".

A vocação ao martírio não é uma característica da Igreja dos primeiros séculos, mas é parte intrínseca de sua natureza.

Hoje, a reflexão do Cardeal Ruini é extremamente importante por estarmos vivendo em um clima ideológico de homologação da consciência. Quem coloca resistência é considerado um obstáculo ao progresso civil e por isso é eliminado da sociedade (de várias formas). O cristão autentico deve saber correr esse risco como fizeram os Protomártires Romanos.


domingo, 30 de junho de 2013

Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria

Raquel Nascimento Pereira


Algumas pessoas têm me perguntado o que eu acho acerca da “Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria” pedida por Nossa Senhora na sua aparição em Fátima, aos pastorinhos.

Eu não acho nada. Para isso existe a Congregação para a Doutrina da Fé, que orienta os fiéis da Igreja sobre todos os assuntos. E a conclusão a que chego – obediente à doutrina da Igreja e às suas orientações e observando os comentários de alguns católicos a respeito – é a seguinte:

No mesmo momento em que Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração, também pediu a devoção dos Cinco Primeiros Sábados, e ainda, que rezássemos o Terço diariamente e oferecêssemos penitências e sacrifícios em reparação às ofensas ao Seu Imaculado Coração, pela paz no mundo e pela conversão dos pecadores, porque, segundo Ela disse, “muitas almas irão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas”.

Muito bem. Estamos fazendo isto? Somos assíduos à devoção aos Cinco Primeiros Sábados? Rezamos o Terço diariamente? Oferecemos sacrifícios e penitências pela conversão dos pecadores, como Ela nos pediu? Se não estamos, então, antes de questionar a Igreja, questionemos primeiro a nossa postura como católicos: isto é HIPOCRISIA!

Entretanto, se estamos cumprindo direitinho o que Maria nos pediu através dos pastorinhos, vamos supor o seguinte: imagine que um dia você não pôde rezar o Terço, por algum motivo além da sua vontade, apesar de querer muito rezá-lo. Imagine que, no lugar do Terço, você ofereceu a Jesus, através de Maria, a sua vontade de fazê-lo, ou até a sua contrariedade, ou ainda, a sua aridez e tibieza. Será que Ela não aceitaria? Sendo assim, quem pode garantir que Deus não tenha aceitado a Consagração da forma como foi feita? Há alguém igual ou maior que Deus, que possa responder a esta pergunta com certeza absoluta?

O pensamento de Deus não é como o nosso pensamento. Para as coisas espirituais, o entendimento é espiritual. Se quisermos compreender as ações de Deus, precisamos da ação do seu Espírito, que se dá através da frequência amiúde aos sacramentos e de uma vida intensa de oração, e quanto mais intensa a oração, e quanto mais frequente a recepção aos sacramentos, tanto maior a sintonia com Deus e tanto mais compreendemos os mistérios divinos.

Hoje, em Medjugorje e em vários outros lugares no mundo onde Nossa Senhora se manifesta, Ela insiste na oração do Terço. Nunca mais Maria mencionou a Rússia em qualquer uma das suas aparições posteriores a Fátima. No entanto, volta e meia Ela reitera o seu pedido “Rezai o Terço pela conversão dos pecadores”. Por quê?  Ora, justamente porque a maioria dos católicos não o faz.

Portanto, se Ela ainda quisesse a Consagração da Rússia nos moldes como pediu - que a Consagração fosse feita com a união dos bispos no mundo inteiro - teria insistido. Mas não, Ela aceitou da maneira como o Papa fez. Imagino até que foi Ela quem o inspirou a forma de fazê-lo.

Talvez você se pergunte: “Mas por que Ela instruiu daquela maneira?” Claro, Maria sabe que a Igreja é atacada pela maçonaria de um lado e pelo comunismo ateu de outro. Isto todos nós sabemos, e é obvio que seja assim, pois a quem o demônio quer derrubar primeiro, senão a Igreja? Ela, mesmo ciente, pediu que o Papa reunisse os bispos do mundo inteiro para essa consagração. Ela fez mesmo assim, talvez para constrangê-los, para chamá-los à consciência, como quem diz: “Homens, Deus está vendo o que vocês fazem!”

Eu confio na Providência Divina, confio na ação do Espírito Santo e entendo que, se nem mesmo os papas João Paulo II e Bento XVI fizeram essa consagração “nos moldes” do pedido de Maria, é porque não encontraram unidade na Igreja, e Nossa Senhora sabe que é assim.

Se o Papa Francisco fará, quem saberia dizer? Talvez até o faça, mais para acalmar os ânimos dos católicos, pois creio que este gesto hoje, para Nossa Senhora, seria irrelevante.

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A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Nós somos apenas membros. Cristo é a Cabeça, ou seja, a Inteligência. Entendamos isso! E a Igreja só existe em função da nossa salvação. Por isso, a nossa obediência à Igreja deve ser integral. Se não compreendemos o porquê disto ou daquilo, é em função das nossas limitações, porque, nas questões de fé, a Igreja não erra, é o Espírito Santo em Pessoa quem a instrui, Ele, a Inteligência de Deus, a Comunicação entre Deus e os homens, muito mais aos consagrados! Ainda que seja constituída por pessoas – e não poderia ser de outra maneira -, quem a dirige é Jesus Cristo. É Ele o Sumo Sacerdote e foi dele a ideia de instituir a Igreja, com toda a sua economia, para a nossa salvação. Apesar dos maus sacerdotes, apesar dos grandes erros humanos, a salvação das almas que buscam a sua santificação não está - nem nunca esteve - comprometida.

É desta maneira, fiéis e obedientes à Igreja e aos Papas, que chegaremos todos à verdadeira conversão e santificação. Isto me faz lembrar Santa Tereza D’Ávila, que disse em seu LIVRO DA VIDA que, se obedecermos aos conselhos de um padre, ainda que esse padre esteja em pecado mortal, ainda que o conselho dele seja mau, se ainda assim o acatarmos e seguirmos à risca as suas orientações, Nosso Senhor tratará de ajeitar o nosso caminho, tendo em vista a nossa obediência. Jesus se agrada com a nossa obediência à Igreja e aos sacerdotes consagrados. Obediência à Igreja é uma oferta diária de flores a Maria.

Os santos videntes que tiveram a visão do céu, purgatório e inferno, dizem que os sacerdotes têm um lugar privilegiado nos céus e que Nossa Senhora se curva quando eles passam, porque é através dos padres que o Corpo e o Sangue do Verbo Encarnado são transubstanciados, tornando-se vida, para nossa salvação.

Ela é a Mãe da Igreja, Jesus é a Cabeça e os papas são os Chefes. Por mais mal que um Papa tenha feito à Igreja, estejamos certos de que a santificação do povo de Deus nunca foi prejudicada, em nenhum sentido, pois a Igreja nunca esteve largada à mão do inimigo. Nosso Senhor, pessoalmente, cuida dela. Ele é o Pastor que cuida das suas ovelhas, uma por uma. Mesmo que isto signifique perseguição e até a morte dos cristãos, a salvação da nossa alma está garantida: cristão não morre, vive para a vida eterna.


Por fim, supondo que a Irmã Lúcia como a conhecemos fosse fake, supondo que os Papas tenham ficado durante muitos anos à mercê das ações de bispos comunistas, supondo que todas as declarações que já ouvimos a respeito da tal Consagração sejam falsas, supondo que o Papa tenha sido obrigado a fazer como fez (como diz o livro "O derradeiro combate do demônio", do Padre Paul Kramer), ainda assim devemos crer que a Consagração do Mundo - e da Rússia, mesmo que de forma velada - ao Imaculado Coração de Maria foi, sim, aceita por Nosso Senhor. Deus não é como os homens, o pensamento de Deus não é como o nosso pensamento, Ele conhece todas circunstâncias e constrangimentos a que somos submetidos diariamente, perscruta os corações e sabe das reais intenções de cada pessoa. 

Portanto, firmemo-nos nesta fé! Sejamos obedientes ao Papa, o sucessor de Pedro, na certeza de que “As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja”. Façamos a nossa consagração pessoal a Maria, rezemos o Terço diariamente, ofereçamos penitências e sacrifícios pela conversão dos pecadores, pelo fim do comunismo e pela paz no mundo. Pratiquemos obras de caridade, de misericórdia. Evitemos as ocasiões de pecado, busquemos a Jesus Sacramentado, constantemente. Assim, seremos fortes e tornaremos o Corpo Místico de Cristo mais forte do que nunca. “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
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Sobre a Devoção aos Cinco Primeiros Sábados:
http://www.santuariofatima.org.br/devocaoprimeirossabados.htm

quarta-feira, 19 de junho de 2013

DOURANDO A PÍLULA

"Tomas Schuman, nome adotado depois da deserção da extinta União Soviética é, na realidade, Yuri Alexandrovitch Bezmenov (1939-1997), ex-agente de propaganda da KGB (serviço secreto da ex-URSS) e ex-funcionário da agência Novosti.

A palestra foi realizada na Summit University em Los Angeles, em 1983, e trata das estratégias e táticas aplicadas pela União Soviética em países-alvo visando a implantação do comunismo no planeta. Você não precisa se preocupar com a data e o tempo transcorrido, pois o seu conteúdo permanece mais atual do que nunca. Ele explica o que vem ocorrendo no mundo nas últimas décadas, e que continuará ocorrendo nas próximas.


Então, se você quer entender o que ocorre ao seu redor, sugiro que faça um esforço intelectual e um pequeno investimento de tempo. Garanto que não se arrependerá."




RESUMO
(Maria S. Pedrosa)

PRIMEIRO PASSO: DESMORALIZAÇÃO
A baderna vira a nova ordem, ninguém mais sabe o que é correto, o líder apoia a quebra das instituições tradicionais, sejam elas jurídicas ou estruturadas na cultura do povo.
Hoje a Dilma deu uma declaração que a voz das ruas ultrapassou as instituições tradicionais, jurídicas, políticas, entidades de classe, etc... 
A inversão de valores e a perda de referência são características marcantes desse período.

SEGUNDO PASSO: DESESTABILIZAÇÃO
É quando as relações se tornam radicais, o povo destrói as instituições e ninguém mais se entende. Acordo? Nem pensar. Pacto social? Esqueça, tudo está desestabilizado. 
Para isso vão fomentar o conflito entre héteros e homossexuais, negros e brancos, marido e mulher, jovem e idoso, e assim por diante. Pode levar muitos anos para que consigam desestabilizar um povo.

TERCEIRO PASSO: CRISE
Nada funciona, instituições deixaram de existir há tempos, acabou a ordem e a justiça, conflitos de toda ordem, muitas mortes e agora o que a população pede é um SALVADOR. 

QUARTO PASSO: NORMALIZAÇÃO
O novo governante agora descarta os idiotas úteis, feministas, homossexuais e outros grupos são descartados, eliminados, afinal perderam sua serventia e podem dar certa “dor de cabeça” ao novo governante. Agora, por meio da força militar, o Estado determina a ordem, a fim de reverter o processo de crise. Acaba a liberdade, uma nova ordem política entra em vigor, a democracia passa a ser uma palavra vazia e, para o governante, democracia é tudo aquilo que o partido permite.

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Só para esclarecer:
IDIOTA ÚTIL
No jargão político, idiota útil é um termo usado para descrever simpatizantes soviéticos em países ocidentais. A implicação é que, embora a pessoa em questão ingenuamente pensa ser um aliado soviético ou de outras ideologias, eles serão futuramente desprezados pelos soviéticos e estavam apenas sendo cinicamente usados.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Intruso

O demônio ronda a sua casa. Fica andando pelos jardins, espreitando entre portas e janelas. Ele quer um lugar para morar, e escolhe o conforto da sua casa. Seus filhos percebem os movimentos dele e comentam sobre ele com você, e então você explica para eles quem ele é e o que quer. Eles ficam com medo, mas confiam em você, e ajudam para que você o expulse dali para bem longe.

Ele vai, fica algum tempo afastado, mas volta, agora com aparência mais elegante e discreta. E então, passa a abordar seus filhos na escola, no trabalho, nas ruas... fazendo-lhes promessas, dizendo-lhes que, se abrirem a porta da casa para ele, poderá fazer muito mais do que você faz. Promete-lhes, inclusive, maravilhosos brinquedos, dinheiro sem trabalho, muitas distrações e até um alvará para que possam sair à noite fazer o que quiserem, sem que ninguém os condene.

Num belo dia – naqueles dias em que você está envolvido com o trabalho e o sustento de sua família – seus filhos autorizam a entrada do demônio na sua casa. Ele entra e logo de cara promove uma festa. Compra bebidas, drogas, traz mulheres de bordéis e muita diversão para seus filhos. Quando você chega e vê a confusão instalada na sua casa, chama-o e ameaça colocá-lo para fora. Mas seus filhos estão do lado dele. Ele já os seduziu com mulheres, muitos presentes, comidas gostosas fora de hora, programas proibidos... e seus filhos adoraram toda essa permissividade: “- Agora sim, a verdadeira felicidade mora conosco!”, dizem. E o demônio escarnece de você. De agora em diante, você percebe que o intruso é você.

Tem início uma temporada de dias difíceis. O demônio tomou posse da sua casa e, além disso, trouxe consigo alguns amigos. É uma desordem total. Discussões todos os dias: um dia são revistas pornográficas espalhadas pela casa; outro dia é o seu cartão de crédito que estoura; outro dia é aquela festa dos amigos de seus filhos, regada a bebidas e drogas, e tudo aquilo que você construiu durante tantos anos parece desmoronar em pouco tempo. Seus filhos ficam rebeldes e já não o atendem mais. A sua vida torna-se um inferno.
Então, seus filhos olham para você e dizem: “Nós todos estamos de acordo com o que ele diz e faz, nunca vivemos dias tão alegres. Você não nos deixava viver. Vivia nos proibindo isso e aquilo. Agora sim é que a nossa vida está boa, e se você não está gostando, saia!”, - e colocam você para fora da sua própria casa.

Você sai e procura apoio na Justiça. Chegando lá, os juízes dizem a você que seus filhos têm razão, e que você está cometendo crimes se não deixá-los livres para fazerem o que bem quiserem.  Você não se contenta com a resposta e procura seus filhos, tenta persuadi-los falando-lhes sobre o amor, sobre a paz, sobre como eram felizes quando estavam unidos... mas eles não querem  mais saber de você. Dizem que você é um velho, que você vive no passado e que você precisa rever seus valores.

Então você vira-lhes as costas e sai, e deixa que a casa caia por si. Um dia você voltará para juntar os caquinhos do que sobrou e reconstruir peça por peça, sabendo que nunca mais a sua casa será a mesma, será sempre uma casa reconstruída, reformada. Uma casa que um dia foi invadida, depravada e destruída em seus valores, mas que um dia - não se sabe quando - ganhará uma nova cor, pelo pincel das suas mãos.

Das coisas velhas, faz-se o novo, como aquele homem que "tira do baú coisas novas e velhas."

(Qualquer semelhança é mera coincidência.)
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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Livre para morrer, livre para viver... livre.


Por Raquel Nascimento Pereira

Há filósofos por aí que compreendem mais da vida do que o próprio Jesus Cristo. Sabem melhor que ninguém quando é que uma pessoa pode ser considerada pessoa, entendem sobre o homem e a mulher mais do que o próprio Criador. Sugiro que eles deixem as redes sociais de lado e escrevam as suas verdades num livro! Quem sabe alguém se converta às suas verdades filosóficas.
Jesus explicando as Escrituras à mulher samaritana
Jesus Cristo veio nos trazer a Revelação, a Boa Nova que nos mostra como as coisas são de fato, tanto no campo visível como no invisível. Ele nos disse que é UM com o Pai, e por isso cremos que Ele realmente é Deus e que, por isso, sabe das coisas. Todas as pregações de Jesus estão na Bíblia. Lá encontramos TUDO o que precisamos saber a respeito de qualquer assunto. Não precisamos procurar a Verdade aqui ou ali, nem mesmo nos santos Agostinho ou Tomás. Estes esmiúçam aquilo que Jesus já explicou com detalhes. Basta entrarmos em sintonia com o Senhor através da oração e, pela ação do Espírito Santo, estudar as Escrituras, refletirmos nela diariamente para conheceremos o caminho da verdadeira felicidade. Depois, é só andar por ele, com liberdade. Sim, porque este Caminho nos liberta!

Mas ninguém é obrigado a aceitar esta Verdade. Aceita quem quiser. Porém, a Verdade continua sendo Verdade, apesar de você crer ou não nela. E sob esta Verdade estão todas as criaturas do mundo, desde o começo dos séculos até o final dos tempos, mesmo que nunca tenham ouvido falar de Jesus Cristo. Por isso a necessidade da evangelização, pois a Revelação leva à Verdade, e a Verdade liberta.

Se você não crê em nada disso, o problema é todo seu – e põe problema nisso! A escolha é sua, ninguém vai empurrar as Escrituras pela sua goela abaixo. Escolha o que quiser para a sua vida. Mas depois não venha reclamar do sofrimento, da solidão, da indiferença, da tristeza, da falta de amor. Se você prefere caminhar do seu jeito, segundo as concepções pessoais que você tanto defende, aguente as consequências e não reclame. 

O caminho está aí, aberto para todos, mas a cada um é dada a liberdade de andar por onde quiser. EU escolhi ser feliz! Aqui e na eternidade.
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sábado, 30 de março de 2013

Detergente ou sabão?


Supondo que eu vá almoçar na sua casa. Então, ofereço-me para lavar a louça do almoço, e você me pede que eu use sabão de pedra. Eu lhe digo que com detergente é melhor, mas você insiste que eu use sabão de pedra. O que eu devo fazer?

Não preciso responder.

Mas, então me diga: por quê na Igreja você insiste em fazer as coisas COMO VOCÊ BEM ENTENDE, sem se importar com as Regras da Casa?
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Quem administra uma Paróquia é o Pároco. Ponto. Nós podemos - e devemos - ajudá-lo nas atividades litúrgicas e administrativas, mas com a humildade suficiente para compreendermos que ali existe uma autoridade que deve ser respeitada. Devemos somar com os demais, e não causar divisões.

Por sua vez, o Pároco deve prestar contas das suas ovelhas ao Bispo e a Deus. Se você acha que ele está fazendo algo errado, converse com ele. Converse COM ELE, e não com os outros, e fale o que você pensa. Mas fale com humildade, sabendo que a decisão final é dele, assim como a responsabilidade por tudo o que acontece ali, especialmente o pastoreio daquele rebanho.

Quem comanda a Igreja é o Espírito Santo. Cristo é a Cabeça a Igreja, e nós, os membros. E Maria é a Mãe da Igreja. Portanto, a Igreja não está entregue às traças. Há uma supervisão espiritual, um cuidado especialíssimo de Jesus Cristo, que a instituiu e nela está presente durante todo o tempo.

- Como o Espírito Santo pode comunicar a vontade de Deus a nosso respeito? Falando aos nossos ouvidos?
- Não. O Espírito nos fala através do seu Ungido, o Sacerdote. Saiba que na Igreja nada acontece por acaso, tudo tem o seu propósito, e não será VOCÊ quem mudará isso.

Por fim,
- se você não concorda com o que o seu Pároco faz,
- se você já falou com ele sobre isso,
- se não houve acordo,
em vez de criticá-lo para os outros, vá para outra paróquia.

Não seja motivo de discórdia e desuniões.
Não dê trabalho para Jesus.
Não seja uma pedra no sapato do seu Pároco,
- mas um braço direito onde ele possa se apoiar.

Santa Tereza D'Avila disse, em seu Livro da Vida, que, se um Padre lhe der algum conselho errado, e que você, mesmo achando um absurdo, acatar o seu conselho de coração aberto, Jesus abençoará tudo o que você fizer, só pelo fato de você ter sido OBEDIENTE a um Sacerdote, que está ali em nome de Cristo.
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quinta-feira, 21 de março de 2013

Oração pelo Papa

Ó Jesus, Rei e Senhor da Igreja: renovo, na vossa presença, a minha adesão incondicional ao vosso Vigário na terra, o Papa. Nele, quisestes mostrar o caminho seguro e certo que devemos seguir, em meio à desorientação, à inquietude e ao desassossego. Creio firmemente que, por meio dele, vós nos governais, ensinais e santificais, e que, sob o seu cajado, formamos a verdadeira Igreja: una, santa, católica e apostólica.

Concedei-me a graça de amar, viver e propagar, como filho fiel, os seus ensinamentos. Cuidai de sua vida, iluminai a sua inteligência, fortalecei o seu espírito, defendei-o das calúnias e da maldade. Aplacai os ventos erosivos da infidelidade e da desobediência, e concedei que, em torno a ele, a vossa Igreja se conserve unida, firme na fé e nas obras, e seja assim o instrumento da vossa redenção. Assim seja.

sexta-feira, 8 de março de 2013

A MORTE DE LUTERO


Lutero morreu no dia 18 de fevereiro de 1546, às 2h45 de uma quinta-feira,  numa manhã muito fria em Eisleben, cidade onde nasceu a 10 de novembro de 1483. Tinha, portanto, 63 anos de idade. Na véspera de sua morte, tomou em sua mão um giz e escreveu na parede aquele conhecido verso: “Pestis eram vivus; moriens ero mors tua, papa.” – “Em vida fui tua peste; morto, serei tua morte, ó papa.”

O cadáver ficou durante todo o dia 18 na casa do Dr. Drachstedt. No dia 19, sexta-feira, pouco depois do meio-dia, foi levado em procissão, ao toque dos sinos de todas as igrejas, para a paróquia principal de Santo André, para as últimas homenagens. Lá foi velado durante a noite por dez homens. Na tarde desse dia (19 de fevereiro), veio a ordem de que o cadáver de Lutero fosse transladado a Wittenberg. Na manhã do dia 20, antes da comitiva fúnebre  pôr-se em movimento, M. Coelius fez alocução, exaltando o Reformador, novo profeta da Igreja, narrando com detalhes todas as circunstâncias de sua morte.

Entre meio-dia e uma hora, enquanto os sinos das igrejas soavam fúnebres, uma carruagem aproximou-se da igreja de Santo André, na qual, entre cantos litúrgicos, colocaram o ataúde, e puseram-se em movimento. Algumas pessoas acompanharam o cortejo até certa altura. Dois jovens condes e outros quarenta ginetes fizeram a escolta do defunto.

O cortejo parava em quase todas as aldeias. O povo queria ver Lutero pela última vez. Chegando a Halle na mesma tarde do dia 20, depois das cinco horas, encontraram crianças de escolas com seus professores, o que obrigou o carro fúnebre a deter-se mais uma vez. O corpo foi levado até a igreja de Nossa Senhora, onde foi velado durante a noite. Na manhã seguinte, que era domingo, pelas seis horas, sob o sonoro badalar dos sinos de todas as igrejas, a comitiva retomou a viagem.

O cortejo seguiu de Halle até Bitterfeld, e dali até Kemberg, onde passaram a noite.  Por fim, no dia 22 de fevereiro de 1546, segunda-feira de manhã, teve lugar a majestosa entrada em Wittenberg, pelas 9 da manhã. O povo acorreu em massa. Prepararam solene recepção, mas, nessas alturas, era tão forte a putrefação do cadáver, apesar do rigor do inverno, que não permitiram que o caixão baixasse da carruagem. Foi então transportado diretamente até a capela do castelo de Wittenberg, onde se preparou a sepultura junto à do príncipe Frederico.

Precisamente naquele dia 22 de fevereiro – como notou Grisar – celebrava-se em todo o mundo católico a festividade da Cátedra [1] de São Pedro e, nas Basílicas de Roma, assim como nas demais igrejas da cristandade, se cantava a grande promessa de Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt 16, 18).

Do livro Martín Lutero, García-Villoslada, BAC, Madrid 1976 
Tradução: Mons. Estanislau Polakowski
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[1] Cátedra: Os antigos romanos tinham o costume de, no dia 22 de fevereiro, honrar a memória dos mortos comendo ao redor de sua cátedra – cadeira reservada ao morto para significar que estava presente no banquete. A partir do século IV, os cristãos começaram a honrar uma cátedra muito mais espiritual: a de Pedro, Chefe da Igreja de Roma.

quinta-feira, 7 de março de 2013

É possível um relativismo absoluto?


Reflexões sobre o atual ateísmo relativista

Em um texto anterior[i] (veja neste blog), nos perguntávamos se fosse possível conciliar o relativismo e o ateísmo. E víamos que, segundo três famosos ateus (Nietzsche, Adorno e Horkheimer) o ateísmo, ao negar a origem do conhecimento e ao tomar como verdade a inexistência de Deus, cai numa contradição insuperável[ii]. De fato, quem nega a existência da verdade, não poderia coerentemente afirmar que Deus não existe. Entretanto, sabemos que há quem se esforce muito por conciliar relativismo e ateísmo, colocando um ateísmo indiscutível e dogmático como fundamento do relativismo e construindo um sistema de pensamento no qual se parte da negação de Deus e, a partir dessa verdade quase “divina”, afirma-se um relativismo moral e cognitivo radical.

Um pensador que colocou em íntima relação o ateísmo com o tema da verdade foi F. Nietzsche, autor que se considerava «ateu por instinto». De fato, seu ateísmo voluntarista tinha como consequência a afirmação de um forte relativismo e a verdade era considerada como «um exército de metáforas, metonímias», «ilusões das quais se esqueceu a sua natureza ilusória», «moedas nas quais as imagens foram consumidas»[iii]. Em outro texto famoso, ele fazia uma interessante observação: «receio que não possamos nunca afastar-nos de Deus porque ainda acreditamos na Gramática»[iv]. Desse modo, o ateísmo radical deveria conduzir a uma sociedade sem ciências, sem explicações últimas, na qual o homem só seria capaz de conhecer seus próprios estados de ânimo. Porém, tudo isso parte de uma afirmação com valor de verdade absoluta: «Deus morreu, Deus continua morto, nós o matamos»[v]. O “teomicídio” seria, pois, o ato supremo de uma vontade que busca uma autonomia absoluta, e não de uma demonstração racional. E aquele gesto traria consigo um relativismo radical, mas não certamente absoluto.

É certo que hoje muitos pensam que o relativismo seja o fundamento do ateísmo, mas isso se deve a um modo superficial de examinar o problema. Se o relativismo é total, se não há nenhuma verdade, jamais pode ser verdade que Deus não exista. De modo que, surpreendentemente, o ateísmo mesmo coloca limites ao relativismo. Em outras palavras, pode existir um ateísmo relativista, ou seja, um ateísmo a partir do qual se deduz o relativismo, mas não um relativismo ateu.

Então, é impossível um relativismo absoluto? Coloquemos de outro modo a questão: pode ser verdade que não existe nenhuma verdade? Só há duas respostas possíveis: “sim, é verdade que não existe nenhuma verdade”. Ora, quem diz isso, assume, talvez inconscientemente, que há alguma verdade; e se alguém disser “não, não pode ser verdade que não exista a verdade”, certamente estaria usando melhor a sua razão e teria encontrado a resposta lógica. De modo que, com uma resposta ou outra, a conclusão é sempre a mesma: não pode existir um “relativismo absoluto”, a verdade sempre faz parte do nosso pensamento e discurso.

A consequência disso é, que por incrível que pareça, o relativismo só pode ser relativo, uma vez que só pode ser parcial. Isso porque é sempre necessário aceitar que há alguma verdade, que algo pode ser conhecido. Certo tipo de relativismo pode ser aceito para as opiniões, que são afirmações de algo pouco fundamentado, de modo quando se opina se há receio de que a afirmação contrária seja a verdadeira. Mas nem tudo na nossa comunicação é simples opinião.

Aristóteles dizia que como a verdade é uma realidade primeira do nosso pensamento, quem nega a verdade, afirma a verdade. Ou seja, quem nega que ela exista, sabe já o que ela seja e supõe que é verdade a sua não existência, o que é uma contradição em termos. Outro modo de fugir ao compromisso com a verdade seria assumir a posição cética, ou seja, aquela postura de certos pensadores que dizem não ser possível nem afirmar, nem negar a verdade. Quem assume essa posição, certamente se livra da linguagem e da “Gramática”, mas isso traz consigo uma consequência nefasta: não negar nem afirmar algo, faz o ser humano se tornar semelhante a uma planta, com quem não é educado discutir.

O relativismo só pode, pois, ser relativo, ou seja, só pode ser aplicado a algumas afirmações e nunca a todas. A verdade não pode jamais ser excluída da vida e da linguagem humana, a menos que alguém se conforme em viver como uma planta. F. Nietzsche só pôde dizer que a verdade é «um exército de metáforas», uma «ilusão», uma moeda sem valor porque sabia perfeitamente o que é uma metáfora, uma ilusão, uma moeda com valor. Negar a verdade implica sempre aceitar a verdade, assim como negar Deus implica pressupor a sua existência.
Então, temos que colocar agora a incômoda questão: afinal de contas, o que é a verdade? Platão dizia que «verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são, falso o que diz como as coisas não são»[vi]. E Aristóteles afirmou algo tão simples quanto essencial: «Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade»[vii]. A verdade se dá quando o nosso discurso expressa o que as coisas realmente são.

Em que sentido então pode ser aceito o relativismo? Já iniciamos aqui a resposta, mas a aprofundaremos numa outra ocasião. O que importa agora é deixar clara a conclusão a que chegamos: o relativismo não pode ser absoluto, só pode ser, por incrível que pareça, relativo.

Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.
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[ii] M. HORKHEIMER e Th.ADORNO, Dialettica dell’illuminismo, Einaudi, Torino 1966, p. 125: «Percebemos “que também os não conhecedores de hoje, nós, ateus e antimetafísicos, alimentamos ainda o nosso fogo no incêndio de uma fé antiga dois milênios, aquela fé cristã que era já a fé de Platão: ser Deus a verdade e a verdade divina”. Sendo assim, a ciência cai na crítica feita à metafísica. A negação de Deus implica em si uma contradição insuperável, enquanto nega o saber mesmo».
[iii] Cfr. F. NIETZSCHE, Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, ed. Hedra, São Paulo 2007.
[iv] Cfr. IdemCrepúsculo dos Ídolos, ed. Companhia das Letras, São Paulo 2006.
[v] IdemA Gaia ciência, ed. Hemus, Curitiba 2002, p. 134.
[vi] PLATÃO, Crátilo 385 b; cfr. também Sofista, 262 e
[vii] ARISTÓTELES, Metafísica, IV, 7, 1011 b 26 e segs.
(28 de Janeiro de 2013) © Innovative Media Inc.


O Ateísmo é uma escolha racional?


Três famosos ateus respondem


A pergunta que colocamos aqui deve ser bem entendida: não perguntamos se os ateus são racionais, coisa que seria absurda; nem mesmo perguntamos se os ateus são inferiores aos teístas, ou se a crença em Deus “não necessariamente torna uma pessoa melhor”, como apareceu numa recente pesquisa no Brasil[1]. O que questionamos agora é se o ateísmo, como sistema de pensamento, seja coerente. Mais precisamente, nos perguntamos se é sensato afirmar a não existência de Deus e contemporaneamente o relativismo. Poderia ser verdade que não haja nenhuma verdade e, ao mesmo tempo, ser verdade que Deus não existe?

Talvez haja quem pense que a questão aqui proposta seja absurda. E pode vir à mente do leitor a recordação do jovem Ivan, personagem de Irmãos Karamázov, que defendia que se Deus e as religiões não existissem, tudo passaria a estar permitido. Aquele personagem manifestava assim o desejo de uma liberação: ao livrar-se da crença em Deus, o homem ficaria livre de todo dogmatismo, tanto teórico, quanto moral. A negação de Deus traria o fim da “lei natural” e do dever de amar o mundo e ao próximo. A mesma liberação quis experimentar F. Nietzsche ao declarar a morte de Deus, ou melhor, ao dizer que os homens o haviam assassinado. De modo que para eles a negação ou “morte” de Deus não estaria fundamentada no relativismo, mas seria a origem mesma do relativismo. A afirmação da não existência de Deus seria uma escolha, algo indiscutível e impossível de ser demonstrado a partir de verdades anteriores. E aceitá-lo seria assumir a crença num novo dogma que faria desmoronar todos os demais dogmas. O ateísmo fundaria assim o relativismo na moral e no conhecimento humano.

Embora isso seja claro, é comum pensar que o relativismo funde o ateísmo; que as pessoas que não aceitam Deus, fazem-no porque não querem aceitar a existência da verdade, à qual deveriam se submeter. Isso é um absurdo. O ateísmo parte de uma afirmação que tem valor de verdade absoluta: Deus não existe. Se essa afirmação não fosse tomada pelos ateus como verdade, eles simplesmente deixariam de ser ateus. O relativismo para eles se dá somente nas “verdades” inferiores e todos deveriam se submeter ao imperativo único da nova moral: é proibido estabelecer regras morais.

O interessante é que F. Nietzsche e outros conhecidos filósofos ateus reconheceram que afirmar o relativismo cognoscitivo e o ateísmo é, em si mesmo, contraditório. O motivo seria que o relativismo implica a afirmação da não existência de verdades absolutas; mas isso se funda, por sua vez, numa verdade absoluta: a não existência de Deus.

Sendo assim, a afirmação da não existência de Deus implica a afirmação da sua existência. Outros pensadores ateus que perceberam bem as contradições do ateísmo contemporâneo foram M. Horkheimer e Th. Adorno. De fato, eles diziam numa obra conjunta, A Dialética do Iluminismo, citando a Nietzsche: «Percebemos “que também os não conhecedores de hoje, nós, ateus e antimetafísicos, alimentamos ainda o nosso fogo no incêndio de uma fé antiga dois milênios, aquela fé cristã que era já a fé de Platão: ser Deus a verdade e a verdade divina”. Sendo assim, a ciência cai na crítica feita à metafísica. A negação de Deus implica em si uma contradição insuperável, enquanto nega o saber mesmo»[2].

Esses autores, ateus e relativistas, que se reconhecem como “não conhecedores e antimetafísicos” alimentam a verdade de sua fé ateia naquela cristã, já presente em Platão: a fé na existência da verdade divina. De modo que só pode afirmar a não existência de Deus, quem aceita que há uma verdade absoluta, divina. Em outras palavras, só pode negar a Deus quem previamente o afirma. Por isso, o ateísmo, ao negar a Deus e a verdade das coisas (que é sempre relativa ao sujeito que a conhece e é progressiva), reivindica para si mesmo o caráter absoluto, próprio do mesmo Deus[3], estabelecendo assim um novo dogmatismo. Portanto, o ateísmo não existe; nada mais é do que uma espécie de idolatria que consiste no colocar-se a si mesmo e as próprias convicções pessoais, por mais contraditórias que possam ser, no lugar de Deus, o único que garante toda a verdade. 
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Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.
[1] Fonte: 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1206138-tendencia-conservadora-e-forte-no-pais-diz-datafolha.shtml
[2] Cfr. F. NIETZSCHE, La gaia scienza, Mondadori, Milano 1971, p. 197; M. HORKHEIMER e Th.ADORNO, Dialettica dell’illuminismo, Einaudi, Torino 1966, p. 125.
[3] Para a elaboração do presente texto me foram úteis as reflexões presentes em: U. GALEAZZI, Il coraggio della ragione. Tommaso d’Aquino e l’odierno dibatitto filosofico, Armando, Roma 2012, pp. 22-38.

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