Deus, nosso Criador, é o Criador também do Tempo. Ele o criou naqueles dias em que fez a noite e o dia, a lua e as estrelas e deu órbita aos planetas. O Tempo é que nos dá condições, através da nossa inteligência, de organizar a nossa vida e assim crescer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos e interagir com os nossos irmãos pelas virtudes da fé, da esperança e do amor, para a nossa subsistência e para a finalidade principal que é santificação de todos, na subida dos degraus da perfeição a caminho da eternidade. Sim, Deus nos criou para a eternidade.
Fomos criados para a santidade, à Sua imagem, e livres. Porém, tão logo nos demos conta dessa liberdade, entregamo-nos ao pecado, ao orgulho de sermos donos de nosso próprio nariz, e passamos a comandar a nossa vida do nosso jeito, esquecendo-nos do nosso Criador. Ele nos criou para a vida, e nós escolhemos a morte.
Em diversos Tempos da História, Deus, vendo que cavávamos a nossa própria sepultura, tentou nos avisar “como a coisa funciona” enviando-nos inúmeros profetas para nos explicar, mas não adiantou muito. O nosso pecado não nos deixava ver nem compreender como essa subida aos céus era possível, e nem de que maneira isso acontecia.
Então Deus concluiu que era preciso tirar o pecado do mundo. Ele queria se comunicar com os homens, queria estar no meio deles, mas o nosso pecado era um entrave, um obstáculo que nos separava do Criador. Para eliminar de vez esse pecado que tanto nos atormenta e que tanta destruição traz às criaturas, Ele teve uma brilhante ideia: desceu à Terra, em Pessoa, como quem diz: “Eu vou ver isso in loco”.
Assim, Deus se fez carne e habitou entre nós. Ele, o Verbo, o Autor da Criação, se fez homem, e da maneira mais independente possível. Não precisou de muita coisa. Apenas uma estrebaria, um homem e uma Mulher, que fora criada por Ele mesmo para esta única finalidade: ser Mãe de seu Filho, Mãe do Verbo Encarnado, a Sua Mãe. Para este fim Ele a criou sem pecado, Imaculada.
E assim nasceu Jesus Cristo, dentro do Tempo e da História. Sendo Deus, humilhou-se e nasceu em tudo semelhante ao homem, menos no pecado. Cresceu, aprendeu, leu, observou, estudou, conheceu as pessoas de perto, viu as suas limitações, visitou as famílias, chorou pela morte de seu amigo Lázaro – pois a morte não estava no Seu projeto -, e foi explicando a todos, de várias maneiras e tim-tim por tim-tim, como é que “a coisa funciona”. Percebeu que o pecado nos obscurecia o entendimento, e teve bastante dificuldade em se fazer entender.
Jesus – que é Deus -, ao ver que o pecado havia tomado conta de todos, teve compaixão e se ofereceu pela redenção de cada um. Ele, o Senhor do Tempo, resolveu dar a sua vida, de uma vez por todas, levando consigo o pecado da humanidade. Porém, Ele percebeu que a maioria das pessoas não aceitava a sua proposta. O pecado ficara tão encalacrado nas almas a ponto de deformá-las, tornando-as até inimigas de seu Criador.
Mesmo assim Ele não desistiu. Institui a sua Igreja, para que ela fosse a continuadora da propagação da Boa Nova e também para que Ela O revelasse, sempre em tempo presente, e assim encerrou a Sua vida numa Cruz, no Tempo e na História. Ali Ele completou a obra da salvação, oferecendo-se pela redenção da Humanidade. Como Ele é o Senhor do Tempo, a sua Paixão, Morte e Ressurreição valeram de uma vez só para a salvação de todos, desde a criação do mundo até a consumação dos séculos, ou seja, pelos meus antepassados e todos meus netos, bisnetos, até o final dos tempos.
Ele se foi, mas deixou na Sua Igreja o seu Corpo e Sangue em forma de pão e vinho, à disposição de quem O quiser encontrar. Ele, o Senhor do Tempo, quis assim “entrar” na alma de cada uma de suas criaturas, e a partir dali, iniciar um trabalho de purificação, a fim de retomar o diálogo e fazer das suas criaturas pontos de Luz aos demais, para que, no final das contas, todos alcancem a salvação proposta e cheguem, enfim, à vida eterna para a qual foram criados.
Assim, Deus deu o seu único Filho pela redenção da humanidade. Dentro do Tempo e da História, morreu na Cruz pelos pecados de todos.
Este mesmo Deus que nasceu no Tempo e na História, e que é o Senhor do Tempo, é o mesmo que nasce neste dia 25 de dezembro de 2011. Não que Ele nasça “novamente”, mas o seu nascimento é perene e acontece a cada minuto, desde aquele dia em Belém. A cada Natal, Jesus “nasce” novamente no meu e no seu coração, pela ação litúrgica da Igreja no Tempo do Natal. Somente a Sua Igreja pode tornar possível este mistério. Nenhum homem conseguiria tamanha proeza!
Por isso, meus caros amigos, o Natal é um acontecimento histórico passado e, ao mesmo tempo, presente. Através da Igreja o nascimento do Menino Jesus se atualiza na vida de cada um de nós. Se tivéssemos olhos para ver através do Tempo, poderíamos contemplar o nascimento real de Jesus HOJE, e, como os reis magos, ajoelharmo-nos diante da Sua Presença, em adoração e ação de graças.
Com os olhos da fé, dobremos a nossa cerviz diante do humilde Senhor, tão frágil numa manjedoura: é o Deus vivo e verdadeiro que nasce para nos dar a vida, e vida em abundância!
Um Feliz Natal a todos!
Raquel
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